Consoante a análise de Vasconcelos (2002) , a crise do trabalho nas sociedades capitalistas contemporâneas, tendo em vista a atual conjuntura de neoliberalismo e de crise do Estado e de suas políticas socíais, principal campo de trabalho na área de projetos públicos e de serviços sociais e de saúde, vem oferecendo inúmeros obstáculos às práticas inter-, principalmente em países do Terceiro Mundo, onde essa crise é ao mesmo tempo mais estrutural e mais aguda.
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Nessas condições, o trabalho profissional interdisciplinar encontra dificuldades e barreiras fortíssimas para sua implementação efetiva. Podemos exemplificar isso recorrendo novamente aos campos da saúde e saúde mental. Criar uma cultura profissional adequada ao contexto da saúde pública, em que os profissionais possam aderir às propostas de mudança de suas identidades profissionais convencionais para se engajarem em práticas inter- de todos os tipos, exige um mínimo de reciprocidade em termos de salários dignos, boas condições de trabalho, jornada de trabalho que evite o multiemprego excessivo (que impede o compromisso com as atividades locais de cada vínculo), e investimento em treinamento e supervisão. No Brasil, nas condições atuais da lei de responsabilidade fiscal, de terceirização muitas vezes massiva de recursos humanos para projetos sociais e de saúde, da crise financeira e gerencial das políticas sociais das prefeituras - principais responsáveis pela assistência no processo demunicipalização da saúde e saúde mental-, essas condições ideais são raramente alcançadas e muitas vezes assistimos a uma luta e mobilização muito forte dos trabalhadores e servidores para reivindicarem ou suprirem tais deficiências por diversos outros meios.
Diante do exposto, gabarito correto .
http://www.fafich.ufmg.br/prisma/Artigo%20Eduardo%20Mourao.pdf
A cultura profissional de cada categoria será viabilizadora ou não do processo interdisciplinar, pois ela pode estar de acordo com os princípios e valores disseminados pela lógica neoliberal e capitalista que fragmentam a realidade, são individualistas e corporativistas, buscando pulverizar a realidade, as lutas de classes e os trabalhadores, ou estar pautada em conhecimentos críticos, buscando efetivar os interesses coletivos e da classe trabalhadora.
A inserção na divisão social e técnica do trabalho e a constituição de determinada cultura profissional podem ser inviabilizadoras da prática interdisciplinar, principalmente, se não houver conhecimento crítico sobre a realidade social e as implicações decorrentes das transformações societárias e do mundo do trabalho que também vão impactar na subjetividade do ser do trabalho podendo torná-los cada vez mais egoístas e individualistas devido ao medo de perder seus empregos e postos.
Comentário da Profª Victória Sabatine