Freud decompôs o processo de recalque em três momentos. O recalque
primário/originário inscreve “algo” ao fundar o psiquismo, deixando
marcas vividas e intraduzíveis psiquicamente. Tal inscrição seguirá viva e
atual em cada sujeito, mesmo com o passar do tempo. O recalque secundário,
ou o recalcamento propriamente dito, assinala um recurso defensivo
ante o conflito, pois será a defesa privilegiada pela neurose e possui uma
característica mais ativa. Neste segundo momento, o recalque propriamente
dito incide sobre os derivados psíquicos da representação atingida pelo recalque
primário. Assim, o destino destes derivados será o mesmo que o da
representação primordial (a do recalque originário): exclusão da consciência.
Entretanto, vale assinalar, para que o recalque secundário ocorra não se faz
necessário apenas o repúdio do pré-consciente/consciente, mas também a
atração exercida pelo recalque originário (FREUD, 1915; GARCIA-ROZA, 2004;
MACEDO, 2005).
O terceiro momento do recalque é o retorno do recalcado. Nele encontra-
se uma estreita relação entre Psicanálise e neurose, já que no terreno da
patologia o retorno do recalcado encontra no sintoma uma forma de
expressão (MACEDO, 2005).
E para Lacan, o complexo de édipo também ocorre em três fases:
1) relação entre criança x desejo da mãe (pois pensar na clínica de criança é preciso trabalhar a sexualidade da mãe, ou seja localizar o desejo da mãe). A criança deve se relacionar com uma mãe frustrada em ser mulher, pois há uma falta, o mediador da relação que é o falo que é para aonde aponta o desejo da mãe, por isso a questão principal infantil é tentar saciar o desejo da mãe em relação a essa falta;
2) para que a criança não seja fixada na posição de falo materno. A demanda tem de ser direcionada a um outro: daí entra a lei do pai, ou seja, o importante não é o que a mãe faz da palavra desse pai, mas que o pai intervenha de forma efetiva no discurso da mãe que tenta devorar essa criança.
3) Reestabelecimento do plano real. A criança vê que o pai tem o que a mãe precisa (entendendo que a mãe é castrada), Isso permite ao sujeito a identificação com a instância paterna: ideal do eu.
FONTE: compilado de materiais sobre teoria lacaniana do ciclo ceap.