SóProvas


ID
5522071
Banca
Máxima
Órgão
Prefeitura de Heliodora - MG
Ano
2021
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Leia o texto a seguir.
A construção da convivência

    O Estado democrático de direito, essa engenhosa invenção política e social que garante a convivência civilizada mesmo em situações de conflito e de confronto, é uma planta frágil. Não basta que ele esteja inscrito nas constituições ou que seja professado nos programas dos partidos políticos. É preciso que a prática cotidiana dos governos, das organizações sociais e dos cidadãos ajude a formar uma barreira que impeça que essa fragilidade seja vencida pela violência. Fatos recentes, especialmente em nosso Estado, mostram que não está havendo esse cuidado.
    Uma série de acontecimentos atesta essa estranha tolerância com a ilegalidade e a violência. Aí estão o episódio da invasão da delegacia regional do Ministério da Agricultura, as frequentes ocupações do prédio do Incra, a inoperância do aparelho estatal quando ele é exigido, a depredação de um estabelecimento comercial à vista da autoridade policial, a invasão de um hotel em que falaria uma autoridade do Poder Judiciário, a ocupação de propriedades rurais ou a destruição de lavouras de experimentação genética. Em comum em todos esses episódios há, em primeiro lugar, uma quebra dos limites democráticos e a omissão mal explicada do poder público.
    A sociedade gaúcha, que tem uma história a zelar, aprendeu à custa de sacrifícios humanos e materiais que a democracia e o respeito aos direitos são o único caminho para evitar a desagregação e a violência. A questão dos limites das manifestações e dos protestos está surgindo como elemento crucial para a manutenção de padrões urbanos a serem dotados pelos cidadãos. O risco gerado pelas posturas quase anárquicas de algumas organizações é de que, à margem do Estado de direito, surjam reações igualmente anárquicas e igualmente condenáveis. Não se trata, pois, de analisar essas quebras de limites do ponto de vista de sua extração política ou de suas motivações ideológicas. Trata-se sim de vê-las do ponto de vista geral de uma sociedade que precisa de tranquilidade para desenvolver-se e que tem o direito de exigir dos governos manutenção da segurança dos limites democráticos.
    A história brasileira e gaúcha recente tem demonstrado que o país soube vencer o teste dos limites e lançar os fundamentos de uma sociedade pluralista e democrática, ao mesmo tempo que está, mal ou bem, dando razão às reivindicações dos excluídos. O conflito, que é essencial para o crescimento e o progresso das sociedades, precisa ser contido dentro de limites aceitáveis sob pena de se transformar num elemento patológico de perturbação social. Cabe ao poder público, por delegação constitucional, exercer uma mediação produtiva, usando para isso dos instrumentos normais que o Estado de direito só concede aos governantes constituídos. Abrir mão dessa função será abdicar da função de governar para todos.
Zero Hora, Porto Alegre – 2001. 

“Uma série de acontecimentos atesta essa estranha tolerância com a ilegalidade e a violência”. O processo de formação que sofreu a palavra destacada nesse trecho foi:

Alternativas
Comentários
  • GABARITO: C.

    ilegalidade

    Trata-se de derivação por acréscimo de prefixo e de sufixo. Mesmo caso de infelizmente.

    Afixos são elementos de composição das palavras que não são fixos. Eles se agregam ao radical para acrescentar nova informação. Podem ser de dois tipos:

    • Prefixos: antes do radical. Ex.: desleal; e
    • Sufixos: depois do radical. Ex.: lealdade.

    Faça das dificuldades sua motivação!

  • Só lembrando que quando eu tirou um afixo ou sufixo e a palavra restante existir, trata-se de uma derivação prefixal e sufixal, caso contrário, é uma derivação parassintática

  • o BIZU é ler a palavra sem um dos acréscimos, seja prefixo ou sufixo, e se ainda tiver sentido, trata - se de derivação prefixal e sufixal.

    caso contrário, será uma derivação parassintética.

  • Acrescentando:

    A derivação prefixal e sufixal existe quando um prefixo e um sufixo são acrescentados à palavra primitiva de forma independente, ou seja, mesmo sem a presença de um dos afixos a palavra continua tendo significado.

    Parassintética:

    derivação parassintética ocorre quando um prefixo e um sufixo são acrescentados à palavra primitiva de forma dependente, ou seja, os dois afixos não podem se separar, devendo ser usados ao mesmo tempo, pois sem um deles a palavra não se reveste de nenhum significado.

  • A questão exige conhecimento acerca de processo de formação de palavras, sobretudo derivação e composição. Sabendo disso, é pedido ao candidato que este assinale a alternativa que determine o processo aplicado à palavra “ilegalidade”. Desse modo, vejamos cada alternativa:

     

    A – Alternativa incorreta. Derivação prefixal é um processo que permite adjunção de um afixo posto anteriormente à palavra-base, o que não acontece com a palavra “ilegalidade”, pois, se fosse apenas derivação prefixal, a palavra seria “ilegal”;

     

    B – Alternativa incorreta. Derivação parassintética é um processo que permite adjunção de um prefixo e um sufixo simultaneamente de maneira dependente. Isso porque, ao retirar uma desses afixos da palavra derivada, resultará uma palavra inexistente na língua. Sabendo que as palavras “ilegal” e “legalidade” compõem o léxico na língua, por conseguinte a palavra “ilegalidade” não decorre da derivação parassintética;

     

    C – Alternativa correta. O processo aplicado à palavra “ilegalidade” é uma derivação prefixal e sufixal por excelência, considerando que tanto a palavra “ilegal” quanto “legalidade” compõem o acerco de palavras existentes na língua portuguesa. É um processo que se aproxima, em certa medida, do processo de derivação parassintética, porém há diferença como foi explicado acima na alternativa B. Portanto, tenha cuidado para não confundir esses dois processos dicotômicos;

     

     

    D – Alternativa incorreta. A palavra “ilegalidade” é resultado de um processo derivativo e não composicional, uma vez que tal palavra é formada a partir de uma única palavra (“legal”), ao contrário dos processos composicionais que consistem em combinar linearmente duas ou mais palavras pré-existentes na língua para forma um novo vocábulo, como “beija-flor”, “aguardente”. 

     

    Gabarito: C