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ID
5511466
Banca
UFPel-CES
Órgão
UFPEL
Ano
2021
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Leia o texto a seguir para responder a questão.

LER DEVAGAR
    Para aprender a ler é preciso ler bem devagar, e em seguida é preciso ler bem devagar e, sempre, até o último livro que terá a honra de ser lido por você, será preciso ler bem devagar. É preciso ler devagar um livro tanto para desfrutar dele quanto para se instruir ou para criticá-lo. Flaubert dizia: “Ah! Esses homens do século XVII! Como sabiam latim! Como liam devagar!”. Mesmo sem a intenção de escrever você mesmo, é preciso ler com lentidão o que quer que seja, sempre se perguntando se compreendeu corretamente e se a ideia com que acabou de se deparar é a do autor e não a sua. “É isso mesmo?” deve ser a pergunta contínua que o leitor faz a si mesmo.
    Os filólogos têm uma mania um pouco divertida, mas que parte do melhor sentimento do mundo e que devemos ter e conservar como princípio, como raiz. Eles se perguntam sempre: “É este mesmo o texto? Não seria ergo em lugar de ego, e ex templo em lugar de extemplo? Isso faria diferença”. Essa mania lhes surgiu de um hábito excelente, que é o de ler devagar, que é o de desconfiar do primeiro sentido que se vê nas coisas, que é o de não se abandonar, que é o de não sermos preguiçosos ao ler. Dizem que, no texto de Pascal sobre o ácaro, ao ver o manuscrito, Cousin leu: “nos contornos dessa síntese de abismo”. E como ele o admirou! Como o admirou! Estava escrito: “nos contornos dessa síntese de átomo” o que faz sentido. Cousin, levado por seu entusiasmo romântico, não se perguntou se “síntese de abismo” também fazia. É preciso não ter preguiça ao ler, mesmo uma preguiça lírica.
    Nem precipitação. A precipitação não passa, aliás, de uma forma de preguiça. Nossos pais diziam: “Ler com os dedos”. Isso queria dizer folhear de tal modo que, feitas as contas, os dedos tinham mais trabalho do que os olhos. “O sr. Beyle lia muito com os dedos, o que quer dizer que ele percorria muito mais do que lia, e deparava sempre com o lugar essencial e curioso do livro”. É preciso não pensar muito mal desse método que é o dos homens que são, como Beyle, colecionadores de ideias. Ocorre apenas que esse método tira todo o prazer da leitura e o substitui pelo da caça. Se você quer ser um leitor diletante e não um caçador, seu método precisa ser exatamente o oposto. De forma alguma deve ler com os dedos, nem ler na diagonal, como também se diz de modo bastante pitoresco. Deve ler com um espírito atento e bastante desconfiado de sua primeira impressão.
     Você me dirá que há livros que não podem ser lidos devagar, que não suportam a leitura lenta. E os há, de fato, mas esses são os livros que não é preciso ler em absoluto. Primeira consequência benéfica da leitura lenta: ela faz a separação, desde o início, entre o livro que se deve ler e o livro que só foi feito para não ser lido.
     Ler devagar é o primeiro princípio, e se aplica a toda e qualquer leitura. É como a essência da arte de ler. Há outras? Sim, mas nenhuma se aplica a todos os livros sem distinção. Além de “ler devagar” não há uma arte de ler; há artes de ler, e muito diferentes conforme as diferentes obras. São essas artes de ler que tentaremos sucessivamente destrinchar.
(FAGUET, Émile. A arte de ler. Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2009.)

A alternativa que apresenta um conjunto de palavras acentuadas graficamente pela mesma regra que o vocábulo início (penúltimo parágrafo) é:

Alternativas
Comentários
  • errei a questão por um deslize, a questão gostaria que marcássemos a alternativa que todas as palavras fossem paroxítonas terminadas em ditongo, vamos analisar:

    a) vôlei – fósseis – túneis – fácil

    • vô/lei
    • fós/seis
    • tú/neis
    • fá/cil

    o que matou essa alternativa foi a palavra fácil, que segue a regra de paroxítona terminada em L e foi aí que eu bisonhei, fui seca na alternativa, isso é o que dá a agonia rs.

    b) contemporâneo – área – jóquei – pólen

    • con/tem/po/râ/neo
    • á/rea
    • jó/quei
    • pó/len

    aqui é igual a anterior, todas são paroxítonas, mas a última palavra, ou seja, pólen, é uma parox. terminada em N.

    c) tênues – sábio – nódoa – espontâneo

    • tê/nues
    • sá/bio
    • nó/doa
    • es/pon/tâ/neo

    todas corretas, seguem a regra da paroxítona terminada em ditongo.

    d) indícios– comício – cãibra – elétrons

    • in/dí/cios
    • co/mí/cio
    • cãi/bra
    • e/lé/trons

    aqui a gente já risca a alternativa porque na palavra cãibra não há acento gráfico e sim um nasalizador, ademais, a palavra elétrons não tem ditongo e sim parox terminada em NS.

    e) tábua – móvel – bênção – saúva

    • tá/bu/a
    • mó/vel
    • bên/ção
    • sa/ú/va

    temos aqui uma salada de frutas: proparoxítona, parox terminada em L, parox terminada em ÃO e um hiato respectivamente.

    erros, favor comentar :)

    GAB: C

  • Eu acho que as palavras do item C são acentuadas porque, assim como início, são todas proparoxítonas. Se eu falei besteira, podem me corrigir.

  • A questão exige conhecimento acerca de acentuação gráfica. Sabendo disso, é pedido ao candidato que este assinale a alternativa correta, que possua palavras que justifiquem a mesma regra de acentuação do vocábulo “início”. Tal vocábulo é a acentuado por ser uma palavra paroxítona terminada em ditongo, e toda palavra paroxítona terminada em ditongo, seguido ou não de “-s”, é acentuada. Desse modo, analisemos cada alternativa:

    A)     Alternativa incorreta. Os vocábulos “vôlei”, “fósseis” e “túneis” são acentuados por serem paroxítonos terminados em ditongo, justificando a mesma regra de acentuação do vocábulo “início”, porém “fácil” é acentuado por ser um vocábulo paroxítono terminado em “-l”, o que nos faz considerar a alternativa incorreta segundo o comando da questão;

    B)     Alternativa incorreta. Os vocábulos “contemporâneo”, “área” e “jóquei” são acentuados pelo mesmo motivo do vocábulo “início”, analisado acima, no entanto “pólen” é acentuado por ser um vocábulo paroxítono terminado em “-n”, o que nos faz considerar a alternativa incorreta segundo o comando da questão;

    C)     Alternativa correta. “Tênues”, “sábio”, “nódoa” e “espontâneo” são acentuados por serem paroxítonos terminados em ditongo. Logo, esta alternativa é correta, pois todos os vocábulos da alternativa possuem a mesma regra de acentuação que justifica o emprego do acento agudo no vocábulo “início”;

    D)     Alternativa incorreta. Os vocábulos “indício”, “comício” são acentuados por serem paroxítonos terminados em ditongo em conformidade com o vocábulo “início” em termos de regra de acentuação. “Cãibra” não é acentuado, visto que não se acentua palavra paroxítona terminada em “-a”. Em relação ao diacrítico (o til) sobre a vogal “a”, não configura como acento gráfico, mas sim como um elemento indicador de nasalização. E “elétrons” é acentuado por ser paroxítono terminado em “-on”, seguido de “s”. Portanto, a regra que justifica a acentuação da palavra “elétrons” não é a mesma do vocábulo “início”, o que nos faz considerar a alternativa incorreta;

    E)     Alternativa incorreta. Os vocábulos “tábua” e “bênção” são acentuados por serem paroxítonos terminados em ditongo. Contudo, “móvel” é acentuado por ser um paroxítono terminado em “-l”; e “saúva”, por se aplicar à regra do hiato.

    Gabarito: C

  • Se não estou enganado, a questão trata das palavras acentuadas por serem paroxítonas terminadas em ditongos, que são também as chamadas proparoxítonas ocasionais (acidentais).