- ID
- 5393773
- Banca
- CETAP
- Órgão
- Prefeitura de Ananindeua - PA
- Ano
- 2019
- Provas
- Disciplina
- Português
- Assuntos
Leia o texto e responda o que se pede no comando da questão.
Álcool tipo exportação
Ao adotar nova legislação sobre a mistura do etanol à
gasolina, a China anima os produtores brasileiros a vender o
biocombustívellá fora.
A ambição de emplacar o etanol como base da matriz
energética brasileira é antiga e remonta ao primeiro governo de
Getúlio Vargas, quando foi criado o já extinto Instituto do Açúcar |
e Álcool. Desde então - e lá se vão 86 anos-, os discursos sem- .
pre se fizeram acompanhar de uma generosa dose de otimismo, |
mas nunca passaram disso. Emjunho de 2008, na esteira de um
programa do BNDES de subsídio ao setor, o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva anunciou que o Brasil se tornaria a Arábia
Saudita verde.
O atual governo também marcou posição no assunto no
fim de setembro, quando o presidente Jair Bolsonaro, em uma de
suas lives no Facebook, deixou o diretor de biocombustíveis do
Ministério de Minas e Energia, Miguel Ivan Lacerda, bradar que o
país tem hoje o “maior programa de descarbonizaçãoede transição energética do mundo”. Assertivo, o presidente corroborou:
“O Brasil está preocupado com a questão ambiental e faz a sua
parte”. Para além da retórica oficial, o etanol, que nunca passou
de um coadjuvante do petróleo, tem finalmente a chance de
alcançar um inédito papel entre as exportações do país. E tal
ascensão se deverá à China.
O gigante asiático aprovou recentemente uma legislação que determina que sejam misturados 10% de etanol na gasolina consumida no país, a chamada E10, a partir de 2020, com o
intuito de reduzir as quantidades de gases poluentes no ar. Os
chineses são os maiores emissores de CO2 do mundo esignatários do Acordo de Paris, firmado em 2015 com o intuito de conter o aquecimento global. “Lá, a lei é para valer, tanto que a China
já está se organizando para distribuir o combustível. É aí que nós
entramos: os chineses precisarão importar todo esse etanol, diz
Gustavo Junqueira, secretário de Agricultura e Abastecimento
de São Paulo.
Empresários do setor calculam que a decisão da China,
dona da maior frota de veículos do planeta, demandará pelo
menos15 bilhões de litros de etanol por ano - metade da produção nacional. Diante do novo cenário, as movimentações já são
perceptíveis. No Brasil, o grupo São Martinho, o maior produtor
mundial de cana, anunciou a construção de uma nova unidade
em Goiás. Além disso, planeja produzir álcool a partir do milho
nos períodos de entressafra da cana. Haverá, contudo, concorrência para os brasileiros: as multinacionais Bunge, de origem
holandesa, e British Petroleum, da Inglaterra, informaram que
vão fundir suas subsidiárias dedicadas à fabricação e distribuição de etanol para aumentar seu peso no mercado internacional.
Há mais fatores que animam o mercado do biocombustível. Um deles é a animosidade comercial entre a China e os Estados Unidos, o maior produtor de etanol do planeta. Outro foi o
ataque de drones às principais refinarias sauditas, o que fez o
preço do petróleo disparar. Para aproveitar as circunstâncias,
um grupo de usineiros brasileiros esteve recentemente na China, no Japão e nos Emirados Árabes - e planeja voar para a
Índia, país que, seguindo o exemplo chinês, debate uma lei para
implementar a E10 em 2022. “No passado, o álcool era visto
como adversário dos combustíveis fósseis, mas isso mudou: |(
agora são produtos complementares, aliados importantes para
diminuir a poluição”, acredita Evandro Gussi, presidente da
União da Indústria de Cana de Açúcar. Depois de passar décadas como alternativa restrita ao mercado brasileiro, o etanol,
enfim, ganha fôlego para conquistar o mundo.
Eduardo Gonçalves
A questão do “Álcool”, no texto de Eduardo Gonçalves, é tratado
sob um enfoque predominantemente: