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ID
5386627
Banca
VUNESP
Órgão
PM-SP
Ano
2021
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

À proporção que alguns locatários abandonavam a estalagem, muitos pretendentes surgiam disputando os cômodos desalugados. Delporto e Pompeo foram varridos pela febre amarela e três outros italianos estiveram em risco de vida. O número dos hóspedes crescia, os casulos subdividiam-se em cubículos do tamanho de sepulturas, e as mulheres iam despejando crianças com uma regularidade de gado procriador. Uma família, composta de mãe viúva e cinco filhas solteiras, das quais destas a mais velha tinha trinta anos e a mais moça quinze, veio ocupar a casa que Dona Isabel esvaziou poucos dias depois do casamento de Pombinha.

Agora, na mesma rua, germinava outro cortiço ali perto, o “Cabeça-de-Gato”. Figurava como seu dono um português que também tinha venda, mas o legítimo proprietário era um abastado conselheiro, homem de gravata lavada, a quem não convinha, por decoro social, aparecer em semelhante gênero de especulações. E João Romão, estalando de raiva, viu que aquela nova república da miséria prometia ir adiante e ameaçava fazer-lhe à sua perigosa concorrência. Pôs-se logo em campo, disposto à luta, e começou a perseguir o rival por todos os modos, peitando fiscais e guardas municipais, para que o não deixassem respirar um instante com multas e exigências vexatórias; enquanto pela sorrelfa* plantava no espírito dos seus inquilinos um verdadeiro ódio de partido, que os incompatibilizava com a gente do “Cabeça-de-Gato”. Aquele que não estivesse disposto a isso ia direitinho para a rua, “que ali se não admitiam meias medidas a tal respeito! Ah! ou bem peixe ou bem carne! Nada de embrulho!”.


AZEVEDO, Aluísio. O Cortiço, 1890. Disponível em: http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000015.pdf. Acesso em 27 jul. 2020.

* sorrelfa: dissimulação silenciosa para enganar ou iludir.

Assinale a opção que apresenta, em destaque, um vocábulo formado por derivação imprópria e outro formado por derivação prefixal, respectivamente.

Alternativas
Comentários
  • derivação imprópria ou conversão refere-se ao processo de formação de uma nova palavra a partir da mudança de classe gramatical. Por se tratar de alterações semânticas, a Língua Portuguesa utiliza a expressão “imprópria” para especificar esse novo termo. 

    De forma objetiva podemos dizer que a derivação imprópria ocorre quando utilizamos uma mesma palavra em diferentes contextos, pois elas passam a apresentar outros significados.

    Preste atenção nas frases a seguir:

    • João é o aluno mais alto da turma. 

    "Alto" nesse contexto assume o papel de adjetivo, pois atribui uma característica ao sujeito.

    • A professora falava muito alto durante as aulas. 

    Já nessa frase, a palavra "alto" é classificada como , pois modificou o sentido do verbo “falava”. Acompanhada do termo “muito”, expressou a ideia de intensidade.

    fonte: https://www.educamaisbrasil.com.br/enem/lingua-portuguesa/derivacao-impropria

  • GABARITO E

    Derivação Imprópria: Quando uma palavra muda de classe gramatical dentro do contexto

    Partido-> Coração partido ou Ele havia partido o queijo

    IN compati BILIZAVA

    prefixo - - sufixo

  • Derivação prefixal → acréscimo de prefixo à palavra primitiva.

    Exemplos: desleal, inapto, infeliz, subsolo, retroagir, etc.

    Derivação sufixal → acréscimo de sufixo à palavra primitiva.*

    Exemplos: lealdade, deslocamento, felizmente, idiotismo, etc.

    Derivação prefixal e sufixal → acréscimo de prefixo e sufixo à palavra primitiva.

    - os afixos independem um do outro.

    - NÃO há necessidade de acréscimo simultâneo de prefixo e sufixo para formar palavra.

    Exemplos: Deslealdade - existe desleal; existe lealdade;

    Infelizmente - existe infeliz; existe felizmente;

    Desonestidade - existe desonesto; existe honestidade;

    Derivação parassintética → forma-se palavra pela anexação de prefixo e sufixo à palavra primitiva.

    - o acréscimo de prefixo e sufixo deve se dar de forma SIMULTÂNEA.

    - relação de dependência entre prefixo e sufixo.

    Exemplos: Anoitecer - não existe anoite; não existe noitecer.

    Emagrecer - não existe emagro; não existe magrecer.

    Engaiolar - não existe engaiola*; não existe gaiolar.

    Derivação regressiva → palavra se forma a partir de uma redução da palavra primitiva.

    - substantivos abstratos derivados a partir de verbos.

    Exemplos: Cantar -Ar – canto

    Roubar – Ar – roubo

    Vender – Er - venda

    Derivação impropria → quando determinada palavra, sem sofrer qualquer acréscimo ou supressão em sua forma, muda de classe gramatical.

    - Os adjetivos passam a substantivos

    Exemplos: Os bons serão contemplados. O termo “bons”, fora de contexto, é um adjetivo; na frase, foi empregado como substantivo.

    - Os particípios passam a substantivos ou adjetivos

    Aquele garoto alcançou um feito passando no concurso.

    - Os infinitivos passam a substantivos

    Exemplos: O andar de Roberta era fascinante.

    O badalar dos sinos soou na cidadezinha.

    - Os substantivos passam a adjetivos

    Exemplos: O funcionário fantasma foi despedido.

    O menino prodígio resolveu o problema.

    - os adjetivos passam a advérbios

    Exemplo: Falei baixo para que ninguém escutasse.

    - Palavras invariáveis passam a substantivos

    Exemplo: Não entendo o porquê disso tudo.

    - substantivos próprios tornam-se comuns.

    Exemplo: Aquele coordenador é um caxias! (chefe severo e exigente)