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ID
5590324
Banca
CESPE / CEBRASPE
Órgão
Prefeitura de Aracaju - SE
Ano
2021
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Texto CB1A1-II

    De um dia para o outro, parecia que a peste se tinha instalado confortavelmente no seu paroxismo e incorporava aos seus assassinatos diários a precisão e a regularidade de um bom funcionário. Em princípio, segundo a opinião de pessoas competentes, era bom sinal. O gráfico da evolução da peste, com sua subida incessante, parecia inteiramente reconfortante ao Dr. Richard. Daqui em diante, só poderia decrescer. E ele atribuía o mérito disso ao novo soro de Gastei, que acabava de obter, com efeito, alguns êxitos imprevistos. As formas pulmonares da infecção, que já se tinham manifestado, multiplicavam-se agora nos quatro cantos da cidade. O contágio tinha agora probabilidade de ser maior, com essa nova forma de epidemia. Na realidade, as opiniões dos especialistas tinham sempre sido contraditórias sobre esse ponto. Havia, no entanto, outros motivos de inquietação em consequência das dificuldades de abastecimento, que cresciam com o tempo. A especulação interviera e oferecia, a preços fabulosos, os gêneros de primeira necessidade que faltavam no mercado habitual. As famílias pobres viam-se, assim, em uma situação muito difícil. A peste, que, pela imparcialidade eficaz com que exercia seu ministério, deveria ter reforçado a igualdade entre nossos concidadãos pelo jogo normal dos egoísmos, tornava, ao contrário, mais acentuado no coração dos homens o sentimento da injustiça. Restava, é bem verdade, a igualdade irrepreensível da morte, mas, esta, ninguém queria. Os pobres que sofriam de fome pensavam, com mais nostalgia ainda, nas cidades e nos campos vizinhos, onde a vida era livre e o pão não era caro. Difundira-se uma divisa que se lia, às vezes, nos muros ou se gritava à passagem do prefeito: “Pão ou ar”. Essa fórmula irônica dava o alarme de certas manifestações logo reprimidas, mas cuja gravidade todos percebiam.

Albert Camus. A peste. Internet: (com adaptações). 

No texto CB1A1-II, o narrador  

Alternativas
Comentários
  • Gab: D

    Ao longo do início do texto o narrador expõe a evolução da doença. Por outro lado, na parte final do texto o narrador reflete sua opinião sobre as consequências sociais.

  • Atentar-se aos verbos. O narrador NÃO "explica a evolução...", não "preocupa-se com a evolução", não "descreve os pormenores", nem "ocupa-se das causas da evolução. (assim, elimina-se as alternativas a, b, c, e).

    Ele "expõe a evolução de uma doença", por exemplo: "O gráfico da evolução da peste, com sua subida incessante"; bem como "reflete sobre as consequências sociais", como percebe-se em " Os pobres que sofriam de fome pensavam, com mais nostalgia ainda, nas cidades e nos campos vizinhos, onde a vida era livre e o pão não era caro." Logo, gabarito D.

  • Gab D. Expõe a evolução de uma doença: "De um dia para o outro, parecia que a peste se tinha instalado" , "As formas pulmonares da infecção, que já se tinham manifestado, multiplicavam-se agora nos quatro cantos da cidade.", "O contágio tinha agora probabilidade de ser maior..."

    Reflete sobre suas consequências sociais: "A peste, que, pela imparcialidade eficaz com que exercia seu ministério, deveria ter reforçado a igualdade entre nossos concidadãos pelo jogo normal dos egoísmos, tornava, ao contrário, mais acentuado no coração dos homens o sentimento da injustiça.", "a igualdade irrepreensível da morte, mas, esta, ninguém queria. Os pobres que sofriam de fome pensavam..."

    Fonte: Estratégia Concursos

  • Essa podia ser quase qualquer letra kkkkkkkk

  • Tá falando da pandemia do covid no Brasil e suas consequências sociais e políticas,certeza.

    Gaba D