SóProvas


ID
5517109
Banca
Creative Group
Órgão
Prefeitura de Jequitibá - MG
Ano
2021
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

TEXTO I

São Demasiado Pobres os Nossos Ricos


    A maior desgraça de uma nação pobre é que, em vez de produzir riqueza, produz ricos. Mas ricos sem riqueza. Na realidade, melhor seria chamá-los não de ricos, mas de endinheirados. Rico é quem possui meios de produção. Rico é quem gera dinheiro e dá emprego. Endinheirado é quem simplesmente tem dinheiro. Ou que pensa que tem. Porque, na realidade, o dinheiro é que o tem a ele. 


    A verdade é esta: são demasiado pobres os nossos «ricos». Aquilo que têm, não detêm. Pior: aquilo que exibem como seu, é propriedade de outros. É produto de roubo e de negociatas. Não podem, porém, estes nossos endinheirados usufruir em tranquilidade de tudo quanto roubaram. Vivem na obsessão de poderem ser roubados. Necessitavam de forças policiais à altura. Mas forças policiais à altura acabariam por lançá-los a eles próprios na cadeia. Necessitavam de uma ordem social em que houvesse poucas razões para a criminalidade. Mas se eles enriqueceram foi graças a essa mesma desordem. 


    O maior sonho dos nossos novos-ricos é, afinal, muito pequenito: um carro de luxo, umas efêmeras cintilâncias. Mas a luxuosa viatura não pode sonhar muito, sacudida pelos buracos das avenidas. O Mercedes e o BMW não podem fazer inteiro uso dos seus brilhos, ocupados que estão em se esquivar entre chapas, muito convexos e estradas muito côncavas. A existência de estradas boas dependeria de outro tipo de riqueza. Uma riqueza que servisse a cidade. E a riqueza dos nossos novos-ricos nasceu de um movimento contrário: do empobrecimento da cidade e da sociedade. 


    As casas de luxo dos nossos falsos ricos são menos para serem habitadas do que para serem vistas. Fizeram-se para os olhos de quem passa. Mas ao exibirem-se, assim, cheias de folhos e chibantices, acabam atraindo alheias cobiças. Por mais guardas que tenham à porta, os nossos pobres-ricos não afastam o receio das invejas e dos feitiços que essas invejas convocam. O fausto das residências não os torna imunes. Pobres dos nossos riquinhos! 


    São como a cerveja tirada à pressão. São feitos num instante, mas a maior parte é só espuma. O que resta de verdadeiro é mais o copo que o conteúdo. Podiam criar gado ou vegetais. Mas não. Em vez disso, os nossos endinheirados feitos sob pressão criam amantes. Mas as amantes (e/ou os amantes) têm um grave inconveniente: necessitam de ser sustentadas com dispendiosos mimos. O maior inconveniente é ainda a ausência de garantia do produto. A amante de um pode ser, amanhã, amante de outro. O coração do criador de amantes não tem sossego: quem traiu sabe que pode ser traído.


Mia Couto, in 'Pensatempos'


http://www.citador.pt/textos/sao-demasiado-pobres-os-nossosricos-mia-couto..



“Aquilo que têm, não detêm”. Os verbos “têm” e “detêm” recebem acento circunflexo porquê?

Alternativas
Comentários
  • A verdade é esta: são demasiado pobres os nossos «ricos». Aquilo que têm, não detêm.

    Estão no plural e precisam ser diferenciados da forma verbal no singular.

    Gabarito D

  • A questão é de acentuação e quer saber por qual motivo os verbos “têm” e “detêm” recebem acento circunflexo. Vejamos:

     .

    A) São palavras oxítonas terminam em “EM”.

    Errado. "Têm" é um monossílabo (possui apenas uma sílaba). As oxítonas terminadas em "em" que são acentuadas são as que têm duas ou mais sílabas.

    Oxítonas: a sílaba tônica é a última. Acentuam-se as oxítonas terminadas em A, E, O (S), mesmo quando seguidas de LO(S), LA(S); e as terminadas em EM, ENS (com duas ou mais sílabas). Acentuam-se também as oxítonas terminadas com ditongos abertos ÉI, ÓI e ÉU, seguidas ou não de “s”.

     .

    B) São palavras paroxítonas terminadas em “EM”.

    Errado. Não são palavras paroxítonas.

    Paroxítonas: a sílaba tônica é a penúltima. Acentuam-se as paroxítonas terminadas em l, n, r, x, i(s), u(s), ps, ã(s), ão(s), ei(s), ons, um, uns, ditongo (crescente ou decrescente), seguido ou não de "s".

     .

    C) Estão no singular e precisam ser diferenciadas da forma verbal no plural.

    Errado. Não estão no singular, mas, sim, no plural.

     .

    D) Estão no plural e precisam ser diferenciados da forma verbal no singular.

    Certo. Trata-se do acento diferencial. A diferença entre "tem/detém" e "têm/detêm" é simples: os primeiros se usam no singular e os segundos, no plural.

    "Tem" é a 3ª pessoa do singular do verbo "ter" no presente do indicativo (ele tem).

    "Têm" é a 3ª pessoa do plural do verbo "ter" no presente do indicativo (eles têm).

    "Detém" é a 3ª pessoa do singular do verbo "deter" no presente do indicativo (ele detém).

    "Detêm" é a 3ª pessoa do plural do verbo "deter" no presente do indicativo (eles detêm).

     .

    Gabarito: Letra D

  • O acento diferencial é aplicado também no verbos derivados de ter ou, por exemplo, detêm é acentuado pelo acento diferencial ou pela regra da oxítona?

  • GAB-D

    Estão no plural e precisam ser diferenciados da forma verbal no singular.

    TEM -----TÊM

    SING--------PLURAL

    ESTUDE ENQUANTO A PANELA DE PRESSÃO EXPLODE NO FOGÃO!!!!

  • O correto seria "por quê" fim de frase interrogativa....