SóProvas


ID
5509033
Banca
VUNESP
Órgão
Prefeitura de Jaguariúna - SP
Ano
2021
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Leia o texto, para responder à questão.

   A psicanalista Maria Homem diz que o ressentimento é a palavra-chave para ousar compreender o mundo hoje. Luiz Filipe Pondé acredita que o ressentimento faz de nós incapazes de ver algo simples: o universo é indiferente aos nossos desejos; além de destruir em nós a capacidade de pensar e compreender a realidade.
   Ressentir-se significa atribuir ao outro a responsabilidade pelo que nos faz sofrer. Como se a culpa do que não somos ou não podemos ser fosse sempre do outro, esse bode expiatório que escolhemos quando não podemos nos haver com nossos próprios limites. Ressentir-se é uma impossibilidade de esquecer ou superar um agravo. Seria uma impossibilidade ou uma recusa?
   O ressentido não é alguém incapaz de perdoar ou esquecer, é alguém que não quer esquecer, não quer perdoar, nem superar o mal que o vitimou. O filósofo Max Scheler classifica como “auto envenenamento psicológico” o estado emocional do ressentido, um ser introspectivo ocupado com ruminações acusadoras e fantasias vingativas.
   O ressentido é um escravo de sua impossibilidade de esquecer, vivendo em função de sua vingança adiada, de maneira que em sua vida não é possível abrir lugar para o novo; trata-se de um vingativo passivo, e suas queixas contínuas mobilizam, no outro, confusos sentimentos de culpa. Na verdade, ele acusa, mas não está seriamente interessado em ser ressarcido do agravo que sofreu. No ressentido, permanece uma dívida impagável, a compensação reivindicada é da ordem de uma vingança projetada no futuro. O ressentido é um covarde, pois não concede a si mesmo os prazeres da vingança pelo exercício da ação. Esse desejo de vingança recusado é o núcleo doentio do ressentimento nietzschiano. Uma vez que não se permite reagir, só resta ao fraco ressentir.
   Por não esquecer, o ressentido não consegue entregar-se ao fluxo da vida presente. A memória é como uma doença, o tempo não pode ser detido, a vontade não pode “querer pra trás”, ou seja, corrigir o curso de suas escolhas passadas.
   A solução para o ressentimento não é negá-lo, mas nomeá-lo, informar-se sobre ele, perceber que é impossível não o ter em nós em alguma medida. “Conhece-te a ti mesmo”, foi o conselho dado pelo sábio filósofo Sócrates, no século V a.C. Quem sabe tenhamos a coragem e as ferramentas para compreender essa emoção, e, com isso, podermos nos colocar além do ressentimento. Talvez possamos um dia transformar esse sentimento e, assim, criar um novo modo de estar com o outro.
(Luciana Ribeiro Soubhia, Ressentimento.
Revista Bem-estar, 04-07-2021. Adaptado)

Segundo o texto,

Alternativas
Comentários
  • Não sei vocês, mas eu acho que a dona Vunesp anda pegando mais pesado nas questões de interpretação e compreensão rsrsrs

    RESPOSTA: Letra D

    d) o ressentido debita a outrem seus problemas e nutre sentimento sempre adiado de retaliação.

    "(...)O ressentido é um escravo de sua impossibilidade de esquecer, vivendo em função de sua vingança adiada, de maneira que em sua vida não é possível abrir lugar para o novo; trata-se de um vingativo passivo, e suas queixas contínuas mobilizam, no outro, confusos sentimentos de culpa. Na verdade, ele acusa, mas não está seriamente interessado em ser ressarcido do agravo que sofreu. No ressentido, permanece uma dívida impagável, a compensação reivindicada é da ordem de uma vingança projetada no futuro. 

  • as questoes do tj vao ser assim kkkk

  • É Vunesp ou FGV?

  • Eu acho que está de acordo com o nível de escolaridade exigido. Nas de curso superior a banca cobra questões mais elaboradas.

  • Também pensei que estava fazendo questões da vunesp , e não da ridícula da FGV. kkkkk

  • Gab. D

    "O ressentido debita a outrem seus problemas e nutre sentimento sempre adiado de retaliação"

    O ressentido é um escravo de sua impossibilidade de esquecer, vivendo em função de sua vingança adiada, de maneira que em sua vida não é possível abrir lugar para o novo; trata-se de um vingativo passivo, e suas queixas contínuas mobilizam, no outro, confusos sentimentos de culpa.

  • venha com essa maldade no tjsp não kkkkkkkk

  • Gente...

  • provinha esquisita ein... pelo amor de Deus.

  • Sei lá, essa e) tá muito bonita...

    Trecho do texto: "Por não esquecer, o ressentido não consegue entregar-se ao fluxo da vida presente. A memória é como uma doença, o tempo não pode ser detido"

    O que obtemos desse trecho? O fato de não conseguirmos esquecer dos erros no passado, faz com que não conseguimos nos entregar ao presente.

    E) a recusa do presente é consequência de eventos que causaram dor ao ressentido, impossibilitando-o de reerguer-se.

    Tá, analisando de novo, percebo uma sutil pegadinha. A recusa gera dor ao ressentimento? Confuso...

  • Questão pesada, texto difícil, mas, a palavra "debita" entregou a questão. Vunesp virá firme na PCSP

  • Letra D é o gabarito

    O ressentido é um escravo de sua impossibilidade de esquecer, vivendo em função de sua vingança adiada, de maneira que em sua vida não é possível abrir lugar para o novo. (terceiro parágrafo)

    A o ressentimento dura toda uma vida e dá resolução à ideia de vingança, provocando sensação de justiça.

    Errada. Porque segundo o texto a pessoa com ressentimento pode se libertar, logo o ressentimento pode não durar a vida toda

    B ) os que se ressentem de atos do passado não têm capacidade de ver o próximo como uma vítima semelhante.

    Errada. Mesmo argumento da letra A

    c) o sentimento de culpa que acomete o ressentido só cessa quando ele consegue verbalizar suas frustrações.

    Errada.

    Resposta no último parágrafo:

    A solução para o ressentimento não é negá-lo, mas nomeá-lo, informar-se sobre ele, perceber que é impossível não o ter em nós em alguma medida

    E) a recusa do presente é consequência de eventos que causaram dor ao ressentido, impossibilitando-o de reerguer-se.

    Errada, pois há possibilidade da pessoa dá a volta por cima, segundo o texto

  • Houaiss:

    Creditar 

    1 t.d. e pron. dar ou atribuir-se crédito (no sentido de 'confiança'); garantir ‹para preencher aquele cargo, o chefe creditou-o› ‹seguro, creditava-se na realização das tarefas›

    2 bit. e pron. (prep.: a); fig. atribuir(-se) a causa ou autoria de; considerar(-se) como móvel ou agente de (um fato, processo, condição etc.), ou apresentar(-se) como detentor de (certo traço ou característica) ‹creditavam o insucesso da peça ao mau desempenho dos atores› ‹costumava c.-se um caráter grave e obstinado›

    antônimos:

    debitar, descreditar