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ID
671128
Banca
FCC
Órgão
TCE-SP
Ano
2012
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

As questões de números 7 a 14 baseiam-se no texto seguinte.

Tememos o acaso. Ele irrompe de forma inesperada e imprevisível em nossa vida, expondo nossa impotência contra forças
desconhecidas que anulam tudo aquilo que trabalhosamente penamos para organizar e construir. Seu caráter aleatório e gratuito
rompe com as leis de causa e efeito com as quais procuramos lidar com a realidade, deixando-nos desarmados e atônitos frente à
emergência de algo que está além de nossa compreensão, que evidencia uma desordem contra a qual não temos recursos. O acaso
deixa à mostra a assustadora falta de sentido que jaz no fundo das coisas e que tentamos camuflar, revestindo-a com nossas
certezas e objetivos, com nossa apreensão lógica do mundo.
Procuramos estratégias para lidar com essa dimensão da realidade que nos inquieta e desestabiliza. Alguns, sem negar sua
existência, planejam suas vidas, torcendo para que ela não interfira de forma excessiva em seus projetos. Outros, mais infantis e
supersticiosos, tentam esconjurá-la, usando fórmulas mágicas. Os mais religiosos simplesmente não acreditam no acaso, pois creem
que tudo o que acontece em suas vidas decorre diretamente da vontade de um deus. Aquilo que alguns considerariam como a
manifestação do acaso, para eles são provações que esse deus lhes envia para testar-lhes sua fé e obediência.
São defesas necessárias para continuarmos a viver. Se a ideia de que estamos à mercê de acontecimentos incontroláveis que
podem transformar nossas vidas de modo radical e irreversível estivesse permanentemente presente em nossas mentes, o terror nos
paralisaria e nada mais faríamos a não ser pensar na iminência das catástrofes possíveis.
Entretanto, tem um tipo de homem que age de forma diversa. Ao invés de fugir do acaso, ele o convoca constantemente. É o
viciado em jogos de azar. O jogador invoca e provoca o acaso, desafiando-o em suas apostas, numa tentativa de dominá-lo, de curvá-
lo, de vencê-lo. E também de aprisioná-lo. É como se, paradoxalmente, o jogador temesse tanto a presença do acaso nos demais
recantos da vida, que pretendesse prendê-lo, restringi-lo, confiná-lo à cena do jogo, acreditando que dessa forma o controla e anula
seu poder.

(Trecho de artigo de Sérgio Telles. O Estado de S. Paulo, 26 de novembro de 2011, D12, C2+música)

O comportamento paradoxal do jogador, referido no último parágrafo, está no fato de

Alternativas
Comentários
  • Por paradoxal entendemos algo que entra em contradição. Assim, o comportamento paradoxal do jogador, referido no último parágrafo, refere-se ao fato de que, não obstante temer excessivamente o acaso, o jogador busca continuamente o convívio com sua imprevisibilidade; pretendendo, com essa atitude prendê-lo, restringi-lo, confiná-lo à cena do jogo, acreditando que dessa forma o controla e anula seu poder, numa inútil tentativa de vencer o acaso.
  • "d) temer excessivamente o acaso, porém buscar continuamente o convívio com sua imprevisibilidade. "

    " temer excessivamente o acaso,"
    "o jogador temesse tanto a presença do acaso nos demais recantos da vida," (4o.§)

    "porém buscar continuamente o convívio com sua imprevisibilidade. "
    Ao invés de fugir do acaso, ele o convoca constantemente (4o.§)

    Se eu temo algo, eu quero é distância; não perto de mim!

    []s
  • GABARITO: D

    O jogador parece temer o encontro com o acaso em sua vida, mas, de forma controversa, vai em busca de seu encontro no jogo de azar, na tentativa de ter sobre ele um domínio pleno.