SóProvas


ID
5538817
Banca
VUNESP
Órgão
SES - PB
Ano
2021
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Leia a crônica de Marcos Rey para responder à questão.


Salas de espera

   Mesmo com decoração agradável, ar-refrigerado, sorrisos de uma atendente sexy, ficar plantado numa sala de espera é mais chato do que campeonato de boliche. Seus personagens não são muito variados: crianças que não param de se mexer; enxeridos loucos pela intimidade das pessoas; leitores compulsivos de revistas...
   Mas houve uma sala de espera terrível na minha vida. Precisava de emprego. Desesperadamente. Não fora o primeiro a chegar, sempre há os que chegam antes. Fiquei horas com os olhos fixos na porta da esperança. O mais madrugador entrou como se fosse dono do emprego, saiu de cabeça baixa, perdidão. O segundo, que levava à mão um currículo enorme, deixou a entrevista picando-o com ódio em mil pedacinhos.
   Minha vez. Entrei trêmulo, pálido, derrotado. O empresário abriu os braços, sorrindo. Conhecia-me. Conhecia-o. Rodolfo! Não o sabia também dono daquilo! Meu dia de sorte! 
   – É você? Aqui está seu maior fã! Li dois livros seus. Minha mulher disse que sairá outro. Serei o primeiro a comprar.
   Abraçados, senti que o mundo afinal acolhia este aquariano.
   – Estava na sala de espera desde as 2, Rodolfo.
   – Por que não mandou me avisar? Eu o receberia imediatamente. Não calcula como o admiro.
   – Agora estou precisando de um emprego, amigo. A vida está dura.
   – Dura? Está duríssima! Insuportável – confirmou, com uma pequena ressalva – mas não para os artistas. Vocês não sofrem nossos problemas. Devem rir da gente, reles homens de negócio. Como gostaria de ter talento para escrever! Viveria com pouco dinheiro, porém feliz. Eu aqui sou um mártir dos números.
   – O que poderia me arranjar, Rodolfo? Estou encalacrado. Qualquer coisa serve – revelei humilde.
   Ele lançou-me um olhar mais sábio do que compadecido:
   – Eu não o desviaria de sua vocação com um empreguinho. Conserve-se fora da maldita engrenagem.
   E confessou:
   – Hoje ganhei o dia, vendo-o. Vou acompanhá-lo ao elevador.
   – Mas Rodolfo...
   – Faço questão.
(Coleção melhores crônicas – Marcos Rey.
Seleção Anna Maria Martins. Global, 2010. Adaptado)

Assinale a alternativa correta quanto à concordância verbal e nominal determinada pela norma-padrão.

Alternativas
Comentários
  • GABARITO: B

    a) Aguardar horas em salas de espera não são tarefa prazerosas. → Errado. O que não é tarefa prazerosa? Aguardar horas em salas de espera. Aguardar não é tarefa prazerosa. Veja que temos um sujeito oracional (um verbo no lugar do sujeito). Nestes casos, o verbo ficará no singular. Além disso, "prazerosa" deve concordar com "tarefa" (o que não é prazeroso? A tarefa. A tarefa não é prazerosa).

    • Dica: Quando o sujeito for um verbo, substitua por isso para perceber a concordância: O que não é tarefa prazerosa? Aguardar horas em salas de espera. Aguardar não é tarefa prazerosa. ISSO (aguardar) não é tarefa prazerosa.

     

    b) Faltaram alguns candidatos à entrevista de emprego na renomada empresa. → Correto. Quem faltou à entrevista de emprego? Alguns candidatos. Alguns candidatos faltaram à entrevista. Sujeito no plural, verbo no plural, certo?

     

    c) Habitualmente existe revistas variadas à disposição nas salas de espera. → Errado. O que existe? Revistas. Revistas existem.

     

    d) Toda a esperança do autor estava depositado na aquisição de um novo emprego. → Errado. O que estava depositado na aquisição de um novo emprego? Toda a esperança do autor. A esperança do autor estava DEPOSITADA na aquisição do emprego.

     

    e) Rodolfo se entusiasmou ao rever o colega, pois se conhecia de longa data. → Errado. Aqui, pessoal, precisamos recorrer à interpretação: Quem se conhecia de longa data? Rodolfo e o colega. Rodolfo e o colega (eles) se conheciam de longa data.

      

    Espero ter ajudado.

    Bons estudos! :)

  • Concordância nominal: flexão dos adjuntos em relação ao(s) substantivo(s) a que se referem;

    Concordância verbal: flexão do verbo em relação ao(s) núcleo(s) do sujeito.

    Solecismo de concordância: vício de linguagem em que se flexionam erroneamente o(s) adjunto(s) e/ou verbo(s) em relação ao(s) núcleo(s).

    a) Aguardar horas em salas de espera não são tarefa prazerosas.

    Incorreto. Consta solecismo de concordância verbal e de regência. O sujeito do período acima é oracional (em forma de oração), de modo que o verbo "ser" deve flexionar-se na terceira pessoa do singular e o adjetivo "prazeroso" deve concordar com o núcleo "tarefa", ou seja, no singular feminino. Correção: "Aguardar horas em salas de espera não é tarefa prazerosa";

    b) Faltaram alguns candidatos à entrevista de emprego na renomada empresa.

    Correto. Os adjuntos concordam corretamente com seus respectivos substantivos e o verbo "faltar" concorda corretamente com o núcleo do sujeito "candidatos";

    c) Habitualmente existe revistas variadas à disposição nas salas de espera.

    Incorreto. Consta solecismo de concordância verbal. Essa banca se afeiçoou a colocar esse verbo em provas. Lembre-se: o verbo "existir" é sempre pessoal e intransitivo e, em geral, seu sujeito aparecerá posposto. Correção: "Habitualmente existem revistas...";

    d) Toda a esperança do autor estava depositado na aquisição de um novo emprego.

    Incorreto. Consta solecismo de regência nominal: o adjunto adnominal "depositado" não concorda com o substantivo "esperança". Correção: "Toda a esperança do autor estava depositada...";

    e) Rodolfo se entusiasmou ao rever o colega, pois se conhecia de longa data.

    Incorreto. Consta solecismo de concordância verbal. O verbo "conhecer" deve concordar com a ideia de plural, visto que o conhecimento é mútuo: um conhece o outro. Correção: "Rodolfo se entusiasmou ao rever o colega, pois se conheciam..."

    Letra B

  • Shelking, eu fiquei com dúvida na primeira alternativa:

    "Aguardar horas em salas de espera não são tarefa prazerosa." 

    Eu sei que está com erro de concordância, é inegável. A minha dúvida é: como sei o que é sujeito e o que é predicativo? Se puder me ajudar agradeço muito!!

  • Sociedade Grã-Ordem Kavernista, meu comentário será extenso, alerto-o de antemão; contudo, você aprenderá definitivamente diferenciar sujeito e predicativo do sujeito quando o verbo "ser" conectar ambos.

    Inicialmente, faz-se imperioso citar: há casos em que se concorda com o sujeito, com o predicativo do sujeito ou com qualquer um dos dois. Sua dúvida é específica, de modo que não me debruçarei sobre cada caso. Analisemos, de saída, esta frase:

    "Um exemplo de aplicação dos princípios ergonômicos são os telefones com teclas."

    À primeira vista, parece-nos evidente que o sujeito é "um exemplo de aplicação dos princípios ergonômicos", contudo devemos fazer uma análise detida para dissolver esse equívoco. Há uma forma simplória de discriminar sujeito de predicativo do sujeito. Sempre que se instaurar essa dúvida, substitua um dos segmentos da estrutura pelo pronome demonstrativo "o". O segmento substituído pelo referido pronome será o predicativo do sujeito. Exemplifiquemos:

    a) Joana era a mais alta turma.

    Conferindo uma redação nova: Joana era a mais alta da turma, mas eu não o era ( = mais alta da turma).

    Logo, "a mais alta da turma", termo substituído pelo pronome "o", é o predicativo do sujeito, ao passo que "Joana" é o sujeito;

    b) Uma grande conquista na vida é a felicidade.

    Conferindo nova redação: Uma grande conquista na vida é a felicidade, mas o sucesso também o é ( = uma grande conquista na vida).

    Logo, "uma grande conquista na vida", termo substituído pelo pronome "o", é o predicativo do sujeito, enquanto "a felicidade" é o sujeito.

    c) Sócrates era um homem sábio.

    Conferindo nova redação: Sócrates era um homem sábio, mas Platão igualmente o era ( = um homem sábio).

    Logo, "um homem sábio", termo substituído pelo pronome "o", é o predicativo do sujeito e "Sócrates", o sujeito.

    Vale frisar que os segmentos "mas eu não o era", da frase em A, "mas o sucesso também o é", da frase B, e "mas Platão igualmente o era" foram escolhas pessoais de quem redige esta explicação. Você pode recorrer a qualquer estrutura de seu gosto, contanto que consiga fazer a substituição pelo pronome demonstrativo "o".

    Agora, resgatemos a estrutura do enunciado:

    "Um exemplo de aplicação dos princípios ergonômicos são os telefones com teclas."

    "Um exemplo de aplicação dos princípios ergonômicos são os telefones com teclas, mas as televisões não o são ( = Um exemplo de aplicação dos princípios ergonômicos)

    Logo, "um exemplo de aplicação dos princípios ergonômicos" é o predicativo do sujeito, ao passo que segmento "os telefones com teclas" é o sujeito. É com este que o verbo "ser" concorda.

    Avaliemos agora a frase dessa questão da Vunesp:

    "Aguardar horas em salas de espera não são tarefa prazerosas."

    Já nos é sabido que ela apresenta incorreção quanto às concordâncias, então corrijamos os vícios:

    "Aguardar horas em sala de espera não é tarefa prazerosa."

    Reescrevendo: "Aguardar horas em salas de espera não é tarefa prazerosa, mas a falta de um médico também não o é ( = tarefa prazerosa). Logo, "aguardar horas em salas de espera" é o sujeito e "não é tarefa laboriosa" é o predicativo do sujeito. Compreende? Abraço!

  • Mas o verbo faltar na letra B num é intransitivo, no caso ele está como transitivo indireto? Tipo alguns candidatos faltaram ( a) exigindo a preposição e formando a crase.(à entrevista) Errei a questão porque pensava que Faltar fosse sempre intransitivo. Quem soube e pude me dar uma luz.
  • Coitado do rapaz... Assim são muitos de nós.

  • Só reforçando

    "Rodolfo se entusiasmou ao rever o colega, pois se conhecia de longa data."

    Como os colegas já comentaram, a forma verbal deveria ser "conheciam"

    Acredito também que poderia ser assim uma construção correta

    "Rodolfo se entusiasmou ao rever o colega, pois o conhecia de longa data." - nesse caso, Rodolfo conhecia o colega de longa data; acredito que essa construção também esteja correta.

    Corrijam-me se eu estiver equivocado.