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ID
718
Banca
FCC
Órgão
TRT - 23ª REGIÃO (MT)
Ano
2007
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Atenção: As questões de números 1 a 20 referem-se ao texto
que segue.

Da ação dos justos

Em recente entrevista na TV, uma conhecida e combativa
juíza brasileira citou esta frase de Disraeli*: “É preciso que
os homens de bem tenham a audácia dos canalhas”. Para a
juíza, o sentido da frase é atualíssimo: diz respeito à freqüente
omissão das pessoas justas e honestas diante das manifestações
de violência e de corrupção que se multiplicam em
nossos dias e que, felizmente, têm chegado ao conhecimento
público e vêm sendo investigadas e punidas. A frase propõe
uma ética atuante, cujos valores se materializem em reação
efetiva, em gestos de repúdio e medidas de combate à barbárie
moral. Em outras palavras: que a desesperança e o silêncio não
tomem conta daqueles que pautam sua vida por princípios de
dignidade.

Como não concordar com a oportunidade da frase?
Normalmente, a indignação se reduz a conversas privadas, a
comentários pessoais, não indo além de um mero discurso
ético. Se não transpõe o limite da queixa, a indignação é
impotente, e seu efeito é nenhum; mas se ela se converte em
gesto público, objetivamente dirigido contra a arrogância
acanalhada, alcança a dimensão da prática social e política, e
gera conseqüências.

A frase lembra-nos que não costuma haver qualquer
hesitação entre aqueles que se decidem pela desonestidade e
pelo egoísmo. Seus atos revelam iniciativa e astúcia, facilitadas
pela total ausência de compromisso com o interesse público.
Realmente, a falta de escrúpulo aplaina o caminho de quem não
confronta o justo e o injusto; por outro lado, muitas vezes faltam
coragem e iniciativa aos homens que conhecem e mantêm viva
a diferença entre um e outro. Pois que estes a deixem clara, e
não abram mão de reagir contra quem a ignore.

A inação dos justos é tudo o que os contraventores e
criminosos precisam para continuar operando. A cada vez que
se propagam frases como “Os políticos são todos iguais”,
“Brasileiro é assim mesmo” ou “Este país não tem jeito”,
promove-se a resignação diante dos descalabros. Quem vê a
barbárie como uma fatalidade torna-se, ainda que não o queira,
seu cúmplice silencioso.


* Benjamin Disraeli, escritor e político britânico do século XIX.
(Aristides Villamar)

Quanto às normas de concordância verbal, a frase inteiramente correta é:

Alternativas
Comentários
  • As questões de concordância verbal resumem-se à descoberta do núcleo do sujeito com o qual o verbo deve concordar em número. (A)mais gente deveria...(e não deveriam) o suj.aqui é Gente(palavra que indica conjunto ou quantidade).Nesse caso de sujeito coletivo o verbo deve ser conjugado noa 3ªp.do sing.
    (B)Sujeito:" a muitas pessoas" >incomodam reconhecer, ok! Porém, na continuação da frase falta a concordância do verbo tornar "as tornam cúmplices".
    (C)É comum > oração principal
    ...calarmos diante dos descalabros > Oração Subord.Subst.Objetiva porque é suj. da oração principal Ok.
    "a que constuma dar destaque o noticiário da imprensa", pois o sujeito aqui é o noticiário - verbo no singular.
    (D) É A RESPOSTA CORRETA. Vamos descobrir o sujeito?
    "os homens justos" é o suj.da oração principal. As demais orações são Orações Subord.Adverbiais temporais."quando não se opõem à ação do homem acanalhado" > suj.elíptico os homens justos por isso o verbo no plural "opõem".
    "quando ocorre essa grave omissão" > verbo no sing. suj. essa grave omissão.
    (E) O verbo haver, quando usado no sentido de existir, é impessoal devendo ele e seu auxiliar ser conjugado na 3ªp.do singular: "se tivesse havido firmes reações..."
  • a) Mais gente, assim como o fez a juíza brasileira, DEVERIA ponderar as sábias palavras que escolheu Disraeli para convocar a ação dos justos.

    b) A muitas pessoas INCOMODA reconhecer que sua omissão diante da barbárie as torna cúmplices silenciosas dos contraventores e criminosos. (A muitas pessoas não é sujeito - não existe sujeito introduzido por preposição, mas sim seu objeto indireto - a oração substantiva '- reconhecer que sua omissão diante da barbárie as torna cúmplices silenciosas dos contraventores e criminosos' é o sujeito do verbo incomodar - pode ser substituída da seguinte forma: Isso [reconhecer que sua omissão diante da barbárie as torna cúmplices silenciosas dos contraventores e criminosos] incomoda a muitas pessoas. )

    c) É comum calarmos diante dos descalabros a que COSTUMA dar destaque o noticiário da imprensa, e acabamos, assim, por consenti-los. --> o pronome 'que' substitui descalabros que funciona como complemento do verbo em O noticiário da imprensa costuma dar destaque aos descalabros.

    d) CORRETA.

    e) Se TIVESSE havido firmes reações aos descalabros dos canalhas, estes não desfrutariam, com sua falta de escrúpulo, de um caminho já aplainado. - o verbo haver no sentido de existir é impessoal e transfere sua impessoalidade para o verbo auxiliar.
  • Bom resumo!

  • Excelente resumo. Nível top. 

  • (A)Mais gente, assim como o fez a juíza brasileira, deveriam ponderar as sábias palavras que escolheu Disraeli para convocar a ação dos justos.

    Os verbos “deveriam + ponderar” formam uma locução verbal, portanto não pode flexionar, pois está se referindo ao sujeito “Mais gente” que se encontra no singular, se fosse necessário flexionar, esta construção iria estar correta, porque em locução verbal flexiona apenas o verbo auxiliar.

    ITEM ERRADO

    (B)A muitas pessoas incomodam reconhecer que sua omissão diante da barbárie as torna cúmplices silenciosas dos contraventores e criminosos.

    Item complicado de entender para assim fazer uma avaliação correta, mas vamos lá!

    “Temos que fazer o que a questão quer, pois ela está pedindo que identifique a questão correta quanto a concordância verbal. Portanto, sabendo disso vamos analisarmos só o verbo.”

    Não podemos considerar que “A mui                      tas pessoas” seja o sujeito, pois se fosse o “A” deveria estar no plural para concordar com o substantivo “pessoas”, portanto já temos uma dica que essa oração não está na ordem direta, temos que organizarmos ela.

    Reescrevendo na ordem direta: “Reconhecer sua omissão diante da barbárie as tornam cúmplices silenciosas dos contraventores e criminosos que incomodam a muitas pessoas.”

    ITEM ERRADO

    (C) É comum calarmos diante dos descalabros a que costumam dar destaque o noticiário da imprensa, e acabamos, assim, por consenti-los.

    Localizamos o verbo “é”, agora vamos fazer a pergunta antes dele para acharmos o sujeito > “o que é comum?” e obtemos a resposta no plural “calarmos diante...”, portanto percebemos que o sujeito está no plural, então o verbo deve flexionar para concordar com esse sujeito. O correto é “são comuns”.

    ITEM ERRADO

    (D)Quando não se opõem à ação do homem acanalhado, quando ocorre essa grave omissão, os homens justos deixam de fazer valer seu peso político.

    Temos duas orações adverbias temporais desenvolvidas anteposta a oração principal, “estão perfeitamente virguladas”.

    Nota-se que o verbo da primeira oração adverbial “opõem” refere-se ao sujeito que está no plural “homens”, devido a isso a construção está correta.

    ITEM CORRETO

    (E)Se tivessem havido firmes reações aos descalabros dos canalhas, estes não desfrutariam, com sua falta de escrúpulo, de um caminho já aplainado.

    Temos uma “locução verbal”, o verbo “haver” está no sentido de existir, portanto não deve flexionar e com isso transmiti também a singularidade para o verbo auxiliar, então é devido a isso que o item está errado.

    ITEM ERRADO