SóProvas


ID
693649
Banca
UPENET/IAUPE
Órgão
JUCEPE
Ano
2012
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

TEXTO 02 para as questões de 05 a 09.

Viu o sorriso. Sorriso cínico, imoral, de quem se divertia. O sorriso não havia mudado; contra ele nada tinham obtido os especialistas da funerária. Também ela, Vanda, esquecera de recomendar-lhes, de pedir uma fisionomia mais a caráter, mais de acordo com a solenidade da morte. Continuara aquele sorriso de Quincas Berro D'água e, diante desse sorriso de mofa e gozo, de que adiantavam sapatos novos - novos em folha, enquanto o pobre Leonardo tinha de mandar botar, pela segunda vez, meia-sola nos seus - , de que adiantavam roupa negra, camisa alva, barba feita, cabelo engomado, mãos postas em oração? Porque Quincas ria daquilo tudo, um riso que se ia ampliando, alargando, que aos poucos ressoava na pocilga imunda. Ria com os lábios e com os olhos, olhos a fitarem o monte de roupa suja e remendada, esquecida num canto pelos homens da funerária. O sorriso de Quincas Berro D'água. AMADO, Jorge. A Morte e a morte de Quincas Berro D'água. Ed. Record. 88 ed. 2001. P. 36

Ao redigir o texto 02, Jorge Amado infringiu uma das normas gramaticais vigentes. Isso é percebido na alternativa

Alternativas
Comentários
  • O verbo esquecer deveria ser pronominal porque "quem se esquece de, esquece-se de". Ficaria de acordo, então, com a regência culta: "equecera-se de recomendar-lhes".

  • Sobre a transitividade (regência) dos verbos esquecer e lembrar:

    ESQUECER – LEMBRAR 
    - Lembrar algo – esquecer algo
    - Lembrar-se de algo – esquecer-se de algo (pronominal)

    No 1º caso, os verbos são transitivos diretos, ou seja exigem complemento sem preposição.

    - Ele esqueceu o livro.

    No 2º caso, os verbos são pronominais (-se, -me, etc) e exigem complemento com a preposição “de”. São, portanto, transitivos indiretos.

    - Ele se esqueceu do caderno.
    - Eu me esqueci da chave.
    - Eles se esqueceram da prova.
    - Nós nos lembramos de tudo o que aconteceu.

    Há uma construção em que a coisa esquecida ou lembrada passa a funcionar como sujeito e o verbo sofre leve alteração de sentido. É uma construção muito rara na língua contemporânea , porém, é fácil encontrá-la em textos clássicos tanto brasileiros como portugueses. Machado de Assis, por exemplo, fez uso dessa construção várias vezes.

    - Esqueceu-me a tragédia. (cair no esquecimento)
    - Lembrou-me a festa. (vir à lembrança)

    O verbo lembrar também pode ser transitivo direto e indireto (lembrar alguma coisa a alguém ou alguém de alguma coisa).

    Fonte: http://www.infoescola.com/portugues/regencia-verbal/

  •  Lembrar-se de algo – esquecer-se de algo (pronominal)
  • Na letra b), não deveria ter sido grafada à caráter?

    "ao omitir o acento grave em: “pedir uma fantasia mais a caráter”.
  • Caro colega Tales Sales:

    Não se pode fazer uso do sinal indicativo de CRASE (acento grave) no que tange à frase: "pedir uma fantasia mais a caráter".

    Pois não se usa crase antes de substantivo masculino.



    Que JESUS nos abençoe!


  • O verbo esquecer tem duas regências corretas:


    - Esquecer algo/alguém

    - Esquecer-se de algo/alguém

  • caráter é palavra masculina, não há crase.

    o caráter

  • Recomendar= VTD não cabe o uso do LHE.

    Matei a questão através dessa análise, se eu estiver errada por favor contribuam com os comentários.