A nível internacional, a década de 1960 foi marcada por um ideário contestador. O êxito militar em inúmeras revoluções de libertação nacional como, por exemplo, a Revolução Cubana (1959), a independência da Argélia (1962) e a guerra anti-imperialista em desenvolvimento no Vietnã cristalizaram sentimentos e práticas de rebeldia contra a ordem. Esses movimentos de protesto e mobilização política se espalharam por toda parte e tiveram seu ápice no ano de 1968.
Dentro do contexto de guerra fria, isso levou a uma maior pressão por parte das duas superpotências dentro dos países de sua zona de influência. No caso do Brasil, a rebeldia contra a ordem era associada ao comunismo, e os EUA apoiaram uma política anticomunista, no intuito de manter o país alinhado aos seus interesses políticos e ideológicos.
Assim, setores mais conservadores, além de grupos alinhados aos interesses econômicos norte-americanos passaram a combater ideologicamente, a princípio, uma “iminente guerra revolucionária comunista" que assumiria, principalmente, formas psicológicas, ou seja, não era declarada e sim, promovida secretamente por forças externas, recrutando indivíduos, grupos e organizações dentro da sociedade ( o Centro Popular de Cultura da UNE seria um exemplo). Diante disto, toda a população acaba se tornando suspeita em conspirar a favor do comunismo e contra o governo. A população é, portanto, constituída por potenciais "inimigos internos" que devem ser controlados, perseguidos e eliminados, em prol da segurança interna.
Gabarito: A
O movimento estudantil tem seus primórdios em 1901, quando é criada a Federação dos Estudantes Brasileiros, entidade pioneira que teve pouco tempo de atuação. Já em 1910 é realizado o I Congresso Nacional de Estudantes, em São Paulo. O rápido aumento do número de escolas, nas primeiras décadas do século, acompanhou também a rápida organização coletiva dos jovens, que desde o início de sua atuação estiveram envolvidos com as principais questões do país.
A partir da Revolução de 1930, a politização do ambiente nacional levou os estudantes a atuar firmemente em organizações como a Juventude Comunista e a Juventude Integralista. A diversidade de opiniões e propostas crescia, assim como o desejo em formar uma entidade única representativa, forte e legítima para promover a defesa da qualidade de ensino, do patrimônio nacional e da justiça social.
Após a Guerra, a UNE fortaleceu a sua participação e posicionamento frente aos principais assuntos nacionais, fortalecendo o movimento social brasileiro em ações como a defesa do petróleo, que começava a ser mais explorado no país. Após a promulgação da Constituição de 1946, foi travado um grande debate entre os que admitiam a entrada de empresas estrangeiras para a extração, e os que defendiam o monopólio nacional. A UNE foi protagonista nesse momento com a campanha “O Petróleo é Nosso”. A luta prosseguiu até 1953, quando se deu a criação da Petrobras.
A renúncia de Jânio Quadros em 1961 e a turbulência acerca da posse do vice João Goulart fizeram a UNE transferir momentaneamente sua sede, no ano 1961, para Porto Alegre. Ali, os estudantes tiveram atividade vital na chamada Campanha da Legalidade, movimento de resistência para garantir que Jango fosse empossado. Quando conseguiu chegar o poder, o presidente foi o primeiro da história a visitar a sede da UNE, já no Rio de Janeiro. Desde aquele período, crescia a tensão entre os movimentos sociais e os grupos conservadores da sociedade, entre eles os militares, que tentavam intimidar e coibir as ações da UNE.
Em 1962, a UNE lançou um projeto ousado, a mobilização a partir de caravanas que rodariam o Brasil. A primeira delas, que aconteceu naquele ano, foi a UNE Volante, que, em conjunto com o Centro Popular de Cultura (CPC) da UNE, contribuiu para consolidar a dimensão nacional da entidade em todo o território do Brasil. Durante dois meses, a UNE foi ao encontro de estudantes de várias partes do país para debater a necessidade das reformas e entender a realidade brasileira com seus contrastes e potencialidades. Em 1964, o presidente da UNE José Serra foi um dos principais oradores do comício da Central do Brasil, que defendia as reformas sociais no país e foi um dos episódios que antecederam o golpe militar.