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ID
5507182
Banca
FCM
Órgão
COREN-MG
Ano
2021
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

A QUESTÃO SE REFERE AO TEXTO SEGUINTE.

Ser munduruku é ser Amazônia
Bheka Munduruku*
Na Amazônia vivem 300 mil indígenas. Nós, da etnia munduruku, somos 13 mil, divididos em 120 aldeias. Eu tenho 16 anos, nasci e moro até hoje na Terra Indígena Sawré Muybu. Ela é o meu mundo. Temos nossas brincadeiras. Alguns gostam de se pintar, mas outros de cantar as canções que foram ensinadas por nossos pais. 
Tiramos tudo o que precisamos da nossa terra: pescamos e caçamos (apenas o suficiente para a nossa subsistência), além de plantarmos mandioca, banana, batata, cana-de-açúcar, cará, abacaxi, pimenta, sem destruir a floresta. A natureza é nossa mãe. Ela nos dá tudo o que precisamos e, em troca, tratamos dela com carinho. Gosto da vida que levo, mas não pretendo obrigar ninguém a viver como vivo. Com que direito, então, querem nos impor costumes e valores estranhos à nossa cultura? 
Os mais jovens aprendem quase tudo com os mais velhos. Assim, sabemos como nossa cultura é rica e antiga, e de nosso lugar no mundo. Nossos pais e avós contam que Karosakaybu, o Grande Ser, fez surgir de uma fenda nas cabeceiras do rio Crepori, um afluente do Tapajós, quatro casais que deram origem à humanidade: um branco, um negro, um indígena e um munduruku. Os pariwat, como chamamos os estrangeiros, foram povoar o mundo. Nossos ancestrais ficaram.  
Ainda estamos aqui. Não apenas sobrevivemos do que tiramos de nossa terra – cuidar dela é a própria razão de nossa existência. Nós a protegemos há mais de 4.000 anos, mas a história pariwat registra que nos encontramos pela primeira vez em 1768. Desde então fomos obrigados a acrescentar a resistência entre nossos hábitos. 
Sabe-se hoje que a floresta em pé ajuda a conter as mudanças climáticas. Nós mesmos já sentimos os seus efeitos: teve ano que choveu em março, em vez de novembro. Mas o desmatamento não é a única ameaça que ronda a Amazônia. E não temos mais como protegê-la sozinhos. Como qualquer cultura, a nossa assimilou novos costumes e evoluiu. Cultivamos nossas tradições, mas não paramos no tempo, não vivemos na pré-história.
Os munduruku já foram caçadores de cabeça; agora, preferimos fazer cabeças. Queremos convencer todo o mundo – inclusive os cabeças-duras – da importância de preservar a floresta e os seus rios.
Não precisamos de ouro, mas não podemos mais nadar no Tapajós, pois ele adoeceu: suas águas estão contaminadas pelo mercúrio do garimpo ilegal. O Tapajós é o último afluente da margem direita do rio Amazonas a correr livre. Barrar um rio é matar tudo o que nele vive.
 Munduruku significa “formigas vermelhas”. Nos deram esse nome porque lutávamos lado a lado. Junte-se ao nosso formigueiro e nos ajude a defender a Amazônia.

* Guerreira indígena da etnia munduruku.
Folha de São Paulo, Tendências/Debates, 16 jan. 2020, p. A3. Adaptado.

De acordo com Cereja & Magalhães (2013, p. 304), “oração coordenada sindética é aquela que é introduzida por conjunção coordenativa.”
Considerando-se esse conceito, é correto afirmar que a conjunção coordenativa “mas” estabelece em relação à oração anterior uma ideia de adição em

Alternativas
Comentários
  • Gabarito letra D

    “Alguns gostam de se pintar E outros de cantar as canções que foram ensinadas por nossos pais.”

    Repare que as orações contidas na assertiva acima (antes e depois do E) não trazem ideia de oposição entre elas.

    Nas demais alternativas é possível ver a ideia de contradição.

  • Gab. D

    Conjunções Coordenativas - Ligam orações de sentido completo e independente.

    São elas:

    Aditivas;

    Adversativas;

    Alternativas;

    Conclusivas;

    Explicativas.

    Conjunções adversativas - Expressam ideia de oposição.

    Mais usadas - mas, porém, contudo, todavia, no entanto, entretanto, não obstante...

  • A questão é de morfologia e quer saber em qual das alternativas abaixo a conjunção "mas" estabelece uma ideia de adição. Vejamos:

     .

    Conjunções coordenativas adversativas: têm valor semântico de oposição, contraste, adversidade, ressalva...

    São elas: mas, porém, entretanto, todavia, contudo, no entanto, não obstante, inobstante, senão (= mas sim)...

    Ex.: Não estudou muito, mas passou nas provas.

     .

    A) “Não precisamos de ouro, mas não podemos mais nadar no Tapajós...” (7º §)

    Errado. "Mas" aqui tem valor adversativo e equivale a "porém, entretanto, todavia, contudo, no entanto...".

     .

    B) “Gosto da vida que levo, mas não pretendo obrigar ninguém a viver como vivo.” (2º §).

    Errado. "Mas" aqui tem valor adversativo e equivale a "porém, entretanto, todavia, contudo, no entanto...".

     .

    C) “Cultivamos nossas tradições, mas não paramos no tempo, não vivemos na pré-história.” (5º §).

    Errado. "Mas" aqui tem valor adversativo e equivale a "porém, entretanto, todavia, contudo, no entanto...".

     .

    D) “Alguns gostam de se pintar, mas outros de cantar as canções que foram ensinadas por nossos pais.” (1º §). 

    Certo. "Mas" aqui tem valor de adição e equivale a "e".

    Conjunções coordenativas aditivas: têm valor semântico de adição, soma, acréscimo...

    São elas: e, nem (e não), não só... mas também, mas ainda, como também, bem como, senão também, ademais, outrossim...

    Ex.: Estudaram muito e passaram no concurso.

     .

    E) “Nós a protegemos há mais de 4.000 anos, mas a história pariwat registra que nos encontramos pela primeira vez em 1768.” (4º §).

    Errado. "Mas" aqui tem valor adversativo e equivale a "porém, entretanto, todavia, contudo, no entanto...".

     .

    Gabarito: Letra D