O Brasil foi o último país do continente americano a abolir a escravidão, em 1888. E a Mauritânia (no noroeste da África, entre o Saara Ocidental e o Senegal) o último do mundo a fazer o mesmo, em 9 de novembro de 1981.
O processo de abolição da escravidão no Brasil resultou da pressão da sociedade civil, da pressão internacional capitaneada pela Grã- Bretanha e da ação política de um setor de proprietários de terra de São Paulo vinculados à produção de café. Para eles o custo do escravo africano ficou demasiadamente alto por conta do apresamento de navios negreiros no Atlântico e a aprovação interna da lei que tornava o tráfico ilegal.
A escravidão de africanos e nativos, sendo a de africanos infinitamente maior, existiu no Brasil por mais de 3 séculos. O escravismo está indelevelmente entranhado na cultura brasileira, o que se mostra, por exemplo, através da forma que são vistos os trabalhadores, primordialmente os trabalhadores braçais. Ainda está enraizada na mentalidade do brasileiro em geral a ideia de que os povos africanos eram “inferiores" e que suas culturas em nada poderiam contribuir para a construção do que se entendia por “civilização" . Daí o pouco ou nenhum reconhecimento das africanidades como participantes efetivos da construção da cultura e da nação brasileira.
Para estudo do tema em pauta é preciso buscar uma bibliografia mais atualizada, em consonância com as novas opções e caminhos da historiografia brasileira. Uma obra interessante é a de Mary Del Priori : Histórias da gente Brasileira, editada em vários volumes.
Uma das alternativas destaca a razão pela qual há poucos ou nenhum registro acerca das características culturais dos povos africanos que vieram para o Brasil:
A) INCORRETA- A Igreja Católica tem forte atuação na colonização portuguesa, não só no Brasil. As religiões reformadas ( protestantes), no entanto, só passam a ser permitidas após 1808, quando da vinda da corte portuguesa em aliança com ingleses. No entanto, a Igreja Católica protegia somente os nativos – considerados “ inocentes “ e almas a serem salvas. Além disso, o trabalho de catequese, como o de jesuítas, vai levar ao maior conhecimento de culturas nativas. Não há maior preocupação com africanos.
B) INCORRETA- Ao contrário, sempre houve a proposta da “ação civilizatória" ou a de “ salvar as almas" de nativos e, talvez de “ inferiores africanos". O batismo católico e a adoção forçada de nomes em português são símbolos desta mentalidade.
C) CORRETA- De fato, a exploração escravista levou à desumanização dos africanos, comerciários em enormes quantidades como objetos . Apenas mercadorias – peças – e não seres humanos.
D) INCORRETA- O respeito por culturas africanas, com a exceção da egípcia , não era comum no século XVII. Os europeus se entendiam como paradigmas de cultura e de civilização.
Gabarito do Professor: Letra C.