Texto IV
O texto abaixo é um fragmento do poema
“Navio Negreiro”, da poeta contemporânea
Maria Duda. Considere-o para responder à questão.
[...]
Agora, voltando à escravidão
Vocês só a aboliram porque não tiveram opção
Foi o homem branco tremendo
Senhor de engenho correndo
Capataz atrás morrendo
Até o sol raiar
Foi quilombola crescendo
Palmares tava dizendo
Enquanto Xangô tava vendo
Até o sol raiar
E os meus atentos ancestrais já percebiam que
vocês estavam
Estremecendo por mais medo do que cabe
E que o negro é forte e resistiu até a morte
Não adianta mais mentir que a gente sabe
(DUDA, Maria. Navio Negreiro. Rio de Janeiro:
Malê, 2019, p. 28-29)
Podemos observar, no poema, registros
diferentes no emprego do mesmo tempo
verbal.
“Palmares tava dizendo
Enquanto Xangô tava vendo
Até o sol raiar
E os meus atentos ancestrais já percebiam que
vocês estavam”
Em uma leitura que considerasse um recorte
da perspectiva crítica do sujeito lírico, na
seleção vocabular, poderíamos afirmar que
esse uso seria justificado: