SóProvas


ID
916549
Banca
FUNCAB
Órgão
PC-ES
Ano
2013
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Texto 1:

        Primeira experiência em tantas viagens: o piloto do enorme avião que me levava era uma mulher. Jovem, não muito alta, bonita e alegre – por que pensei que mulher comandante (recuso termos como pilota e comandanta) teria que ser grandona feito eu, e sisuda? Minha surpresa, nascida do preconceito inconsciente, passou para alegria: olha ela ali, casada, com filhos pequenos, sem ar de mãe culpada ou profissional, tendo de mostrar ferozmente sua competência. Nela se viam naturalidade, segurança e simpatia. 
        No meu encontro com altas executivas, aquele incidente acabou simbólico. A gente pode aprender e assimilar muita coisa: neste momento nós, mulheres e homens, enfrentamos muitas novidades, num mundo fascinante, vertiginoso, belo e às vezes cruel. Com tecnologias efêmeras e atordoantes, estamos condenados à brevidade, à transitoriedade, depois de séculos em que os usos e costumes duravam muitos anos, e qualquer pequena mudança causava um alvoroço. A convivência de homens e mulheres também mudou, muitíssimo, tema para muita literatura e seminários, fonte de muitos problemas pessoais. Mudanças trazem o stress nosso de cada dia.
       Eu devia falar sobre a carreira na vida de uma mulher, e seus desafios. Em muitas empresas as mulheres trabalham ombro a ombro com colegas homens, e eventualmente assumem cargos de comando. Como agimos, como nos portamos, como nos reinventamos, nós homens e mulheres? Estamos criando novas parcerias: se homens, enfrentando às vezes o comando de uma mulher; se mulheres, tentando descobrir como lidamos com o poder. Poder e dinheiro, dois fatores novos para nós, interligados e ainda inusitados. Conheço mulheres altamente capacitadas, com bons cargos e salários invejáveis, que no fim do mês entregam o dinheiro ao marido, ou têm uma conta conjunta que ele maneja, “para que ele não se sinta mal por eu ganhar mais.” Realmente, essa mulher com poder precisa de um parceiro com muito caráter, seguro e bem-humorado, para que o convívio faça crescer os dois, com cumplicidade e alegria. 
      Quando eu era adolescente, minhas tias e avós, achando que eu lia demais, profetizavam que eu “não conseguiria marido”, pois “os homens não gostam de mulheres muito inteligentes”. Hoje, celebro os tempos em que ser inteligente ou ter algum conhecimento não precisa ser escondido pelo arcaico medo de “ficar sozinha”. Tendo por escolha, sorte e acaso uma vida profissional sem patrão ou colegas diretos, admiro a diária superação das mulheres que ocupam cargo de mando. Pois se – além de sermos consideradas seres humanos (nem sempre fomos), hoje podemos votar, estudar, trabalhar, controlar o número de filhos e até escapar de casamentos infelizes –, assumimos muito conflito e confusão, os sentimentos humanos continuam os mesmos. Todos queremos dar algum sentido à nossa vida, queremos nos sentir importantes ao menos para alguém, desejamos realizações, mas também aconchego e escuta amorosa. 
      Como conciliamos as mais atávicas e legítimas emoções com as exigências duríssimas de trabalho? Nem sempre temos como deixar as crianças bem atendidas, mesmo tendo a melhor babá ou escolinha; se antes o marido chegava cansado, hoje muitas vezes marido e mulher voltam do trabalho exaustos e tensos. Nem sempre temos na vida pessoal ou no trabalho o parceiro que nos entende, apoia e aprecia, em vez de nos lançar vagas ironias ou quem sabe tentar nos boicotar – coisas que aos poucos desaparecem, pois também os homens estão aprendendo esse novo convívio.
    “Os homens estão assustados com essa mulher que está surgindo?”, perguntam-me seguidamente, e digo: “Os bobos se assustam, ironizam, procuram nos diminuir; os inteligentes – que são os que nos interessam – hão de gostar de ter no trabalho uma colaboradora e em casa uma boa parceira, em lugar de uma funcionária ou gueixa aturdida e queixosa”. Como resolver tudo isso? Vivendo e enfrentando com alguma grandeza esses novos tempos e essas novas gentes que somos agora. (LUFT, Lya. “Homens, mulheres e poder”. Rev. Veja: 19/12/2012, p. 26.) 

Dentre as propostas de substituição do complemento de “condenados” – em “estamos condenados à brevidade, à transitoriedade” (§ 2) – aquela em que se mantém o acento grave no “a” é:

Alternativas
Comentários
  • Condenados à experiência de uma vida em que tudo é breve e transitório.

    Verbo (condenados) que exige preposição "a".
    Artigo feminino "a experiência".
  • Letra C

    O verbo Condenar exige a preposição "a"

    a experiência de é uma locução prepositiva Crase Obrigatória! devido ao exigimento da preposição do verbo Condenar + artigo definido entecedendo um substantivo feminino.

    Força e Fé

  • Caríssimos!

    Regras de bolso para ocorrência da crase (emprego do acento grave):

    1. Artigo "a" + preposição "a" = "à";

    2. Preposição "a" + "aquela(s)", "aquele(s)" ou "aquilo" = "àquela(s)", "àquele(s)", "àquilo";

    3. Pronome demonstrativo "a" quando substituível por "aquela", "aquele" ou "aquilo" = "à" (esse penso ser o mais "chatinho" - ex.: "Comprei uma mochila igual à (= aquela) que você comprou")
    ___________

    Alguns casos proibitivos do emprego do cento grave - não ocorre crase:

    1. Não se emprega acento grave antes de verbo no infinitivo;

    2. Não se emprega acento grave antes de palavra masculina;

    3. Não se emprega acento grave entre palavras repetidas ("caso a caso", "lado a lado"...);

    4. Não se emprega acento grave antes dos pronomes demonstrativos "esta", "essa", "isto", "isso";

    5. Antes do artigo indefinido "uma".

    Bons estudos!


  • fonte: http://mapasconcursos.blogspot.com.br/2012/09/portugues.html
  • a) a uma existência em que tudo é breve e transitório. Pronome indefinido. Crase Proibida.
    b) a viver um tempo em que tudo é breve e transitório. Antes verbo. Crase Proibida
    c) a experiência de uma vida em que tudo é breve e transitório. CORRETA
    d) a essa vida em que tudo é breve e transitório. Pronome demonstrativo. Crase Proibida
    e) a toda uma vida em que tudo é breve e transitório. Pronome indefinidoCrase Proibida
  • Usei o "macete" de substituir o "a" pela palavra "para a" dica de um professor meu, não é sempre mais ajuda a anular umas questões.

    \o/
  • Condenados à experiência de uma vida em que tudo é breve e transitório.

    Verbo (condenados) que exige preposição "a".
    Artigo feminino "a experiência".
    Substitui  por ao encontro (palavra masculina )
  • Lembrando que o motivo de as outras estarem erradas é porque as palavras que vêm depois de "a" não pedem artigo, somente a palavra "experiência".

  • O legal dessas questões é que você nem perde tempo lendo as frases inteiras. Os pronomes de imediato já ficam no início da oração.=D

  • Antes de Pronome crase passa fome.  Só os pronomes possessivos femininos ex: sua,tua que são Facultativos.

  • GABARITO: LETRA C

    ACRESCENTANDO:

    Tudo o que você precisa para acertar qualquer questão de CRASE:

    I - CASOS PROIBIDOS: (são 15)

    1→ Antes de palavra masculina

    2→ Antes artigo indefinido (Um(ns)/Uma(s))

    3→ Entre expressões c/ palavras repetidas

    4→ Antes de verbos

    5→ Prep. + Palavra plural

    6→ Antes de numeral cardinal (*horas)

    7→ Nome feminino completo

    8→ Antes de Prep. (*Até)

    9→ Em sujeito

    10→ Obj. Direito

    11→ Antes de Dona + Nome próprio (*posse/*figurado)

    12→ Antes pronome pessoalmente

    13→ Antes pronome de tratamento (*senhora/senhorita/própria/outra)

    14→ Antes pronome indefinido

    15→ Antes Pronome demonstrativo(*Aquele/aquela/aquilo)

    II - CASOS ESPECIAIS: (são7)

    1→ Casa/Terra/Distância – C/ especificador – Crase

    2→ Antes de QUE e DE → qnd “A” = Aquela ou Palavra Feminina

    3→ à qual/ às quais → Consequente → Prep. (a)

    4→ Topônimos (gosto de/da_____)

    a) Feminino – C/ crase

    b) Neutro – S/ Crase

    c) Neutro Especificado – C/ Crase

    5→ Paralelismo

    6→ Mudança de sentido (saiu a(`) francesa)

    7→ Loc. Adverbiais de Instrumento (em geral c/ crase)

    III – CASOS FACULTATIVOS (são 3):

    1→ Pron. Possessivo Feminino Sing. + Ñ subentender/substituir palavra feminina

    2→ Após Até

    3→ Antes de nome feminino s/ especificador

    IV – CASOS OBRIGATÓRIOS (são 5):

    1→ Prep. “A” + Artigo “a”

    2→ Prep. + Aquele/Aquela/Aquilo

    3→ Loc. Adverbiais Feminina

    4→ Antes de horas (pode está subentendida)

    5→ A moda de / A maneira de (pode está subentendida)

    FONTE: Português Descomplicado. Professora Flávia Rita