SóProvas


ID
5568361
Banca
INSTITUTO AOCP
Órgão
FUNPRESP-JUD
Ano
2021
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Filosofia em dois desenhos

    Fui caminhar. E na calçada me deparei com um estranho indivíduo. Carregava um saco plástico enorme que, pelo perfil do conteúdo, calculei estivesse cheio de latinhas. Mal acabei de pensar, o homem se acocorou na calçada. Extraiu de alguma parte uma pedra branca parecendo ser cal prensada, e com ela começou a desenhar no cimento.
    Parei para ver, atraída pelo ritual que se esboçava. O homem desenhou dois círculos um diante do outro, quase encostados, e dentro deles desenhou duas setas convergentes.
    Levantou-se, olhou sua obra com satisfação, andou cinco ou seis passos e, novamente, se acocorou. Continuava com a pedra de cal na mão.
    Mas o desenho que fez foi diferente. Riscou dois traços, colocados na mesma distância dos dois círculos, e atrás deles desenhou duas setas que apontavam uma para a outra.
    Segui adiante refletindo sobre o que havia presenciado. A primeira coisa que me veio à cabeça foi a Serra da Capivara, que visitei numa ida a Teresina para algum congresso ou palestra. Trouxe de volta a louça que a arqueóloga franco-brasileira Niéde Guidon, há muitos anos responsável pelo sítio arqueológico, ensinou os locais a fazerem para terem uma fonte de subsistência. Louça com impressos os mesmos desenhos estampados na rocha, que se acredita serem vestígios de uma cultura paleoamericana. Pois, como um ser primitivo, o homem havia estampado seus pensamentos e sua visão interior na mais moderna das rochas: o cimento.
    Havia reparado que o homem estava muito sujo e desgrenhado. Calçava havaianas de sola já bem fininha e roupas indefinidas. Provavelmente era mais um morador de rua. E como morador de rua, usava a mesma calçada em que dormia para se expressar. Usava a calçada, único bem que lhe pertencia, como se fosse papel para desenhar ou escrever. Porque não há dúvida de que, ao desenhar, aquele homem estava escrevendo.
    Estava escrevendo a sua dificuldade para se comunicar. Preso dentro de um círculo, pouco adiantava que as setas apontassem em direção uma da outra. Ele não conseguia obedecer à ordem das setas, pois continuava contido pela linha que delimitava o círculo.
    Coisa idêntica dizia o segundo desenho, agora com um traço, uma parede, um muro, impedindo-o de obedecer ao comando das setas.
    Pode até ser que o homem, através de seus desenhos estivesse desenvolvendo uma teoria filosófica sobre a incomunicabilidade dos seres humanos. Que, se por um lado não conseguem viver sozinhos (significado das setas instando à comunicação), por outro lado não conseguem se entender (significado dos círculos e dos traços impeditivos).
    Avançando nessa teoria, chegaríamos à conclusão de que tudo o que é coletivo resvala no pessoal. Assim como os desenhos do homem, tão íntimos e pessoais, destinavam-se a quem quer que passasse naquela exata calçada de Ipanema.

Adaptado de: https://www.marinacolasanti.com/2021/09/filosofiaem-dois-desenhos.html [Fragmentos]. Acesso em: 18 set. 2021.

Considerando os aspectos linguísticos do texto de apoio e os sentidos por eles expressos, julgue o seguinte item. 


Na frase “Porque não há dúvida de que, ao desenhar, aquele homem estava escrevendo.”, em caso de pluralização de “dúvida”, o verbo “haver” também deve ir para o plural, concordando com seu sujeito.

Alternativas
Comentários
  • Gab: E

    Verbo haver com sentido de exitir é impessoal. Por outro lado, o existir pode ir para o plural.

    (CESPE) Trocando-se haver por existir (17), o verbo existir deve vir no plural, concordando com "pessoas", da seguinte forma: Existem pessoas que desperdiçam muito dinheiro. (CERTO)

  • A questão é de concordância e quer que analisemos a afirmativa abaixo. Vejamos:

     .

    Na frase “Porque não há dúvida de que, ao desenhar, aquele homem estava escrevendo”, em caso de pluralização de “dúvida”, o verbo “haver” também deve ir para o plural, concordando com seu sujeito.

     .

    Se "dúvida" for para o plural, o verbo "haver" deverá permanecer no singular, já que, nesse caso, ele é impessoal, e por não possuir sujeito ele deve ficar na 3ª pessoa do singular ("há"): "Porque não há DÚVIDAS de que...".

     .

    Gabarito: Errado

     

  • fab e!

    Verbo haver na terceira pessoa do singular. invariável nos seguintes casos

    a) quando significa existir.

    Ex.:  pessoas de bom coração.

    b) quando possui o sentido de acontecer, suceder.

    Ex.: Houve casos difíceis na minha profissão de médico.

    c) quando significa decorrer, fazer, em relação ao tempo passado.

    Ex.:  semanas que não o vejo.

    CASO EM QUE O VERBO HAVER VAI VARIAR PARA PLURAL

    Locução verbal:

    a) quando serve de verbo auxiliar para um verbo pessoal.

    Os bandidos haviam fugido da penitenciária

    BECHARA, Evanildo. Moderna gramática portuguesa. 38 ed. rev. ampl. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2015.

  • Sem utilidade o meu comentário , mas o Instituto AOCP fez uma prova excelente.

  • VERBO HAVER IMPESSOAL NO SENTIDO DE EXISTIR, OCORRER E ACONTECER

  • Gabarito: Errado

    Verbo haver no sentido de existir, não é flexionado para o plural.

  • Considerando os aspectos linguísticos do texto de apoio e os sentidos por eles expressos, julgue o seguinte item. 

    Na frase “Porque não há(existe) dúvida de que, ao desenhar, aquele homem estava escrevendo.”, em caso de pluralização de “dúvida”, o verbo “haver” também deve ir para o plural, concordando com seu sujeito.

    Certo

    Errado, verbo haver no sentido de existir não tem sujeito.

    Frisando a loc. verbal: Hão de existir pessoas naquela casa.

    Utilização coloquial do verbo ter: “moça, tem(há) pão? Tem(existe ou há) alguém aqui neste lugar?(reserva para este lugar)?” 

  • O verbo é impessoal e invariável!

  • HAVER NO SENTIDO DE EXISTIR É IMPESSOAL

  • O verbo haver (no sentido de existir, ocorrer e acontecer) não possui sujeito, somente objeto (VTD), logo não deve concordar com nenhum termo. É impessoal.

  • Minha contribuição.

    Verbos impessoais: são aqueles que não possuem sujeito, sendo conjugados apenas na terceira pessoa do singular.

    Ex.: Havia muitos chocolates para as crianças. (existir)

    Ex.: Tinha muitos chocolates para as crianças. (existir)

    Obs.: o verbo existir não é impessoal.

    Abraço!!!

  • o verbo HAVER NO SENTIDO DE EXISTIR É IMPESSOAL!

  • Tipo de questão mais clássica do português em concursos.. errar nela só é justificável para iniciantes.. do contrário reveja seus estudos.. verbo Haver no sentido de existir sempre é impessoal, portanto invariável.. Assim como verbos haver e fazer no sentido de tempo decorrido: "Faz dez anos que não tomo banho de cachoeira"

  • GABARITO: ERRADO

    O verbo haver no sentido de EXISTIR é INVARIÁVEL.

    Ex¹: alunos aprovados nesse concurso.

    EXISTEM alunos aprovados nesse concurso.

    Tenha atenção quando houver locução verbal, será a exceção à regra.

    Ex²: Eles Haviam sido aprovados no de olho na vaga, mas tudo mudou quando saiu o gabarito oficial

    pertencelemos!

  • O sujeito do verbo: EXISTIR é o objeto direto do verbo HAVER.

    EX: há uma propriedade. (uma propriedade) O.DIRETO do verbo. verbo transitivo direto.

    existe uma propriedade. (uma propriedade) SUJEITO do verbo existir