- ID
- 641737
- Banca
- FCC
- Órgão
- TCE-PR
- Ano
- 2011
- Provas
-
- FCC - 2011 - TCE-PR - Analista de Controle - Administrativa
- FCC - 2011 - TCE-PR - Analista de Controle - Atuarial
- FCC - 2011 - TCE-PR - Analista de Controle - Contábil
- FCC - 2011 - TCE-PR - Analista de Controle - Econômica
- FCC - 2011 - TCE-PR - Analista de Controle - Engenharia Civil
- FCC - 2011 - TCE-PR - Analista de Controle - Informática
- FCC - 2011 - TCE-PR - Analista de Controle - Jurídica
- Disciplina
- Português
- Assuntos
Perspectiva de Montesquieu
O grande pensador francês Montesquieu (1689-1755) é
um dos mais importantes intelectuais na história das ciências
jurídicas. A grande originalidade de sua obra maior − O espírito
das leis − consiste na revolução metodológica. O método de
Montesquieu comporta dois aspectos inter-relacionados, que
podem ser distinguidos com clareza. O primeiro exclui da
ciência social toda perspectiva religiosa ou moral; o segundo
afasta o autor das teorias abstratas e dedutivas e o dirige para a
abordagem descritiva e comparativa dos fatos sociais.
Quanto ao primeiro, constituía um solapamento do finalismo
teológico e moral que ainda predominava na época,
segundo o qual todo o desenvolvimento histórico do homem
estaria subordinado ao cumprimento de desígnios divinos.
Montesquieu, ao contrário, reduz as instituições a causas puramente
humanas. Segundo ele, introduzir princípios teológicos
no domínio da história, como fatores explicativos, é confundir
duas ordens distintas de pensamento. Deliberadamente, dispõe-se
a permanecer nos estritos domínios dos fenômenos políticos,
e jamais abandona tal projeto.
Já nas primeiras páginas do Espírito das leis ele
adverte o leitor contra um possível mal-entendido no que diz
respeito à palavra “virtude", que emprega amiúde com
significado exclusivamente político, e não moral. Para
Montesquieu, o correto conhecimento dos fatos humanos só
pode ser realizado cientificamente na medida em que eles
sejam visados como são e não como deveriam ser. Enquanto
não forem abordados como independentes de fins religiosos e
morais, jamais poderão ser compreendidos. As ciências
humanas deveriam libertar-se da visão finalista, como já haviam
feito as ciências naturais, que só progrediram realmente quando
se desvencilharam do jugo teológico.
Para o debate moderno das relações que se devem ou
não travar entre os âmbitos do direito, da ciência e da religião,
Montesquieu continua sendo um provocador de alto nível.
(Adaptado de Montesquieu − Os Pensadores. S. Paulo: Abril,
1973)