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ID
5513992
Banca
VUNESP
Órgão
Prefeitura de Ribeirão Preto - SP
Ano
2021
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Furto em Flor


    Furtei uma flor daquele jardim. O porteiro do edifício cochilava e eu furtei a flor.

    Trouxe-a para casa e coloquei-a no copo com água. Logo senti que ela não estava feliz. O copo destina-se a beber, e flor não é para ser bebida.

    Passei-a para o vaso, e notei que ela me agradecia, revelando melhor sua delicada composição. Quantas novidades há numa flor, se a contemplarmos bem. Sendo autor do furto, eu assumira a obrigação de conservá-la. Renovei a água do vaso, mas a flor empalidecia. Temi por sua vida. Não adiantava restituí-la ao jardim. Nem apelar para o médico de flores. Eu a furtara, eu a via morrer.

    Já murcha, e com a cor particular da morte, peguei-a docemente e fui depositá-la no jardim onde desabrochara. O porteiro estava atento e repreendeu-me:

— Que ideia a sua vir jogar lixo de sua casa neste jardim!

(ANDRADE, Carlos Drummond de. Contos Plausíveis.

In: ANDRADE, Carlos Drummond de. Prosa e Poesia, 8. ed.

Rio de Janeiro: Nova Aguiar, 1992. p. 1266.

Assinale a alternativa em que a concordância verbal e a regência nominal estão em conformidade com a norma-padrão.

Alternativas
Comentários
  • GABARITO: A

    (A) A maior parte das pessoas me condenaria (1), (...) é difícil permanecer alheio a um furto (2). → Correto.

    1- Aqui temos um sujeito partitivo. Eles indicam parte do todo (a grande parte, a maioria, a maior parte etc.). Nestes casos, o verbo pode fazer a concordância de dois modos:

    • A maior parte das pessoas me condenaria
    • A maior parte das pessoas me condenariam

    2- Quem está alheio, está alheio A algo.

     

    (B) Devem haver bons motivos (1) (...) compatíveis as (2) minhas ações. → Errado.

    1- O verbo haver, quando possui sentido de existir, não varia. Quando está em uma locução verbal (verbo auxiliar [deve] + principal [haver]), contamina o auxiliar com a intransitividade. O correto é: "deve haver bons motivos...".

    2- Os motivos são compatíveis com alguma coisa. O correto é: "compatíveis com as minhas ações..."

     

    (C) Plantei-a no vaso, contemplei-a (1), mas os atos não tem (2) sentido se agirmos contrariamente com o que deveríamos (3).

    1- Os pronomes estão bem empregados. Não poderíamos empregar o "lhe", já que o verbo não é transitivo INdireto, pois quem planta, planta algo e quem contempla, contempla algo. Como o verbo é transitivo direto, empregamos o "a" para concordar com o sujeito a que o pronome se refere.

    2- Quem não tem sentido? Os atos. Os atos não tÊm sentido. Quando o sujeito está no plural, o verbo ter deve ser acentuado, assim: "a cidade tem muito lixo" ou "as cidades têm muito lixo". Os derivados deste verbo também devem seguir a mesma regrinha: "você mantém muito lixo em casa" ou "vocês mantêm muito lixo em casa".

     

    (D) Sou eu sofrerei as consequências (...) → Errado. Aqui faltou o pronome relativo "que" entre o sujeito e o verbo. O correto seria: "sou eu que sofrerei" ou "sou eu quem sofrerá"*

    *Complementando: pessoal, não se esqueçam! Na concordância com o pronome indefinido "quem", o verbo, via de regra, ficará na 3ª pessoa do singular (ele), assim:

    • "Foram os ladrões quem fez o assalto"
    • "Fomos nós quem resolveu a questão"

    Nossa! Que horrível esta concordância! rsrs. É a regrinha... decore, pois já caiu. Veja:

    Ano: 2011 Prova: VUNESP - 2011 - TJ-SP - Escrevente Técnico Judiciário

    (E) Somos nós quem paga a conta pelo descaso com a coleta de lixo. → Correto. A concordância do verbo pagar deve ser feita com o pronome "quem": Somos nós quem paga a conta rsrs (ele paga a conta...).

     

    (E) Tratam-se de questões de honra e afeto, apeguei-me à flor, não seria a obediência com as regras (...) → Errado.

    1- Pessoal, não existe "tratam-se de questões" ou, ainda, "precisam-se de empregados". Estas expressões devem ficar no singular, pois não há sujeito na frase. Veja que o sujeito não pode vir preposicionado (de questões, de empregados), logo o verbo não pode concordar com esses carinhas. Devem ficar no singular (trata-se de...)

    2- Quem se apega, se apega A alguma coisa.

    3- Quem tem obediência, tem obediência A alguém. O correto seria: "não seria a obediência às regras..."

     

    Espero ter ajudado.

    Bons estudos! :)

  • B

    Devem haver bons motivos para flor empalidecer, compatíveis as minhas ações.

    deve haver - haver impessoal contamina o auxiliar

    C

    Plantei-a no vaso, renovei sua água, contemplei-a, mas os atos não tem sentido se agirmos contrariamente com o que deveríamos.

    não têm - os atos: plural

    D

    Sou eu sofrerei as consequências de tê-la furtado, sempre acostumado a ter tudo em minhas mãos.

    eu quem sofrerá

    E

    Tratam-se de questões de honra e afeto, apeguei-me à flor, não seria a obediência com as regras que me impediria de devolvê-la ao jardim.

    trata-se de - singular pois não tem sujeito

  • Em expressões partitivas o verbo pode ficar tanto no plural quanto no singular.

  • Conhece hein lek

  • Está tão visível que a letra D está errada, que eu achei que era erro de digitação do Qconcusos não ter o "quem" ali kkk