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ID
598180
Banca
CESPE / CEBRASPE
Órgão
EBC
Ano
2011
Provas
Disciplina
Serviço Social
Assuntos

Com referência aos conceitos e às perspectivas do trabalho em
equipe, julgue os itens seguintes.


A inserção de profissões na divisão social e técnica do trabalho e a constituição de determinada cultura profissional são consideradas possíveis inviabilizadoras de práticas interdisciplinares.

Alternativas
Comentários
  • Aonde esta o erro?? 

  • a cultura profissional, como construção coletiva e base na qual a categoria se referencia, é também ela uma mediação entre as matrizes clássicas do conhecimentos — suas programáticas de intervenção e os projetos societários que os norteiam — e as particularidades que a profissão adquire na divisão social e técnica do trabalho. Ela abarca forças, direções e projetos diferentes e/ou divergentes/antagônicos e condiciona o exercício profissional. Na definição das finalidades e na escolha dos meios e instrumentos mais adequados ao alcance das mesmas, os homens estão exercendo sua liberdade (concebida historicamente como escolha racional por alternativas concreta dentro dos limites possíveis). Tais finalidades (ainda que de caráter individual) estão inscritas num quadro valorativo e somente podem ser pensadas no interior deste quadro, entendido como acervo cultural do qual o profissional dispõe e lhe orienta as escolhas técnicas, teóricas e ético-políticas. Tais escolhas implicam projetar tanto os resultados e meios de realização quanto as conseqüências.

    - A INSTRUMENTALIDADE NO TRABALHO DO ASSISTENTE SOCIAL Yolanda Guerra - 



  • "constituição de determinada cultura profissional" ...muito vago

  • Consoante a análise de Vasconcelos (2002)  , a  crise do trabalho nas sociedades capitalistas contemporâneas, tendo em vista a atual conjuntura de neoliberalismo e de crise do Estado e de suas políticas socíais, principal campo de trabalho na área de projetos públicos e de serviços sociais e de saúde, vem oferecendo inúmeros obstáculos às práticas inter-, principalmente em países do Terceiro Mundo, onde essa crise é ao mesmo tempo mais estrutural e mais aguda.

    [...]

    Nessas condições, o trabalho profissional interdisciplinar encontra dificuldades e barreiras fortíssimas para sua implementação efetiva. Podemos exemplificar isso recorrendo novamente aos campos da saúde e saúde mental. Criar uma cultura profissional adequada ao contexto da saúde pública, em que os profissionais possam aderir às propostas de mudança de suas identidades profissionais convencionais para se engajarem em práticas inter- de todos os tipos, exige um mínimo de reciprocidade em termos de salários dignos, boas condições de trabalho, jornada de trabalho que evite o multiemprego excessivo (que impede o compromisso com as atividades locais de cada vínculo), e investimento em treinamento e supervisão. No Brasil, nas condições atuais da lei de responsabilidade fiscal, de terceirização muitas vezes massiva de recursos humanos para projetos sociais e de saúde, da crise financeira e gerencial das políticas sociais das prefeituras - principais responsáveis pela assistência no processo demunicipalização da saúde e saúde mental-, essas condições ideais são raramente alcançadas e muitas vezes assistimos a uma luta e mobilização muito forte dos trabalhadores e servidores para reivindicarem ou suprirem tais deficiências por diversos outros meios.

    Diante do exposto, gabarito correto .

     

    http://www.fafich.ufmg.br/prisma/Artigo%20Eduardo%20Mourao.pdf

  • A inserção das profissões na divisão social e técnica do trabalho pressupõe sua inserção no mundo da mercantilização, em que os trabalhadores em troca de determinada remuneração vendem sua força de trabalho a um empregador. A inserção de uma profissão na divisão sociotécnica é o reconhecimento de sua necessidade social, isto é, esta profissão é necessária na sociedade, o que justifica a sua existência. No caso do Serviço Social, seu reconhecimento enquanto profissão inserida na divisão sociotécnica ocorre com o desenvolvimento do capitalismo industrial e a expansão urbana, o que irá acarretar contradições sociais mais agravadas e novas expressões da questão social, necessitando de um profissional que intervenha nestas expressões e medie as relações entres as classes sociais antagônicas. Essa condição, então, limita o trabalho dos profissionais, estes assalariados e a mercê de seus empregadores, tornando relativa, como no caso dos assistentes sociais, sua autonomia profissional. Além disso, a divisão social e técnica fragmenta e especializa os saberes, engendrando entre os próprios profissionais uma hierarquização dos seus conhecimentos dentro de uma mesma área ou entre profissões distintas. Observando que a interdisciplinaridade necessita de uma horizontalização dos saberes fica inviável a sua prática, sobretudo, nos tempos atuais de crise do capital, transformações societárias e metamorfoses do mundo do trabalho. Tem ocorrido na contemporaneidade uma forte ofensiva do capital com a implementação do neoliberalismo e de contrarreformas no âmbito estatal, o que na prática impacta nas condições de trabalho precarizando e aviltando as condições de vida dos trabalhadores. Também fazem parte deste processo a eliminação de postos de trabalho e substituição do trabalho vivo pelo morto, causando o desemprego estrutural em escalas exorbitantes; achatamento dos salários devido ao desemprego e do aumento exponencial do exército industrial de reserva; impacto na subjetividade do trabalhador e desmobilização e fragmentação dessa classe e de seus organismos de representação e sindicais, o que acaba por facilitar todo esse processo. Esse contexto gera uma competição entre os trabalhadores que buscam se manter no mercado de trabalho, o que dificulta a interdisciplinaridade que pressupõe além da troca de saberes, a cooperação mútua entre os profissionais envolvidos na busca de compreender o objeto ali posto. Assim, para efetivá-la é necessário que as relações profissionais e de poder sejam horizontais, que determinado saber não se sobreponha a outro e que todos os envolvidos possam decidir sobre os caminhos e alternativos a serem seguidos. Nesse sentido, a cultura profissional de cada categoria será viabilizadora ou não do processo interdisciplinar, pois ela pode estar de acordo com os princípios e valores disseminados pela lógica neoliberal e capitalista que fragmentam a realidade, são individualistas e corporativistas, buscando pulverizar a realidade, as lutas de classes e os trabalhadores, ou estar pautada em conhecimentos críticos, buscando efetivar os interesses coletivos e da classe trabalhadora. Dessa forma, a inserção na divisão social e técnica do trabalho e a constituição de determinada cultura profissional podem ser sim inviabilizadoras da prática interdisciplinar, principalmente, se não houver conhecimento crítico sobre a realidade social e as implicações decorrentes das transformações societárias e do mundo do trabalho que também vão impactar na subjetividade do ser do trabalho podendo torná-los cada vez mais egoístas e individualistas devido ao medo de perder seus empregos e postos.


    RESPOSTA: CERTO
  • inviabilizadora= Que não se pode executar; inviável.

  • A cultura profissional de cada categoria será viabilizadora ou não do processo interdisciplinar, pois ela pode estar de acordo com os princípios e valores disseminados pela lógica neoliberal e capitalista que fragmentam a realidade, são individualistas e corporativistas, buscando pulverizar a realidade, as lutas de classes e os trabalhadores, ou estar pautada em conhecimentos críticos, buscando efetivar os interesses coletivos e da classe trabalhadora.

    A inserção na divisão social e técnica do trabalho e a constituição de determinada cultura profissional podem ser inviabilizadoras da prática interdisciplinar, principalmente, se não houver conhecimento crítico sobre a realidade social e as implicações decorrentes das transformações societárias e do mundo do trabalho que também vão impactar na subjetividade do ser do trabalho podendo torná-los cada vez mais egoístas e individualistas devido ao medo de perder seus empregos e postos.

    Comentário da Profª Victória Sabatine