Quando faz turismo em outras cidades e países, é comum que a argentina Mariana Enriquez encaixe
na programação visitas a cemitérios. Apesar de muita gente considerar esse comportamento exótico ou até
macabro, ela discorda. “É antropológico, mostra rituais e tradições de um povo”, descreve a autora, que
participará de uma mesa na Bienal Internacional do Livro Rio, com Josh Malerman e Matt Ruff, outros autores
de terror.
Em 2019, ela venceu o maior prêmio literário para línguas castelhanas, o Herralde de Novela, por Nossa
Parte da Noite (Ed. Intrínseca), lançado este ano no Brasil. A trama de quase 600 páginas acompanha a viagem
de pai e filho atravessando a Argentina da capital até as Cataratas do Iguaçu. Com a ditadura como plano de
fundo, durante os anos 1960, a história apresenta fatores sobrenaturais, uma ordem mediúnica e rituais de
tortura e sacrifício. Essa combinação de realidade e fantasia se tornou a marca registrada de Mariana, que
nomeou seu gênero de ficção dark. “Não é terror puro, porque também tem momentos de humor e ironia, de
ficção científica”, descreve a autora.
(D’ERCOLE, Isabella. Uma aula do terror. Claudia. São Paulo: Ano 60, n. 11, nov. 2021. Ed. Abril. p. 12.
Fragmento adaptado)
No texto, a expressão “ficção dark” funciona como um elemento