Questão Q1873237

leia o texto a seguir e, depois, responda à questão.

O QUE A FOLHA PENSA

Ação entre amigos

Governo poupa militares do ajuste fiscal e destina à área 28% dos investimentos

1. O balanço das contas do governo federal de 2019 surpreendeu até mesmo os responsáveis pelo controle do gasto público no Tesouro Nacional. De repente, em dezembro, brotou uma despesa imprevista de cerca de R$ 10 bilhões.

2. Era o dinheiro do aumento de capital de três empresas estatais, na maior parte para a Emgepron, firma ligada à Marinha e dedicada a construir navios, que recebeu R$ 7,6 bilhões em uma canetada.

3. O valor equivale a todo investimento federal em obras e equipamentos dos ministérios da Saúde e da Educação, por exemplo.

4. Dadas as peculiaridades da contabilidade pública, tal despesa não toma o lugar de outra, pois não se sujeita ao limite constitucional do chamado teto de gastos.

5. De qualquer modo, o déficit público acabou maior. Além do mais, essa decisão inopinada e em quase nada transparente desmoraliza a alardeada política de privatização do governo de Jair Bolsonaro, pífia em sua morosidade e inoperância.

6. O aumento do capital da Emgepron é, no entanto, coerente com uma das linhas de força do governo: o poder militar. Quase um terço dos ministérios é comandado por oficiais da ativa ou da reserva das Forças Armadas, até porque, em sua carreira, Bolsonaro não cultivou relações com outros grupos de quadros técnicos ou profissionais, além de ter sido na prática um líder sindical da categoria.

7. Governo e Congresso se acertaram a fim de permitir que militares se aposentem em condições privilegiadas (com o equivalente de salários e reajustes integrais da ativa). Este governo também se prontificou a conceder generosos reajustes para os soldos, em particular para o alto oficialato.

8. O aumento de capital da Emgepron foi R$ 4 bilhões além do previsto para o ano, liberalidade facilitada pela entrada dos recursos do leilão dos campos de petróleo.

9. Assim, o Ministério da Defesa ficou com mais de 28% do total dos recursos federais destinados a investimentos. A despesa com pessoal militar, civil, aposentados e suas pensões vai aumentar; já consomem pelo menos 26% do gasto total com servidores.

10. O esforço para o necessário ajuste das contas públicas não tem sido distribuído de modo mais equânime. Subsídios diversos continuam intocados, por exemplo. Não é aceitável que também a despesa militar seja poupada de contribuir para essa emergência nacional.

11. É argumentável que o equipamento militar brasileiro pode estar sendo sucateado. Mas também este é o caso da infraestrutura física e social, de estradas a hospitais. Ainda mais neste momento de escassez aguda de recursos, é preciso repensar e explicar com transparência as prioridades.

Referência: FOLHA DE S.PAULO. Ação entre amigos. São Paulo, 5 fev. 2020. Disponível em: < https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2020/02/acao -entre-amigos.shtml>. Acesso em: 5 fev. 2020.

Acerca da acentuação gráfica e da crase, informe se é verdadeiro (V) ou falso (F) o que se afirma.

( ) No primeiro parágrafo, o vocábulo público foi acentuado corretamente porque se trata de uma proparoxítona.

( ) No segundo parágrafo, no trecho “[...] destinada a construir navios [...]”, faltou o acento indicativo da crase antes do verbo construir: destinada à construir, pois há a contração da preposição “a” com o artigo feminino “a”: destinada à construção.

( ) No terceiro parágrafo, os vocábulos ministérios e Saúde foram corretamente grafados, pois o primeiro é uma paroxítona terminada em ditongo; o segundo porque se acentua a vogal -u- quando for tônica e em hiato.

( ) No sétimo parágrafo, no primeiro período, grafou-se incorretamente a locução a fim de, a qual deveria ser escrita: afim de.

De acordo com as afirmações, a sequência correta é

Alternativas

F, V, F, F.

F, V, V, V.

V, F, V, F.

V, F, F, V.

Comentários

Gabarito na alternativa C

Solicita-se julgamento das assertivas:

(V) No primeiro parágrafo, o vocábulo público foi acentuado corretamente porque se trata de uma proparoxítona.

O termo encontra sua tonicidade na antepenúltima sílaba (pú-bli-co), corretamente classificada como proparoxítona;

(F) No segundo parágrafo, no trecho “[...] destinada a construir navios [...]”, faltou o acento indicativo da crase antes do verbo construir: destinada à construir, pois há a contração da preposição “a” com o artigo feminino “a”: destinada à construção.

Guardem consigo, antes de verbos não há artigo; não havendo artigo, impossível a marcação de crase frente a verbo.

A frase dada como exemplo ao final da assertiva, "destinada à construção", está correta por conta da substituição do verbo por substantivo deverbal equivalente;

(V) No terceiro parágrafo, os vocábulos ministérios e Saúde foram corretamente grafados, pois o primeiro é uma paroxítona terminada em ditongo; o segundo porque se acentua a vogal -u- quando for tônica e em hiato.

As justificativas apresentadas pela banca amoldam-se perfeitamente ao que prescreve a gramatica normativa, acentuando-se as paroxítonas findadas em ditongo crescente e as vogais "i" e "u" tônicas quando sozinhas na sílaba ou seguidas de "s";

(F) No sétimo parágrafo, no primeiro período, grafou-se incorretamente a locução a fim de, a qual deveria ser escrita: afim de.

O termo "afim", grafado junto, é adjetivo que indica afinidade. A forma "a fim de" é locução prepositiva que indica finalidade, objetivo.

No contexto em tela, é correto o uso da locução prepositiva indicativa de finalidade.
O item abaixo foi dado como verdadeiro, mas entendo que deveria ser falso, pelos motivos expostos mais à frente.

"No terceiro parágrafo, os vocábulos ministérios e Saúde foram corretamente grafados, pois o primeiro é uma paroxítona terminada em ditongo; o segundo porque se acentua a vogal -u- quando for tônica e em hiato".

O item 9 do edital deixou claro que na prova seria cobrada "Ortografia oficial – Novo Acordo Ortográfico". Também informou que seria cobrada doutrina, dentre outros, do gramático BECHARA.

Acontece que a presente questão não delimitou se deveria ser respondida do ponto de vista doutrinário ou da legislação de regência da língua portuguesa.

A palavra ministério pode ter 4 ou 5 sílabas e é oficialmente, pelas regras do NAOLP, uma Proparoxítona Aparente, vez que pode assumir posição de paroxítona quando terminada em ditongo crescente (que é o conceito doutrinário de BECHARA) ou proparoxítona, dependendo unicamente da forma como é pronunciada, com ou sem hiato:

MI-NIS-TÉ-RI-O ( 5 SÍLABAS)

MI-NIS-TÉ-RIU ( 4 SÍLABAS)

Ressalta-se: Não há consenso entre gramáticos na classificação de palavras terminadas nos encontros vocálicos -ea, -eo, -ia, -ie, -io, -oa, -ua, -uo. Dada a flexibilidade de pronúncia desses encontros vocálicos, alguns gramáticos consideram-nos ditongo e outros consideram-nos hiato.

Para que o item estivesse correto, deveria ter sido mais específico e delimitado que a palavra MINISTÉRIO seria acentuada por ser uma paroxítona terminada em DITONGO ABERTO ORAL, conforme posicionamento doutrinário.

Como restringiu-se à informação PAROXÍTONA TERMINADA EM DITONGO, o item ficou errado, pois só o fato de um paroxítona ser terminada em ditongo não autoriza a manutenção do acento.

Penso que o examinador foi infeliz, vez que omitiu informações fundamentais ao enunciado , numa tentativa de fazer uma pegadinha e confundir o candidato com aquela que talvez seja a mais impactante das regras do novo acordo ortográfico, que é a abolição do acento nas palavras paroxítonas com ditongos decrescentes Oi e EI (europeia, centopeia, claraboia, joia, jiboia..)
SE LIGA
A FIM---- COM O PROPÓSITO
JOÃO ESTÁ A FIM DE VOCÊ
AFIM---- ADJETIVO=== IGUAL OU SEMELHANTE
CONVIDOU PARENTES E AFINS

GUARDE:
A FIM DE--- É INVARIÁVEL....
Afim ou a fim
“A fim”, separado, sugere finalidade.
E “afim”, escrito junto, pode ser usado para exprimir proximidade
GABARITO - D

A fim de - Finalidade

Afim de - " igual” ou “semelhante”.
Acertei por exclusão, só tinha certeza da primeira e da última

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