SóProvas


ID
5455813
Banca
VUNESP
Órgão
EsFCEx
Ano
2021
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

    Por que apenas metade da população brasileira é leitora? Por que o percentual de leitores vai “despencando” a partir dos 11 anos de idade? De acordo com a 5ª edição da pesquisa “Retratos da Leitura no Brasil”, realizada pelo Instituto Pró-Livro (IPL), Itaú Cultural e Ibope Inteligência, houve uma queda de 4,6 milhões de leitores no Brasil no período de 2015 a 2019. Será mesmo que as redes sociais, a falta de tempo e o não gostar são fatores principais para essa triste verdade?

    Acredito que o ensino da leitura, embora muito falado e muito estudado, não tem efetivamente avançado. A participação social efetiva das pessoas pressupõe o domínio e a compreensão da linguagem escrita. Sendo assim, se a escola é o espaço do educar, é de sua responsabilidade não apenas ensinar a ler, como mais precisamente, formar cidadãos leitores.

    Para ensinar a ler não basta ensinar a decodificar, é preciso ensinar a dialogar entre textos, contextos e autores. Não basta também, apenas a escolha dos bons textos literários, é preciso muito mais do que isso. De acordo com a pesquisa já citada, a grande problemática para o declínio leitor está na mediação da leitura.

    É preciso entender que o ato da leitura é espaço dialógico entre o mediador, o texto e o aluno, e é no momento da leitura que os encontros e os desencontros das posições frente ao lido acontecem. Porém, para que os encontros e desencontros aconteçam torna-se necessário um planejamento da mediação. Tornam-se necessárias horas de estudo do que será levado para a turma, do encantamento do mediador com o texto, da antecipação das possíveis dificuldades, do planejamento das “pontes” que serão construídas. Enfim, exige um trabalho árduo e contínuo. Exige um sujeito leitor.

    Não se faz mediação de leitura ou não se forma  cidadãos leitores com pessoas não leitoras. Aquele que faz mediação, aquele que forma leitores antes de tudo deve ser um sujeito leitor. Dificilmente alguém se torna um leitor de profundidade se não houver uma boa referência.

    Para aqueles que escolheram a formação de cidadãos (professores, no caso) é preciso abastecer-se. Precisamos ler, se não somos, necessitamos nos formar leitores. Aqueles que não escolheram o caminho da docência, experimentariam a leveza e o prazer que a leitura proporciona.

Assisti, dias atrás, a um programa para professores, nele o escritor Rafael Gallo dava uma dica para aqueles que ainda não eram leitores. Disse ele que era preciso ler muito, ler mais, ler de tudo; e se, ainda assim, não gostasse, continuasse à procura. Porque buscar é imperativo.

(Vanessa Marques de Almeida Passarim. Formação de leitores.

Diário da Região, 06.06.2021. Adaptado)

Observando-se a concordância nas expressões destacadas na passagem – Não se faz mediação de leitura ou não se forma cidadãos leitores com pessoas não leitoras. –, deduz-se, corretamente, que

Alternativas
Comentários
  • GABARITO: C

    Pessoal, vamos fazer primeiro em nossa cabeça para não cair em uma pegadinha:

    1- "Não se faz mediação de leitura" → Correto. O que não se faz? Mediação de leitura. Mediação não é feita. O sujeito (mediação) está no singular, por isso o verbo (não se faz) também ficará.

    Então a gente já sabe que, nesta alternativa, há um sujeito (mediação) e, por isso, o verbo ficou no singular.

    Próximo:

    .

    2- "não se forma cidadãos leitores com pessoas não leitoras." → Errado. O que não se forma? Cidadãos. Cidadãos não são formados. Aqui a concordância está errada, já que o sujeito (cidadãos) está no plural e, por isso, o verbo também precisaria ser flexionado. O correto é: "não se formam cidadãos leitores".

    .

    Olhe as alternativas:

    a) inexiste desvio da norma-padrão em ambas as expressões, ... → Errado. Há erro na segunda, como a gente constatou.

    b) inexiste desvio da norma-padrão em ambas as expressões, ... → Errado. Há erro na segunda, como a gente constatou.

    c) há desvio da norma-padrão apenas na segunda expressão, pois a construção de voz passiva sintética exige flexão do verbo em concordância com seu sujeito, no caso, no plural. → Correto.

    Ali na segunda expressão, temos a voz passiva sintética (não se forma). Quando a gente passou para a analítica (cidadãos não são formados), percebemos que o verbo ficou no plural e, por isso, constatamos o erro, lembra?

    .

    d) inexiste desvio da norma-padrão na primeira expressão, pois se trata de sujeito indeterminado; → Errado. Pessoal, não se trata de uma sujeito indeterminado. O sujeito está ali (mediação). O verbo ficou no singular para concordar com ele.

    → Um exemplo de sujeito indeterminado seria esta frase aqui: "trata-se de questões sérias". Aqui não conseguimos passar para a voz passiva analítica para verificar se há ou não sujeito (de questões são tratadas?), por isso o "se" exerce papel de índice de indeterminação de sujeito

    .

    e) há desvio da norma-padrão apenas na segunda expressão, pois o verbo é reflexivo, o que indica que o sujeito plural é o mesmo que pratica e recebe a ação verbal. → Errado. O verbo não é reflexivo, pessoal. A partícula se apenas será reflexiva quando você conseguir fazer a substituição por "a si mesmo/a ti mesmo etc.", assim:

    "ele se olhou no espelho e viu que estava magro" → "ele olhou a si mesmo no espelho e viu que estava magro".

    O "se" aqui é reflexivo, pois podemos realizar a substituição. No caso de nossa expressão, temos o "se" que indica voz passiva sintética. Ele é um pronome apassivador.

    .

    Espero ter ajudado.

    Bons estudos! :)