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ID
5511457
Banca
UFPel-CES
Órgão
UFPEL
Ano
2021
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Leia o texto a seguir para responder a questão.

LER DEVAGAR
    Para aprender a ler é preciso ler bem devagar, e em seguida é preciso ler bem devagar e, sempre, até o último livro que terá a honra de ser lido por você, será preciso ler bem devagar. É preciso ler devagar um livro tanto para desfrutar dele quanto para se instruir ou para criticá-lo. Flaubert dizia: “Ah! Esses homens do século XVII! Como sabiam latim! Como liam devagar!”. Mesmo sem a intenção de escrever você mesmo, é preciso ler com lentidão o que quer que seja, sempre se perguntando se compreendeu corretamente e se a ideia com que acabou de se deparar é a do autor e não a sua. “É isso mesmo?” deve ser a pergunta contínua que o leitor faz a si mesmo.
    Os filólogos têm uma mania um pouco divertida, mas que parte do melhor sentimento do mundo e que devemos ter e conservar como princípio, como raiz. Eles se perguntam sempre: “É este mesmo o texto? Não seria ergo em lugar de ego, e ex templo em lugar de extemplo? Isso faria diferença”. Essa mania lhes surgiu de um hábito excelente, que é o de ler devagar, que é o de desconfiar do primeiro sentido que se vê nas coisas, que é o de não se abandonar, que é o de não sermos preguiçosos ao ler. Dizem que, no texto de Pascal sobre o ácaro, ao ver o manuscrito, Cousin leu: “nos contornos dessa síntese de abismo”. E como ele o admirou! Como o admirou! Estava escrito: “nos contornos dessa síntese de átomo” o que faz sentido. Cousin, levado por seu entusiasmo romântico, não se perguntou se “síntese de abismo” também fazia. É preciso não ter preguiça ao ler, mesmo uma preguiça lírica.
    Nem precipitação. A precipitação não passa, aliás, de uma forma de preguiça. Nossos pais diziam: “Ler com os dedos”. Isso queria dizer folhear de tal modo que, feitas as contas, os dedos tinham mais trabalho do que os olhos. “O sr. Beyle lia muito com os dedos, o que quer dizer que ele percorria muito mais do que lia, e deparava sempre com o lugar essencial e curioso do livro”. É preciso não pensar muito mal desse método que é o dos homens que são, como Beyle, colecionadores de ideias. Ocorre apenas que esse método tira todo o prazer da leitura e o substitui pelo da caça. Se você quer ser um leitor diletante e não um caçador, seu método precisa ser exatamente o oposto. De forma alguma deve ler com os dedos, nem ler na diagonal, como também se diz de modo bastante pitoresco. Deve ler com um espírito atento e bastante desconfiado de sua primeira impressão.
     Você me dirá que há livros que não podem ser lidos devagar, que não suportam a leitura lenta. E os há, de fato, mas esses são os livros que não é preciso ler em absoluto. Primeira consequência benéfica da leitura lenta: ela faz a separação, desde o início, entre o livro que se deve ler e o livro que só foi feito para não ser lido.
     Ler devagar é o primeiro princípio, e se aplica a toda e qualquer leitura. É como a essência da arte de ler. Há outras? Sim, mas nenhuma se aplica a todos os livros sem distinção. Além de “ler devagar” não há uma arte de ler; há artes de ler, e muito diferentes conforme as diferentes obras. São essas artes de ler que tentaremos sucessivamente destrinchar.
(FAGUET, Émile. A arte de ler. Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2009.)

A respeito do uso da partícula se no excerto “... sempre se perguntando se compreendeu corretamente e se a ideia com que acabou de se deparar é a do autor e não a sua.” (1º parágrafo), é correto afirmar que

Alternativas
Comentários
  • É só trocar o "se" por "isso" para atestar que é uma conjunção subordinativa integrante, introduz uma oração com valor de substantivo. Nesse caso, quem pergunta, pergunta algo a alguém, trata-se de uma oração subordinada substantiva objetiva direta, da mesma forma com a segunda terceira oração que carrega o "se".

    Note que não poderia ser uma conjunção subordinada condicional, pois não há ideia de condição para que nada ocorra na oração.

  • CUIDADO

    A questão não possui gabarito

    Solicita-se classificação das partículas "se" encontradas em:

    “... sempre se perguntando se compreendeu corretamente e se a ideia com que acabou de se deparar é a do autor e não a sua.” 

    Os termos são, respectivamente:

    Pronome reflexivo: "sempre se perguntando" , o termo indica o ato de perguntar a si mesmo, questionar-se.

    Conjunção integrante: "perguntando se compreendeu corretamente e se a ideia", ambos introduzindo oração subordinada substantiva objetiva direta, coordenadas em adição entre si, ao verbo "perguntar".

    Parte integrante do verbo pronominal: "acabou de se deparar", o termo não é pronome reflexivo. O verbo "deparar-se", indicativo de "encontrar subitamente" é pronominal.

    Gabarito da banca na alternativa B

    Gabarito correto ausente

  • Questão sem Gabarito

    Ele se deparou com a ideia e não consigo mesmo. Deparar-se é verbo pronominal pronominal.

  • gab B

    a primeira e a quarta exercem função de pronome reflexivo; a segunda e a terceira exercem função de conjunção integrante.

    mas discordo que a quarta seja pronome reflexivo:

    sempre se perguntando se compreendeu corretamente e se a ideia com que acabou de se deparar é a do autor e não a sua.”

    pra mim, o último "se" é parte integrante do verbo...

  • DEPARAR É REFLEXIVO???

  • Que assunto osso, até as bancas se confundem!

  • “... sempre se perguntando se compreendeu corretamente e se a ideia com que acabou de se deparar é a do autor e não a sua.”

    1° SE - Pronome reflexivo

    2° SE - Conjunção integrante, pois introduz uma oração subordinada substantiva.

    3° SE - Conjunção integrante, pois introduz uma oração subordinada substantiva.

    4° SE- Pronome reflexivo, pois perceba que eu me deparo com a ideia. A ação reflete sobre mim.