- ID
- 708541
- Banca
- FCC
- Órgão
- MPE-PE
- Ano
- 2012
- Provas
-
- FCC - 2012 - MPE-PE - Analista Ministerial - Área Jurídica
- FCC - 2012 - MPE-PE - Analista Ministerial - Arquitetura
- FCC - 2012 - MPE-PE - Analista Ministerial - Ciências Contábeis
- FCC - 2012 - MPE-PE - Analista Ministerial - Comunicação Social - Jornalismo
- FCC - 2012 - MPE-PE - Analista Ministerial - Engenharia Civil
- FCC - 2012 - MPE-PE - Analista Ministerial - Informática
- FCC - 2012 - MPE-PE - Analista Ministerial - Psicologia
- FCC - 2012 - MPE-PE - Analista Ministerial - Serviço Social
- Disciplina
- Português
- Assuntos
Um dos poemas mais notáveis da língua inglesa é
dedicado por Edgar Allan Poe a uma mulher a quem deu o
nome de Helena. Seria ela efetivamente, para o poeta, uma
encarnação da princesa homérica? Seja qual for a resposta, em
seu poema ele lhe dizia que sua beleza era maior do que a de
uma mortal. Ao contemplá-la, ele tinha consciência de reviver
acontecimentos passados, que ainda lhe eram presentes e
familiares, pois assim se via transportado de volta “à glória que
foi a Grécia e à grandeza que foi Roma”.
Esses versos tornaram-se um clichê usado para exprimir
o que se considera um irreversível compromisso entre o
passado e o presente. Eis aí duas culturas, a grega e a romana,
que na Antiguidade se reuniram para criar uma civilização
comum, a qual continua existindo como um fato histórico no
interior de nossa própria cultura contemporânea. O clássico
ainda vive e se move, e mantém seu ser como um legado que
provê o fundamento de nossas sensibilidades. Poe certamente
acreditava nisso; e é possível que isso em que ele acreditava
ainda seja por nós obscuramente sentido como verdadeiro,
embora não de modo consciente.
Se Grécia e Roma foram, para Poe, uma espécie de
casa, em cujos familiares cômodos ele gostava de morar, se
Roma e Grécia têm ainda alguma realidade atual para nós, esse
estado de coisas funda-se num pequeno fato tecnológico. A
civilização dos gregos e romanos foi a primeira na face da terra
fundada na atividade do leitor comum; a primeira capaz de dar à
palavra escrita uma circulação geral; a primeira, em suma, a
tornar-se letrada no pleno sentido deste termo, e a transmitir-nos
o seu conhecimento letrado.
(Fragmento adaptado de Eric A. Havelock. A revolução da
escrita na Grécia e suas consequências culturais. Trad. de
Ordep José Serra. São Paulo: Editora da UNESP;
Rio de Janeiro:
Paz e Terra, 1996. p.45-6)