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ID
5439526
Banca
CESPE / CEBRASPE
Órgão
PG-DF
Ano
2021
Provas
Disciplina
Psicologia
Assuntos

     A escola encaminhou João, 15 anos de idade, para atendimento psicológico após denúncia de colegas de que João estava se automutilando e postando fotos em redes sociais. Diagnosticado com depressão aos 8 anos, ele iniciou acompanhamento psiquiátrico e psicológico à época. Recebeu alta após dois anos de tratamento. Há duas semanas, a pedido da escola, a mãe procurou atendimento psicológico para nova avaliação.
     João compareceu ao atendimento psicológico acompanhado de seus pais, Ana e Antônio, que estavam muito preocupados com o filho. Havia cerca de 10 meses João mostrava-se muito agressivo e explosivo, ficava muito tempo no celular e vinha apresentando baixo rendimento escolar. A mãe relatou que o filho sempre fora vaidoso e preocupado com a aparência, mas que vinha negligenciando a higiene básica. Ele se recusava a tomar banho sozinho e não cortava nem penteava o cabelo. João relatou que tinha medo de tomar banho. João fez o seguinte relato: “muitos pensamentos invadiam no momento em que eu estava sozinho, principalmente no banho. Quando estou envolvido ou prestando atenção em alguma coisa, eles me incomodam menos. Mas parece que no banho, eles tomam conta de mim” (sic). E seguiu, no atendimento individual: “Meus pais nem desconfiam, mas estou mal há mais de um ano. Na verdade, sempre fui desse jeito! Mas tem dois anos que estou pior. Não sinto fome. Tem dia que faço apenas uma refeição. Passo o dia inteiro na escola. Finjo que estudo. Não consigo aprender nem me concentrar em nada. Começo a resolver um exercício e, daqui a pouco, não sei nem o que estou fazendo. Estou levando a escola como posso. Sinto que sou um peso pra todo mundo. Me sinto só em todos os lugares que estou. Mas sempre foi assim. Só está um pouco pior, e não sei nem o porquê. Não sinto vontade de sair da minha cama”(sic).

Considerando o caso clínico apresentado, o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM V) e diversos aspectos relacionados a psicopatologias, julgue o item seguinte. 

Capacidade de concentração diminuída, assim como a apresentada por João, pode caracterizar quadros de transtorno de ansiedade de separação.

Alternativas
Comentários
  • ERRADO

    Pela leitura do caso não é possível percebemos o ponto central do Transtorno de Ansiedade da Separação: medo intenso e recorrente de se perder/ se separar de pessoas queridas.

    João apresenta sintomas mais relacionado com o Transtorno Depressivo Persistente/ Distímico.ou Transtorno Depressivo Maior.

    Para fins de comparação:

    1. Transtorno de Ansiedade de Separação

    • Pessoa não quer ficar sozinha
    •  + 3 de sintomas
    • Falou em medo de ficar sozinho sem pessoas queridas ou medo de perder alguém querido por algum motivo (é algo desproporcional )
    • Sintomas somáticos podem aparecer
    • É um medo desproporcional para a idade
    • Pode ocorrer em adultos
    • O medo, a ansiedade ou a esquiva é persistente,
    • TEMPO
    • durando pelo menos quatro semanas em crianças e adolescentes
    • Durando seis meses ou mais em adultos.
    • É mais comum em crianças e meninas (escola) e meninos (separação )

    2. Transtorno Depressivo Maior

    • 5 sintomas concomitantes, 1 ou 2 semanas
    • Pelo menos uma dos sintomas é: humor deprimido ou perda do interesse ou prazer
    • Única diferença em relação ao EPISÓDIO depressivo
    • Humor deprimido quase sempre
    • Diminuição do interesse ou prazer nas coisas
    • Perda ou ganho de peso sem dieta
    • Sentimento de inutilidade ou culpa excessiva
    • Pensamento de morte, com uma tentativa ou plano específico
    • O sintomas não são atribuídos a uma causa específicas. Ex: perda de um ente querido (=luto)

     

    3. Transtorno Depressivo Persistente (Distimia)

    • Mínimo de 2 anos em adultos,
    • em crianças a duração mínima é de 1 ano
    • Necessário apenas 2 sintomas
    • Posso ter Transtorno Depressivo maior 
    • Não posso ter Episódio Maníaco ou Episódio Hipomaníaco, nem o Ciclotímico
    • Sintomas são praticamente os mesmos da depressão maior
    • Esse transtorno representa uma consolidação do transtorno depressivo maior crônico e do transtorno distímico definidos no DSM-IV. 
    • Antes dos 21 anos - início precoce
    •  Dos 21 anos ou depois - início tardio 

  • Mas a assertiva não nos questiona se João tem ansiedade de separação ou não. Vejamos:

    Capacidade de concentração diminuída, assim como a apresentada por João, pode caracterizar quadros de transtorno de ansiedade de separação.

    O que a questão apresenta é que João tenha uma capacidade de concentração diminuída e questiona se a diminuição da concentração PODE caracterizar QUADROS de transtorno de ansiedade de separação, não menciona que esse quadro seja dele.

    Portanto, não compreendo o porque do gabarito ser errado.

  • ansiedade de separação ocorre em crianças, João já está com 15 anos no relato do caso.
  • ansiedade de separação pode ocorrer em adultos também, mas é mais raro
  • Pessoal, sempre que possível solicitem o comentário do professor. Muitas questões importantes em Psicologia quase não possuem comentários de professor.

  • No dia da prova eu deixei em branco essa questão, pois fiquei com dúvida ao me lembrar do TRANSTORNO DE ANSIEDADE GENERALIZADA no qual os pacientes costumam ter também capacidade de concentração diminuída como critério diagnóstico( 3. Dificuldade em concentrar-se ou sensações de “branco” na mente.). Mas pesquisando sobre a questão depois compreendi.

    -Veja a questão fala que João tem capacidade de concentração diminuída. E de fato, dar pra entender que ele tem: ''Passo o dia inteiro na escola. Finjo que estudo. Não consigo aprender nem me concentrar em nada. Começo a resolver um exercício e, daqui a pouco, não sei nem o que estou fazendo. Estou levando a escola como posso.''

    -Segunda parte da questão fala que concentração diminuída caracteriza os quadros de transtorno de ansiedade de separação e isso não confere! Veja as características que colocou o colega Orlando abaixo:

    1. Transtorno de Ansiedade de Separação

    • Pessoa não quer ficar sozinha
    •  + 3 de sintomas
    • Falou em medo de ficar sozinho sem pessoas queridas ou medo de perder alguém querido por algum motivo (é algo desproporcional )
    • Sintomas somáticos podem aparecer
    • É um medo desproporcional para a idade
    • Pode ocorrer em adultos
    • medo, a ansiedade ou a esquiva é persistente,
    • TEMPO
    • durando pelo menos quatro semanas em crianças e adolescentes
    • Durando seis meses ou mais em adultos.
    • É mais comum em crianças e meninas (escola) e meninos (separação )

    ALÉM DISSO, acabei de ler a parte do DSM-V que fala das Características Diagnósticas desse transtorno e nada menciona sobre concentração diminuída. Se fosse o TRANSTORNO DE ANSIEDADE GENERALIZADA estaria talvez correto, pois cita essa como característica.

    Por tudo isso, questão errada.

  • TRANSTORNO DE ANSIEDADE DE SEPARAÇÃO - DSM-V página:235

    Características Diagnósticas

    A característica essencial do transtorno de ansiedade de separação é o medo ou a ansiedade excessivos envolvendo a separação de casa ou de figuras de apego. A ansiedade excede o esperado com relação ao estágio de desenvolvimento do indivíduo (Critério A). Os indivíduos com transtorno de ansiedade de separação têm sintomas que satisfazem pelo menos três dos critérios apresentados a seguir. Eles vivenciam sofrimento excessivo e recorrente ante a ocorrência ou previsão de afastamento de casa ou de figuras importantes de apego (Critério A1). Eles se preocupam com o bem-estar ou a morte de figuras de apego, particularmente quando separados delas, precisam saber o paradeiro das suas figuras de apego e querem ficar em contato com elas (Critério A2). Também se preocupam com eventos indesejados consigo mesmos, como perder-se, ser sequestrado ou sofrer um acidente, que os impediriam de se reunir à sua figura importante de apego (Critério A3). Os indivíduos com transtorno de ansiedade de separação são relutantes ou se recusam a sair sozinhos devido ao medo de separação (Critério A4). Eles têm medo ou relutância persistente e excessiva em ficar sozinhos ou sem as figuras importantes de apego em casa ou em outros ambientes. As crianças com transtorno de ansiedade de separação podem não conseguir permanecer ou ir até um quarto sozinhas e podem exibir comportamento de agarrar- -se, ficando perto ou “sendo a sombra” dos pais por toda a casa ou precisando que alguém esteja com elas quando vão para outro cômodo na casa (Critério A5). Elas têm relutância ou recusa persistente em dormir à noite sem estarem perto de uma figura importante de apego ou em dormir fora de casa (Critério A6). As crianças com esse transtorno frequentemente têm dificuldade na hora de dormir e podem insistir para que alguém fique com elas até que adormeçam. Durante a noite, podem ir para a cama dos pais (ou para a de outra pessoa significativa, como um irmão). As crianças podem ser relutantes ou se recusar a participar de acampamentos, dormir na casa de amigos ou executar tarefas. (...)

    Não fala nada sobre capacidade de concentração diminuída rs, o examinador uso esse transtorno para lembrarmos do T. Ansiedade Generalizada e marca como certo kk.

    Mas de fato, questão errada!

  • A questão solicita conhecimentos sobre o Transtorno de Ansiedade de Separação.


    O TAG (transtorno de ansiedade de separação), de acordo com o DSM V, apresenta os seguintes critérios diagnósticos:


     A. Medo ou ansiedade impróprios e excessivos em relação ao estágio de desenvolvimento, envolvendo a separação daqueles com quem o indivíduo tem apego, evidenciados por três (ou mais) dos seguintes aspectos: 


    1. Sofrimento excessivo e recorrente ante a ocorrência ou previsão de afastamento de casa ou de figuras importantes de apego. 2. Preocupação persistente e excessiva acerca da possível perda ou de perigos envolvendo figuras importantes de apego, tais como doença, ferimentos, desastres ou morte. 3. Preocupação persistente e excessiva de que um evento indesejado leve à separação de uma figura importante de apego (p. ex., perder-se, ser sequestrado, sofrer um acidente, ficar doente). 4. Relutância persistente ou recusa a sair, afastar-se de casa, ir para a escola, o trabalho ou a qualquer outro lugar, em virtude do medo da separação. 5. Temor persistente e excessivo ou relutância em ficar sozinho ou sem as figuras importantes de apego em casa ou em outros contextos. 6. Relutância ou recusa persistente em dormir longe de casa ou dormir sem estar próximo a uma figura importante de apego. 7. Pesadelos repetidos envolvendo o tema da separação. 8. Repetidas queixas de sintomas somáticos (p. ex., cefaleias, dores abdominais, náusea ou vômitos) quando a separação de figuras importantes de apego ocorre ou é prevista. 


    B. O medo, a ansiedade ou a esquiva é persistente, durando pelo menos quatro semanas em crianças e adolescentes e geralmente seis meses ou mais em adultos.


     C. A perturbação causa sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social, acadêmico, profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo.


     D. A perturbação não é mais bem explicada por outro transtorno mental, como a recusa em sair de casa devido à resistência excessiva à mudança no transtorno do espectro autista; delírios ou alucinações envolvendo a separação em transtornos psicóticos; recusa em sair sem um acompanhante confiável na agorafobia; preocupações com doença ou outros danos afetando pessoas significativas no transtorno de ansiedade generalizada; ou preocupações envolvendo ter uma doença no transtorno de ansiedade de doença.



    Como relatado no caso em questão, João não apresenta problemas de separação das figuras de apego, haja visto que fica constantemente na escola ou sozinho no quarto. 

    Além disso, não há nos critérios diagnósticos do TAG o sintoma de capacidade de concentração diminuída.


    Portanto, não podemos considerar que o paciente possa ser portador do TAG.


    Gabarito da professora: ERRADO.