SóProvas


ID
5641327
Banca
VUNESP
Órgão
UNICAMP
Ano
2022
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Leia o texto, para responder à questão.



      O escritor argentino Jorge Luis Borges, que não era muito simpático à etimologia, apontou a inutilidade de saber que a palavra cálculo veio do latim “calculus”, pedrinha, em referência aos pedregulhos usados antigamente para fazer contas.


      Tal conhecimento, argumentou o genial autor de “A Biblioteca de Babel”, não nos permite “dominar os arcanos da álgebra”. Verdade: ninguém aprende a calcular estudando etimologia.


      O que Borges não disse é que o estudo da história das palavras abre janelas para como a linguagem funciona, como produz seus sentidos, que de outro modo permaneceriam trancadas. É pouco?


      Exemplo: a história de “calculus” não ensina ninguém a fazer contas, mas a do vírus ilustra muito bem o mecanismo infeccioso que opera dentro dos – e entre os – idiomas.


      O latim clássico “virus”, empregado por Cícero e Virgílio, é a origem óbvia da palavra sob a qual se abriga a apavorante covid-19. Ao mesmo tempo, é uma pista falsa.


      Cícero e Virgílio não faziam ideia da existência de um troço chamado vírus. Este só seria descoberto no século 19, quando o avanço das ciências e da tecnologia já tinha tornado moda recorrer a elementos gregos e latinos para cunhar novas expressões para novos fatos.


      Contudo, a não ser pelo código genético rastreável em palavras como visgo, viscoso e virulento, fazia séculos que o “virus” latino hibernava. Foi como metáfora venenosa que, já às portas do século 20, saiu do frigorífico clássico para voltar ao quentinho das línguas.


      Em 1898, o microbiologista holandês Martinus Beijerink decidiu batizar assim certo grupo de agentes infecciosos invisíveis aos microscópios de então, com o qual o francês Louis Pasteur tinha esbarrado primeiro ao estudar a raiva.


      O vírus nasceu na linguagem científica, mas era altamente contagioso. Acabou se tornando epidêmico no vocabulário comum de diversas línguas. O vírus da palavra penetrou no vocabulário da computação em 1972, como nome de programas maliciosos que se infiltram num sistema para, reproduzindo-se, colonizá-lo e infectar outros.


      No século 21, com o mundo integrado em rede, deu até num verbo novo, viralizar. Foi a primeira vez que um membro da família ganhou sentido positivo, invejável: fazer sucesso na internet, ser replicado em larga escala nas redes sociais. 


      Mesmo essa acepção, como vimos, tinha seu lado escuro, parente de um uso metafórico bastante popular que a palavra carrega há décadas. No século passado, tornou-se possível falar em “vírus do fascismo”, por exemplo. Ou “vírus da burrice”.


      Antigamente, quando se ignorava tudo sobre os vírus, uma receita comum que as pessoas usavam para se proteger do risco de contrair as doenças provocadas por eles era rezar. Está valendo. 


(Sérgio Rodrigues. O vírus da linguagem. Folha de S.Paulo, 12.03.2020. Adaptado)

Para responder à questão, considere as expressões destacadas na seguinte passagem:


      Em 1898, o microbiologista holandês Martinus Beijerink decidiu batizar assim certo grupo de agentes infecciosos invisíveis aos microscópios de então, com o qual o francês Louis Pasteur tinha esbarrado primeiro ao estudar a raiva.



A expressão tinha esbarrado exprime a noção de

Alternativas
Comentários
  • Gabarito: Letra B

    B) ação anterior a outra ação no passado e pode ser substituída por esbarrara.

    O tempo verbal utilizado utilizado para indicar uma ação anterior a outra ação no passado é o pretérito mais-que-perfeito do indicativo.

    Inclusive, vale lembrar que há duas formas de representá-lo: simples ou composta. Em sua forma simples, o pretérito mais-que-perfeito do indicativo é expresso pelas desinências –ra, -ras, -ra, -ramos, -reis, -ram (falara, beberas, partira, faláramos, bebêramos, partíramos, etc.). Já em sua forma composta, é indicado pelo verbo auxiliar "ter" ou "haver" acrescido do particípio do verbo principal (tinha/havia falado, tinha/havia bebido, tinha/havia partido, etc.).

    Fonte: https://www.infoescola.com/portugues/preterito-mais-que-perfeito-do-indicativo/

  • GABARITO: B

    Pessoal, esse tema está despencando como jaca madura (não só na VUNESP) rsrs. Qual tema? Transposição do tempo verbal simples para o composto.

    • Se você quiser dar uma olhada na explicação completa, resolva esta questão: Q1868686 (VUNESP/2022).

    ➥ Vamos lá: a locução verbal “tinha esbarrado” está conjugada no pretérito Mais-Que-Perfeito do indicativo do tempo composto. Esse tempo verbal indica uma ação anterior à outra no passado (veja a questão que deixei). Ele equivale, no tempo simples, a “esbarraRA” (Pretérito MQP simples é o tempo de uma metralhadora: RA, RA, RA [vendeRA, cantaRA, partiRA etc.]).

    ➥ Em resumo: para transpor um verbo para o pretérito MQP no tempo composto, você coloca o verbo ter/haver no pretérito imperfeito do indicativo (havia ou tinha+ o particípio do verbo que você analisa:

    • amara → tinha/havia amado
    • vendera → tinha/havia vendido
    • sofrera → tinha/havia sofrido

    Por isso:

    b) A expressão tinha esbarrado exprime a noção de ação anterior a outra ação no passado e pode ser substituída por esbarrara.

     

    Espero ter ajudado.

    Bons estudos! :)

  • PCESP... #pertenceremos
  • Futuro do subjuntivo – Futuro do presente do indicativo

    Exemplos:

    Se você vier, faremos uma festa

    Quando você for nomeado, comemoraremos a semana toda

    Se nós mantivermos o foco, atingiremos nossas metas

    Quando ele estiver aqui, entregarei o presente

    Presente do indicativo – Futuro do presente do indicativo

    Exemplos:

    No próximo concurso eu passoNo próximo concurso eu passarei!

    Amanhã eu falo com Chiquinha. = Amanhã eu falarei com Chiquinha

    Pretérito imperfeito do subjetivo – Futuro do pretérito do indicativo

    Exemplos:

    Se você chegasse mais cedo, seria possível fazer uma revisão antes da prova.

    Caso ele disponibilizasse o auditório, faríamos lá nossa confraternização de final de ano

    Pretérito Mais-que-Perfeito Composto à TER ou HAVER + Particípio = RA.

    Exemplos:

    tinha estudado = estudara;

    tinha iniciado = iniciara;

    haviam alertado = alertaram

  • Pretérito mais que perfeito Composto = auxiliar pretérito imperfeito (antigamente) + Particípio

    Ex. Ele tinha estudado o assunto quando o telefone tocou.

    Indica anterioridade semanticamente pode ser trocado pelo +q perfeito simples (RA)

    Tinha estudado = Estudara

  • preterito mais que perfeiro é tempo verbal do quico .... Quico , quico ra, ra ,ra

  • tinha esbarrado pretérito mais que perfeito composto.

    Esbarrara pretérito mais que perfeito simples.

    composto pode ser construído com o verbo:

    ter ou haver.

  • Verbos com a terminação em -RA equivalem à Locução Verbal: verbo Ter/Haver + Particípio.

  • Pretérito mais que perfeito o tempo verbal mais lindo da língua portuguesa.

  • gabarito letra B

    pretérito mais-que-perfeito

    o Pretérito mais-que-perfeito serve para expressar anterior ao passado, por exemplo:.

    no modo indicativo do pretérito perfeito, tem-se uma ação no passado totalmente concluída

    Eu Saí de casa

    Agora para entendermos melhor, observe a Frase

    Quando eu cheguei, minha mãe já havia saído

    percebeu que a ação da mãe saída da mãe foi anterior à chegada do Filho ?

    basicamente é isso! o pretérito mais-que-perfeito serve para expressar esse tempo anterior a um passado