SóProvas


ID
916546
Banca
FUNCAB
Órgão
PC-ES
Ano
2013
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Texto 1:

        Primeira experiência em tantas viagens: o piloto do enorme avião que me levava era uma mulher. Jovem, não muito alta, bonita e alegre – por que pensei que mulher comandante (recuso termos como pilota e comandanta) teria que ser grandona feito eu, e sisuda? Minha surpresa, nascida do preconceito inconsciente, passou para alegria: olha ela ali, casada, com filhos pequenos, sem ar de mãe culpada ou profissional, tendo de mostrar ferozmente sua competência. Nela se viam naturalidade, segurança e simpatia. 
        No meu encontro com altas executivas, aquele incidente acabou simbólico. A gente pode aprender e assimilar muita coisa: neste momento nós, mulheres e homens, enfrentamos muitas novidades, num mundo fascinante, vertiginoso, belo e às vezes cruel. Com tecnologias efêmeras e atordoantes, estamos condenados à brevidade, à transitoriedade, depois de séculos em que os usos e costumes duravam muitos anos, e qualquer pequena mudança causava um alvoroço. A convivência de homens e mulheres também mudou, muitíssimo, tema para muita literatura e seminários, fonte de muitos problemas pessoais. Mudanças trazem o stress nosso de cada dia.
       Eu devia falar sobre a carreira na vida de uma mulher, e seus desafios. Em muitas empresas as mulheres trabalham ombro a ombro com colegas homens, e eventualmente assumem cargos de comando. Como agimos, como nos portamos, como nos reinventamos, nós homens e mulheres? Estamos criando novas parcerias: se homens, enfrentando às vezes o comando de uma mulher; se mulheres, tentando descobrir como lidamos com o poder. Poder e dinheiro, dois fatores novos para nós, interligados e ainda inusitados. Conheço mulheres altamente capacitadas, com bons cargos e salários invejáveis, que no fim do mês entregam o dinheiro ao marido, ou têm uma conta conjunta que ele maneja, “para que ele não se sinta mal por eu ganhar mais.” Realmente, essa mulher com poder precisa de um parceiro com muito caráter, seguro e bem-humorado, para que o convívio faça crescer os dois, com cumplicidade e alegria. 
      Quando eu era adolescente, minhas tias e avós, achando que eu lia demais, profetizavam que eu “não conseguiria marido”, pois “os homens não gostam de mulheres muito inteligentes”. Hoje, celebro os tempos em que ser inteligente ou ter algum conhecimento não precisa ser escondido pelo arcaico medo de “ficar sozinha”. Tendo por escolha, sorte e acaso uma vida profissional sem patrão ou colegas diretos, admiro a diária superação das mulheres que ocupam cargo de mando. Pois se – além de sermos consideradas seres humanos (nem sempre fomos), hoje podemos votar, estudar, trabalhar, controlar o número de filhos e até escapar de casamentos infelizes –, assumimos muito conflito e confusão, os sentimentos humanos continuam os mesmos. Todos queremos dar algum sentido à nossa vida, queremos nos sentir importantes ao menos para alguém, desejamos realizações, mas também aconchego e escuta amorosa. 
      Como conciliamos as mais atávicas e legítimas emoções com as exigências duríssimas de trabalho? Nem sempre temos como deixar as crianças bem atendidas, mesmo tendo a melhor babá ou escolinha; se antes o marido chegava cansado, hoje muitas vezes marido e mulher voltam do trabalho exaustos e tensos. Nem sempre temos na vida pessoal ou no trabalho o parceiro que nos entende, apoia e aprecia, em vez de nos lançar vagas ironias ou quem sabe tentar nos boicotar – coisas que aos poucos desaparecem, pois também os homens estão aprendendo esse novo convívio.
    “Os homens estão assustados com essa mulher que está surgindo?”, perguntam-me seguidamente, e digo: “Os bobos se assustam, ironizam, procuram nos diminuir; os inteligentes – que são os que nos interessam – hão de gostar de ter no trabalho uma colaboradora e em casa uma boa parceira, em lugar de uma funcionária ou gueixa aturdida e queixosa”. Como resolver tudo isso? Vivendo e enfrentando com alguma grandeza esses novos tempos e essas novas gentes que somos agora. (LUFT, Lya. “Homens, mulheres e poder”. Rev. Veja: 19/12/2012, p. 26.) 

No que respeita ao gênero, comportam-se como “comandante” (§ 1) todos os substantivos relacionados em:

Alternativas
Comentários
  • Opção CORRETA, letra "C".
    Peço desculpa aos usuários mais experientes, mas prefiro apresentar o comentário da forma que me parece mais didática. Vejamos...

    No caso proposto temos que avaliar a "flexão dos substantivos" apresentados de forma a identificar quais possuem flexão por gênero (masculino ou feminino) equivalente à comandante.
    Lembrando que os substantivos podem ser amplamente flexionados, seja por número (singular e plural), por grau (aumentativo e diminutivo) ou por gênero (masculino ou feminino).
    Classificação quanto ao gênero
    Substantivos "comuns de dois gêneros": Designam os indivíduos dos dois sexos, mantendo a mesma forma do substantivo e gerando a diferenciação pelo uso, principalmente, do artigo. Poderia haver também diferenciação por meio de adjetivo ou outro substantivo (anterior ou posterior). Exemplos: o acrobata, a acrobata; o artista, a artista; o intérprete, a intérprete. Nesta classificação se enquadra o substantitivo "comandante" apresentado no texto de forma que a diferenciação do sexo do indivíduo foi feita pelo uso do termo "mulher" (outro substantivo).
    Substantivos "sobrecomuns": São os que possuem a mesma forma para o masculino e feminino e, diferentemente dos "comuns de dois gêneros" (acima), não variam na representação de ambos os sexos. Exemplos: a criança (seja menino ou menina); a testemunha (seja ele ou ela); a vítima (seja ele ou ela).
    Substantivos "epicenos ou promíscuos": Designam os animais que possuem apenas uma forma de nome para o masculino e feminino. Exemplo: girafa, avestruz, barata e águai (todos com forma única para ambos M/F).
    Substantivos "heterônimos ou desconexos": Desigam nominação de seres em que as formas feminina e masculina forman-se com radical completamente diferentes. Exemplos: homem e mulher; boi e vaca; cavaleiro e amazona.

    Com base neste resumo fica fácil identificar que a opção "C" é a única que apresenta apenas substantivos "comuns de dois gêneros", tal qual "comandante".
    a) vítima – artista – atendente
    b) camarada – testemunha – dentista
    c) pianista – cliente – colegial = COMUNS DE DOIS GÊNEROS: O/A pianista, O/A cliente, O/A colegial = O/A comandante
    d) estudante – colega – indivíduo =
    e) cônjuge – criança – pessoa
  • O/A COMANDANTE

    a) A VÍTIMA - O/A ARTISTA - O/A ATENDENTE.

    b) O/A CAMARADA - A TESTEMUNHA  - O/A DENTISTA

    c) O/A PIANISTA - O/A CLIENTE - O/A COLEGIAL   GABARITO

    d) O/A ESTUDANTE - O/A COLEGA - O INIVÍDUO

    e) O/A Cônjuge - A CRIANÇA - A PESSOA
  • Olá amigos!

    ESSA QUESTÃO SE REFERE À NÃO VARIAÇÃO DA PALAVRA QUANTO AO GÊNERO, OU SEJA, ELA NÃO MUDA SENDO TANTO NO MASCULINO COMO NO FEMENINO.

    EX:   O ESTUDANTE
             A ESTUDANTE

            O PIANISTA 
            A PIANISTA

            O COLEGA
            A COLEGA

            O COLEGIAL
            A COLEGIAL

           ENTÃO, GALERA, A LETRA  ( C )  É A CORRETA.

     

  • Só acrescentando a título de curiosidade:
    Apesar de ser usado erroneamente até no mundo jurídico, o substantivo CÔNJUGE não tem variação.
    ex:
    Ele é o cônjuge dela. 
    Ela é o cônjuge dele.
    tipo: o par dele, e o par dela
  • O/A COMANDANTE

    a) A VÍTIMA - O/A ARTISTA - O/A ATENDENTE.

    b) O/A CAMARADA - A TESTEMUNHA  - O/A DENTISTA

    c) O/A PIANISTA - O/A CLIENTE - O/A COLEGIAL - CORRETO

    d) O/A ESTUDANTE - O/A COLEGA - O INDIVÍDUO

    e) O/A Cônjuge - A CRIANÇA - A PESSOA


  • Resposta: Letra C.

    Comuns de dois gêneros – são substantivos que possuem uma única forma gráfica para os dois gêneros, mas se faz a distinção do masculino e do feminino pela utilização de artigos “o, a, os, as, um, uns, uma, umas”.

  • Gente, cuidado: CÔNJUGE é substantivo uniforme sobrecomum masculino - O CÔNJUGE. Não existe a cônjuge.


  • Marquei a alternativa E, pois interpretei errado. No contexto ele usa o termo MULHER COMANDANTE, logo pensei, "ah, ele está procurando um SUBSTANTIVO SOBRECOMUNS. Logo, ficaria: O CONJUGE DO SEXO MASCULINO, A CRIANÇA DO SEXO MASCULINO, A PESSOA DO SEXO MASCULINO.

    Interpretei errado...mierda !

    Aquela coisa, achei estranho, pois sabia que COMANDANTE era COMUM DE DOIS GÊNERO, mais interpretei pelo contexto e não pelo enunciado.

  • gente  não vamos perder tempo só presta atenção no que se pede GÊNERO!!



  • Flexão em gênero

     

    a- Substantivos biformes: uma forma para cada gênero.  

     

    *Exs.: menino – menina leão – leoa

     

     

    b- Substantivos Uniformes:  mesma forma para ambos os gêneros.  

     

    i- Epicenos: indicam nomes de animais e para especificar o sexo, utiliza-se macho ou fêmea.  - *Exs.: a girafa fêmea; a girafa macho. 

     

    ii- Sobrecomuns: indicam tanto masculino quanto feminino. ⇒ identificação do sexo correspondente se dará através do contexto.  - *Ex.: o indivíduo (homem ou mulher). 

     

    -BIZUSobrecomum : tão comum para os dois que nem precisa de artigo.

     

    iii- Comuns de dois gêneros: mesma forma para indicar tanto o masculino quanto o feminino.⇒ identificação do sexo correspondente se dará através artigo, que será variável para indicar o sexo: - *Exs.: O colega; A colega;

  • O/a camarada e o/a colegi

    Cônjuge é apenas O cônjuge