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ID
871513
Banca
CESPE / CEBRASPE
Órgão
TJ-AC
Ano
2012
Provas
Disciplina
Psicologia
Assuntos

No que se refere à psicodinâmica do trabalho, julgue os itens que
se seguem.

Sofrer é uma experiência de fracasso diante do inesperado que o real impõe ao trabalhador.

Alternativas
Comentários
  • Correta.
    Segundo Dejours (2007), o trabalho nunca é neutro, sempre proporciona uma experiência com o real, na qual o sujeito se depara com o inesperado, o que lhe coloca deante de uma experiência afetiva, incialmente de sofrimento; que pode ser transformado em prazer por meio da imobilização dos recursos subjetivos, quando o sujeito consegue negociar as regras da organização de trabalho, ultrapassar os obstáculos e realizar a sua tarefa, conquistando o prazer. Por outro lado, se o sujeito não consegue resolver os problemas; permanece a experiência de fracasso que, quando prolongada, representa um risco para a saúde, porque atinge a identidade do sujeito e pode conduzir à doença.

    http://www.abrapso.org.br/siteprincipal/images/Anais_XVENABRAPSO/384.%20viv%CAncias%20de%20prazer-sofrimento%20no%20trabalho%20de%20psic%D3logos%20da%20%C1rea%20organizacional%20em%20manaus.pdf
    Achei a questão polêmica porque sofrer não é estritamente uma experiência de fracasso, por isso marquei a assertiva como errada. O que acham?
  • A base fundamental da obra de Dejours é o conceito de sofrimento. Dejours entende o sofrimento como uma energia que pode ser tanto criativa quanto patogênica. Para o autor, o sofrimento deixa de significar algo apenas negativo, podendo ser representado também como criatividade.

    Ana Paula, atmbém fiquei com dúvida na questão.
  • Sobre Dejours: " O sofrimento, considerado inerente ao processo de trabalho, e assim impossível de ser eliminado, não é necessariamente patogênico, mas pode vir a tornar-se quando todas as possibilidades de adaptação ao trabalho para colocá-lo em concordância com o desejo individual forem utilizadas e as demais possibilidades estiverem bloqueadas. Esse sofrimento pode ser transformado em criatividade e beneficiar a identidade - sofrimento criativo -, ou pode tornar-se patogênico - sofrimento patogênico". (Retirado do livro Psicologia, organizações e trabalho no Brasil do Zanelli, p. 286).

    Questão, portanto, errada. Estaria certa talvez se tivesse dito sofrimento patogênico, mas mesmo aí, não estaria totalmente certa. As bancas parece não aprenderem que não se podem converter assuntos complexos em frases categóricas e generalizantes.
  • MARQUEI ERRADA.

    Sofrer é uma experiência de fracasso diante do inesperado que o real impõe ao trabalhador.


    Entendo que Dejours em sua obra coloca o sofimento como inévitável a dinamica do trabalho, mas que enquando existe a possibilidade de reelaborar o sofrimento e subverter o trabalho prescrito existe uma saida para saúde, portanto uma saida para vitória e equilibrio das demandas patologicas do trabalho. Ao afirma que Sofrer é uma experiência de fracasso diante do inesperado que o real impoe,  fala que o sofrimento patologico é uma regra frente a uma realidade do trabalho prescrito.. como se não houvesse alternativa para saúde, como se não houvesse um sofrer sadio.

    complementando:

    DEJOURS, discorda do completo bem estar fisico, metal e social, descrito como saude pela OMG. Defende que nao ha nada de completo, perfeito e constante em um individuo vivendo livremente. que a saude concerne na busca constante de equilibrio entre as demandas que o envolvem.


    BONS ESTUDOS!
  • Ola pessoal, podem me informar a referencia dos comentários.

  • Também marquei errada. Segui a mesma lógica. E me parecia óbvia.
  • = A diferença entre o prescrito e o real gera sofrimento. Esse sofrimento pode ser criativo ou patogênico. QUESTÃO CORRETA.

  • Dejours (2005 [1995]) articula, portanto, a noção de atividade subjetivante com a noção de inteligência prática. Diante do revés ao qual o real do trabalho lançou o trabalhador, este age para solucionar o problema. Essa atividade que escapa à execução prescrita da tarefa, ao que fora simulado em treinamentos, mobiliza seu corpo, lócus primário da angústia, dos pathos afetivos, e que é um corpo marcado pela forma específica com que aquele sujeito ingressou na Cultura e desenvolveram-se suas primeiras relações afetivas. A solução resultante (ou o fracasso na realização da tarefa) impõem a necessidade de uma produção simbólica que evidenciará o esforço do trabalhador. Obviamente, quando ele não pode encontrar uma solução para determinado problema, isso indica que, em face daquele real, as possibilidades de ação daquela pessoa, naquele contexto de trabalho, não se coadunaram com o objetivo daquela tarefa. Certamente, pode haver casos em que ninguém encontraria uma solução

    Encontrei esse texto.

    file:///C:/Users/helto/Downloads/OpenAccess-Peyon-9788580393552-03.pdf