Atenção: A questão abaixo baseia-se no texto seguinte.
Um conjunto recente de pesquisas na área da neurociência
sugere uma reflexão acerca dos efeitos devastadores do
computador sobre a tradição da escrita em papel. Por meio da
observação do cérebro de crianças e adultos, verificou-se de
forma bastante clara que a escrita de próprio punho provoca, na
região dedicada ao processamento das informações armazenadas
na memória, uma atividade significativamente mais
intensa do que a da digitação, o que tem conexão direta com a
elaboração e a expressão de ideias. Está provado também que
o ato de escrever desencadeia ligações entre os neurônios
naquela parte do cérebro que faz o reconhecimento visual das
palavras, contribuindo assim para a fluidez da leitura. Com a
digitação, essa área fica inativa.
Na Antiguidade, os egípcios tinham nas letras um objeto
sagrado, inventado pelos deuses. Sinônimo de status, a caligrafia
irretocável foi por séculos na China um pré-requisito para
ingressar na prestigiada carreira pública. No Brasil, a caligrafia
constava entre as habilidades avaliadas nos exames de
admissão do antigo ginásio até a década de 70, e era ensinada
com esmero na sala de aula.
O hábito da escrita vem caindo em desuso à medida que
o computador se dissemina. Até aqui a palavra foi eternizada
em papel (ou pedra, pergaminho, papiro), que se encarregou de
registrar a história da humanidade. O computador traz nova
dimensão à aquisição de conhecimentos e à interação entre as
gerações que chegam aos bancos escolares. Para elas,
escrever à mão corre o risco de se tornar apenas mais um
registro do passado guardado em arquivo digital.
(Luís Guilherme Barrucho. Veja, 27 de julho de 2011. p. 94, com
adaptações)
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