SóProvas


ID
5583049
Banca
CESPE / CEBRASPE
Órgão
SEFAZ-RR
Ano
2021
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Texto CG1A1-I


    Começarei por vos contar em brevíssimas palavras um fato notável da vida camponesa ocorrido numa aldeia dos arredores de Florença há mais de quatrocentos anos. Permito-me pedir toda a vossa atenção para este importante acontecimento histórico porque, ao contrário do que é corrente, a lição moral extraível do episódio não terá de esperar o fim do relato, saltar-vos-á ao rosto não tarda.

    Estavam os habitantes nas suas casas ou a trabalhar nos cultivos quando se ouviu soar o sino da igreja. O sino ainda tocou por alguns minutos mais, finalmente calou-se. Instantes depois a porta abria-se e um camponês aparecia no limiar. Ora, não sendo este o homem encarregado de tocar habitualmente o sino, compreende-se que os vizinhos lhe tenham perguntado onde se encontrava o sineiro e quem era o morto. “O sineiro não está aqui, eu é que toquei o sino”, foi a resposta do camponês. “Mas então não morreu ninguém?”, tornaram os vizinhos, e o camponês respondeu: “Ninguém que tivesse nome e figura de gente, toquei a finados pela Justiça porque a Justiça está morta”.

    Que acontecera? Acontecera que o ganancioso senhor do lugar andava desde há tempos a mudar de sítio os marcos das estremas das suas terras. O lesado tinha começado por protestar e reclamar, depois implorou compaixão, e finalmente resolveu queixar-se às autoridades e acolher-se à proteção da justiça. Tudo sem resultado, a espoliação continuou. Então, desesperado, decidiu anunciar a morte da Justiça. Não sei o que sucedeu depois, não sei se o braço popular foi ajudar o camponês a repor as estremas nos seus sítios, ou se os vizinhos, uma vez que a Justiça havia sido declarada defunta, regressaram resignados, de cabeça baixa e alma sucumbida, à triste vida de todos os dias.

    Suponho ter sido esta a única vez que, em qualquer parte do mundo, um sino chorou a morte da Justiça. Nunca mais tornou a ouvir-se aquele fúnebre dobre da aldeia de Florença, mas a Justiça continuou e continua a morrer todos os dias. Agora mesmo, neste instante, longe ou aqui ao lado, à porta da nossa casa, alguém a está matando. De cada vez que morre, é como se afinal nunca tivesse existido para aqueles que nela tinham confiado, para aqueles que dela esperavam o que da Justiça todos temos o direito de esperar: justiça, simplesmente justiça. Não a que se envolve em túnicas de teatro e nos confunde com flores de vã retórica judicialista, não a que permitiu que lhe vendassem os olhos e viciassem os pesos da balança, não a da espada que sempre corta mais para um lado que para o outro, mas uma justiça pedestre, uma justiça companheira cotidiana dos homens, uma justiça para quem o justo seria o mais rigoroso sinônimo do ético, uma justiça que chegasse a ser tão indispensável à felicidade do espírito como indispensável à vida é o alimento do corpo. Uma justiça exercida pelos tribunais, sem dúvida, sempre que a isso os determinasse a lei, mas também, e sobretudo, uma justiça que fosse a emanação espontânea da própria sociedade em ação, uma justiça em que se manifestasse, como um iniludível imperativo moral, o respeito pelo direito a ser que a cada ser humano assiste.

José Saramago. Este mundo da injustiça globalizada.

Internet:<dominiopublico.gov.br> (com adaptações).

Mantendo-se os sentidos do último período do terceiro parágrafo do texto CG1A1-I, a expressão “havia sido” poderia ser substituída por

Alternativas
Comentários
  • De acordo com a norma padrão da Língua Portuguesa, não há diferença entre havia ou tinha. Ambos os termos estão corretos e podem ser utilizados, pois possuem o mesmo significado. É bastante comum usar o verbo ter no lugar de haver, e essa substituição não atrapalha o entendimento da frase. Veja alguns exemplos: 

    - Ela tinha estudado muito. 

    - Ela havia estudado muito.

    - Tinha pessoas demais na sala.

    - Havia pessoas demais na sala. 

    Importante ressaltar que o verbo haver como auxiliar e no sentido de 'ter' deverá concordar com o sujeito. Ou seja, o verbo poderá sofrer flexão para o plural. Veja:

    -Elas haviam incentivado a amiga a prestar concurso público naquele ano. 

    -Quando cheguei no escritório, percebi que os meus colegas haviam saído para almoçar.

    Fonte: E+B Educação | Gabriele Silva

  • Gabarito B

  • GABA: B

    PRETÉRITO MAIS Q PERFEITO COMPOSTO

    (QC) - .....a Justiça TINHA SIDO (FORA) declarada ou a Justiça HAVIA SIDO declarada

    • TINHA SIDO ou HAVIA SIDO = FORA = Verbo SER (QC)
    • TINHA COMIDO ou HAVIA COMIDO = COMERA = Verbo COMER

    Ex.: João HAVIA COMIDO a fruta = João COMERA a fruta

    • TINHA COMPRADO ou HAVIA COMPRADO = COMPRARA = Verbo COMPRAR

    Ex.: João HAVIA COMPRADO a fruta no mercado = João COMPRARA a fruta no mercado

    bons estuds

  • Não há diferenças entre tinha sido por havia sido, portanto é a letra B.

    Quem ficou em dúvidas em relação a letra D, o correto seria a forma verbal "fora", uma vez que a declaração de morte da justiça pelo camponês é um fato anterior aos acontecimentos narrados, exemplo: "Não sei o que sucedeu depois, não sei se o braço popular foi ajudar o camponês a repor as estremas nos seus sítios, ou se os vizinhos, uma vez que a Justiça havia sido (fora) declarada defunta, regressaram resignados, de cabeça baixa e alma sucumbida, à triste vida de todos os dias".

  • Verbo ter ou haver conjugados no pretérito imperfeito do indicativo + particípio forma o pretérito mais-que-perfeito composto.

  • Nesse caso, poderia ser tanto "tinha sido", quanto "fora". Já que não temos essa segunda opção, vamos da primeira.

  • De acordo com a norma padrão da Língua Portuguesa, não há diferença entre havia ou tinha. Ambos os termos estão corretos e podem ser utilizados, pois possuem o mesmo significado. É bastante comum usar o verbo ter no lugar de haver, e essa substituição não atrapalha o entendimento da frase.

    fonte: https://www.educamaisbrasil.com.br/educacao/dicas/havia-ou-tinha-qual-e-o-certo

  • Mesmo matiz semântico: tinha sido e havia sido.

  • A) Fosse => 1ª Pessoa do Pretérito Perfeito Subjuntivo (ERRADA)

    B) Tinha sido => 3ª Pessoa do Pretérito Mais que Perfeito Composto do Indicativo (Correta) = Havia sido

    C) Tivesse sido => 3ª Pessoa do Pretérito Mais que Perfeito do Subjuntivo (Errado)

    D) Foi => Pretérito perfeito simples (Errado)

    E) Houvesse sido => mesmo sentido da alternativa B

    Lembrando que o pretérito mais que perfeito indica acontecimento anterior ao fato sendo relatado.

  • GABARITO - B

    (...) Uma vez que a Justiça havia sido declarada defunta (...)

    Temos um tempo composto. Esse é utilizado maioritariamente na voz passiva, em tempos compostos e em locuções verbais: tem sido, tenho sido, tenha sido, tivesse sido, havia sido.

    Bons Estudos!!!

  • Verbos no sentido de EXISTIR.

          Haver → formal

              Ex.: Havia muitos interessados no emprego.

          Ter → informal

              Ex.: Tinha muitos interessados no emprego.

  • Na língua portuguesa, o verbo haver pode ser utilizado para designar diferentes sentidos. Dentre eles, está a noção de existir, ocorrer e acontecer (quando indica tempo passado). Nessas situações, Haver funciona como um verbo impessoal, ou seja, não sofre flexão para o plural. Entretanto, ele pode variar em tempo e modo. Veja alguns exemplos do verbo haver impessoal: 

    -Havia muitos estudantes aguardando o resultado do Enem. (existiam)

    -Houve duas seleções naquela empresa semana passada. (aconteceram)

    -Há cerca de um ano ela já se preparava para o vestibular. (tempo passado)

    De acordo com a norma padrão da Língua Portuguesa, não há diferença entre havia ou tinha. Ambos os termos estão corretos e podem ser utilizados, pois possuem o mesmo significado. É bastante comum usar o verbo ter no lugar de haver, e essa substituição não atrapalha o entendimento da frase. Veja alguns exemplos: 

    - Ela tinha estudado muito. 

    - Ela havia estudado muito.

    - Tinha pessoas demais na sala.

    - Havia pessoas demais na sala. 

    Importante ressaltar que o verbo haver como auxiliar e no sentido de 'ter' deverá concordar com o sujeito. Ou seja, o verbo poderá sofrer flexão para o plural. Veja:

    -Elas haviam incentivado a amiga a prestar concurso público naquele ano. 

    -Quando cheguei no escritório, percebi que os meus colegas haviam saído para almoçar.

    Fonte: educamaisbrasil

  • NORMALMENTE NAO PODE MAS EM LOC. VERBAL PODE

    CAVALEIRO DE CRISTAL

  • TER/HAVER + PartIcípios => Passado + que Perfeito do Indicativo.

    Logo, é viável a troca do "havia sido" por "tinha sido.", sem alterar sentido/gramática!

    GABARITO B.

  • Tinha sido/ havia sido ( pretérito mais que perfeito do indicativo composto)

    ( mesma equivalência semântica)