SóProvas


ID
5394103
Banca
CETAP
Órgão
Prefeitura de Ananindeua - PA
Ano
2019
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Chore e lute, filha.

  Dentre as tantas lições que recebi e recebo de minha mãe, considero duas primordiais: chore sempre que quiser chorar, filha. Lute mesmo quando não quiser lutar, filha.
Sou filha de uma virginiana de origem germânica, regras rígidas, poucas palavras. Mas não houve uma única vez em que ela tenha me mandado engolir o choro, como tanto se ouve por aí. Pelo contrário, ela dizia, com sua escassa e preciosa doçura: “O choro é o xixi do coração, filha. Tem que deixar que ele saia”. Aprendi a obedecer (porque não lhe obedecer segue sendo o erro mais certo de todos) e choro invariavelmente, abandonando constrangimentos e preocupação com olhares de terceiros.
   Sobre a luta, ela nunca verbalizou. Preferiu, nesse caso, ser apenas um exemplo permanente. Por vezes, soltava frases duras como “Segure isso pelo chifre”, “Mostre para o cavalo quem é o cavaleiro aqui”, “Segure as rédeas da sua vida ou ela vai para onde quiser”, “Mantenha só na sua mão a chave da sua felicidade”, ou ainda “Deus nunca nos dá um fardo mais pesado do que podemos aguentar”. As frases ficaram como marcas, mas, no fundo, sempre bastou observá-la, no presente e no passado corajoso.
   Sua luta nunca foi barulhenta. Olhares. Gestos. Frases curtas em tom de voz sereno e firme. Longas cartas manuscritas. Venho, há anos, aprendendo nesse treinamento inconsciente a duelar sem armas, a gritar sem som, a intimidar com os olhos e a romper sem cortes.
   Nunca a vi abandonar ideais, relativizar princípios ou tolerar afrontas. Sempre a vi lutar pelo que acredita e, sobretudo, por aqueles em quem acredita. Sempre a vi continuar acreditando, embora com os olhos um pouco inchados, de quem chorou por meia dúzia de minutos atrás da necessária porta do banheiro (porque filhos podem chorar no seu colo, mas ela, mãe germânica, chora sozinha).
   Um dia ela me disse, em tom de confidência, que me achava muito corajosa. Eu quis, com todas as minhas forças, acreditar nesse elogio com o qual nunca nem ousaria sonhar. Ainda não acredito. Ainda me julgo borboleta, cheia de cores, leve, superficial e frágil. Ainda me tornarei como ela: árvore, raiz, tronco, verde e vida.
   Por enquanto, em tempos estranhos, em campo minado, em terreno incerto, em pedras falsas e em total incerteza na vida, sigo no choro sincero, sigo na luta honesta. Sigo por mim, por ela, por tantos. Porque, como dizem por aí, luto só me serve se for verbo. E assim seguimos caminhando.

(MANUS,Ruth. Um dia ainda vamos rir de tudo isso. p. 67/68.).

Há uma frase com mesmo sentido de: “Segure as rédeas da sua vida ou ela vai para onde quiser(...)' em:

Alternativas
Comentários
  • Gabarito letra: A

    “Se você não sabe onde ir, qualquer caminho serve.” (Lewis Carroll).

  • Quem texto maravilhoso.

  • acertei nao sei como

  • O trecho do enunciado afirma duas coisas:

    1. Segure as rédeas da sua vida.

    Com o sentido figurado, a ação de segurar as rédeas da vida significa que a pessoa não sabe para onde vai e, por isso, precisa "segurar as rédeas"; ou seja, "frear e parar".

    1. ela vai para onde quiser.

    Também com sentido figurado, nota-se a personalização do termo "vida". A vida ir para onde ela quiser significa que não existe um caminho certo ou determinado; qualquer caminho vai server. É o mesmo que dizer: "deixa o vento te levar".

    GABARITO: ALTERNATIVA A.

    FONTE: prof. Miguel Ângelo

  • Quem for fazer PPPA, e tem interesse em dividir hotel, estou atrás por enquanto. 69993647226

  • Gab. A

    Bela referência...

    No texto:

    "Segure as rédeas da sua vida ou ela vai para onde quiser"

    Entende-se no mesmo sentido em:

    Alice perguntou: Gato Cheshire... pode me dizer qual o caminho que eu devo tomar?

    Isso depende muito do lugar para onde você quer ir – disse o Gato.

    Eu não sei para onde ir! – disse Alice.

    Se você não sabe para onde ir, qualquer caminho serve.

    (Alice no País das Maravilhas)

    (Lewis Carroll).