SóProvas


ID
5406883
Banca
UECE-CEV
Órgão
UECE
Ano
2021
Provas
Disciplina
Conhecimentos Gerais
Assuntos

Leia atentamente o seguinte excerto sobre cultura africana no Brasil:

“Ao contrário dos africanos na Colômbia ou em Serra Leoa, os que foram trazidos para o Brasil nunca despertaram interesse em seus senhores por sua cultura e origens. O trabalho de registro de histórias da África através de entrevistas aos africanos escravizados empreendido pelo padre Pedro Claver, em Cartagena das Índias, no século XVII, ou aquele empreendido pelo missionário Koelle entre africanos livres de diversas etnias em Serra Leoa, no século XIX, ao registrar suas línguas, não têm paralelo no Brasil, país das Américas que mais recebeu africanos”.

MAMIGONIAN. Beatriz Gallotti. África no Brasil: mapa de uma área em expansão, p.46. Disponível em: http://www.pretosnovos.com.br/dropbox/textos/publicados/ topoi9a2.pdf

A ausência do interesse em conhecer as culturas dos povos africanos trazidos ao Brasil como escravos resulta

Alternativas
Comentários
  • O Brasil foi o último país do continente americano a abolir a escravidão, em 1888. E a Mauritânia (no noroeste da África, entre o Saara Ocidental e o Senegal) o último do mundo a fazer o mesmo, em 9 de novembro de 1981.
    O processo de abolição da escravidão no Brasil resultou da pressão da sociedade civil, da pressão internacional capitaneada pela Grã- Bretanha e da ação política de um setor de proprietários de terra de São Paulo vinculados à produção de café. Para eles o custo do escravo africano ficou demasiadamente alto por conta do apresamento de navios negreiros no Atlântico e a aprovação interna da lei que tornava o tráfico ilegal. 

    A escravidão de africanos e nativos, sendo a de africanos infinitamente maior, existiu no Brasil por mais de 3 séculos. O escravismo está indelevelmente entranhado na cultura brasileira, o que se mostra, por exemplo, através da forma que são vistos os trabalhadores, primordialmente os trabalhadores braçais. Ainda está enraizada na mentalidade do brasileiro em geral a ideia de que os povos africanos eram “inferiores" e que suas culturas em nada poderiam contribuir para a construção do que se entendia por “civilização" . Daí o pouco ou nenhum reconhecimento das africanidades como participantes efetivos da construção da cultura e da nação brasileira. 

    Para estudo do tema em pauta é preciso buscar uma bibliografia mais atualizada, em consonância com as novas opções e caminhos da historiografia brasileira. Uma obra interessante é a de Mary Del Priori : Histórias da gente Brasileira, editada em vários volumes.

    Uma das alternativas destaca a razão pela qual há poucos ou nenhum registro acerca das características culturais dos povos africanos que vieram para o Brasil: 

    A) INCORRETA- A Igreja Católica tem forte atuação na colonização portuguesa, não só no Brasil. As religiões reformadas ( protestantes), no entanto,  só passam a ser permitidas após 1808, quando da vinda da corte portuguesa em aliança com ingleses. No entanto, a Igreja Católica protegia somente os nativos – considerados “ inocentes “ e almas a serem salvas. Além disso, o trabalho de catequese, como o de jesuítas, vai levar ao maior conhecimento de culturas nativas. Não há maior preocupação com africanos.

    B) INCORRETA- Ao contrário, sempre houve a proposta da “ação civilizatória" ou a de “ salvar as almas" de nativos e, talvez de  “ inferiores africanos". O batismo católico e a adoção forçada de nomes em português são símbolos desta mentalidade. 

    C) CORRETA- De fato, a exploração escravista levou à desumanização dos africanos, comerciários em enormes quantidades como objetos . Apenas mercadorias – peças – e não seres humanos. 

    D) INCORRETA- O respeito por culturas africanas, com a exceção da egípcia , não era comum no século XVII. Os europeus se entendiam como paradigmas de cultura e de civilização. 

    Gabarito do Professor: Letra C.