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ID
5486617
Banca
VUNESP
Órgão
Prefeitura de Ferraz de Vasconcelos - SP
Ano
2021
Provas
Disciplina
Psicologia
Assuntos

As práticas psicológicas contemporâneas em psicologia social no Brasil enfatizam a importância da comunidade. Essas práticas pressupõem que a vivência em comunidade

Alternativas
Comentários
  • A questão parece estar referenciada na noção de comunidade de Martin Buber. Contrariando as correntes filosóficas que primam pela compreensão do homem como um indivíduo e o veem apenas em relação a si mesmo, a compreensão Buberiana, nascida no contexto do pós-guerra, quis ser uma resposta às duas tendências dominantes na época: a do individualismo e a do coletivismo. A primeira isolou o homem, glorificando sua solidão e a segunda o fez esconder-se atrás das massas a quem o homem transferiu a responsabilidade por seu destino. 
    Tanto o individualismo como o coletivismo fracassaram no intuito de construir uma sociedade mais humana que ajudasse o homem a encontrar o sentido de sua existência. A situação histórica criada pelas duas guerras mundiais e suas consequências são a prova do fracasso dessas duas tendências. 
    Buber propõe então uma terceira alternativa cujo fundamento é a compreensão da existência humana partilhada entre dois ou mais seres humanos, sendo a primeira categoria da realidade humana a esfera do entre, a dimensão em que se dá o encontro entre um eu e um tu. 
    Eis aí o ponto de partida da proposta Buberiana. O conceito do entre só pode ser encontrado na relação entre os seres humanos e nunca nos indivíduos sozinhos nem no mundo à sua volta. Somente no contexto de uma relação o homem pode se conhecer. 
    Se o homem é um ser de natureza relacional e dialógica, ele tende, natural e espontaneamente, a formar comunidades. A comunidade é a estrutura social que o livra tanto da inclinação ao individualismo e da angústia existencial que dele decorre como da tendência ao coletivismo em que a massa despersonaliza o indivíduo. O homem pode encontrar o sentido de sua existência no ser-com-o-outro, no viver-com-o-outro. No entanto, para que a comunidade possa ser esse veículo que permite ao homem perceber-se como ser relacional, ela deve nascer do mais profundo desejo humano que a busca criar livre e espontaneamente. O desejo de se relacionar e viver com o outro faria a comunidade fluir naturalmente.
    CARRARA, O. A noção de comunidade em Martin Buber. Revista Filosófica São Boaventura, v. 11, n. 2, jul./dez. 2017. 
    Gabarito do Professor: Letra C.