SóProvas


ID
952768
Banca
FCC
Órgão
DPE-RS
Ano
2013
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

O maior, o melhor


      Há algum tempo um jornal de grande circulação promoveu uma enquete para saber qual é o maior escritor brasileiro, se Machado de Assis ou se Guimarães Rosa. Parece que antes de mais nada já não haveria qualquer dúvida sobre os dois maiores, cabendo apenas hierarquizá-los. Essa mania de o maior, o melhor está cada vez mais incorporada ao competitivo mundo moderno. Trata-se de eleger logo um absoluto,um superlativo, numa espécie de torneio promovido a propósito de tudo: o melhor cantor, o melhor atacante, o maior empresário, o maior bandido...
      Muito sabiamente, o poeta Manuel Bandeira resolveu logo a parada, declarando-se já de saída um “poeta menor”, e ainda pediu desculpas por isso. Convivendo com a tuberculose desde adolescente, nosso poeta conviveu também com a alta probabilidade de uma morte precoce − e a morte, como se sabe, costuma relativizar tudo. Ela não respeita nem os maiores, nem os melhores. Qualquer hierarquia perde o sentido diante dela. E justamente por se saber “menor”, isto é, mortal, humano,falível, limitado, o poeta Manuel Bandeira acabou fazendo de suas pequenas experiências uma grande e comovente poesia.
      Ele poderia ser exemplo para todos os que corremos atrás do primeiro lugar, do prêmio máximo, do recorde mundial. Essa tolice de achar que a felicidade está no topo do Everest e em nenhum outro lugar alimenta a máquina de ansiosos em que a nossa sociedade se converteu. Quem fica de olho no máximo perde toda a graça do mínimo, que é onde, afinal, se aloja a felicidade possível. Os pequenos momentos, os detalhes da afetividade, as palavras simples e necessárias, os gestos minúsculos mas imprescindíveis jamais ganharão um prêmio Nobel. E no entanto está nessa aparente pequenez, não tenho dúvida, o que pode dar sentido à nossa vida.


(Agostinho Rubinato, inédito)



O verbo indicado entre parênteses deverá flexionar-se numa forma do PLURAL para preencher adequadamente a lacuna da frase:

Alternativas
Comentários
  • É a questão da prova. A proposta é saber as altrenativas que admitem o plural e aquela, que deve ser o gabarito, que exige o plural.

     a) Nem Everest, nem recorde mundialnenhuma obsessão dessas deve levar-nos a uma luta ingente e, quase sempre, inglória.
    O sujeito veio acompanhado de um aposto resumidor(ninguém). Em regra, o verbo deverar concordar com o aposto; ficando, pois, no singular.

    b) Às pequenas coisas do cotidiano, aos versos simples é que se dedica
    , em suas obras-primas, o poeta Manuel Bandeira.
    Artimanha bem batida da banca: jogou o sujeito, que é simples, para o fim da frase. Se o sujeito é simples, verbo no singular.

    c) O mérito e a importância de um prêmio como o Nobel não cabe discutir, mas não há por que desmerecer quem nunca o ganhou.
    O verbo caber no sentido de
      "Ser de direito, pertencer, ter relação" nos leva àquele papo de sujeito oracional. Esse verbo, quando tiver esse sentido, não pode variar.

    e) As competições a que se lança, em nossos dias, todo e qualquer postulante à fama jamais sensibilizaram nosso grande lírico.
    Achei a mais perigosa. " As
     competições" é sujeito de "sensibilizaram". O sujeito do verbo "lançar" é "todo e qualquer postulante". Este sujeito, apesar de possuir dois núcleos, é simples. Logo, o verbo também fica no singular.
  • Letra D

    a) "nenhuma obsessão dessas deve": pronomes indefinidos empregados como sujeito, dando idéia de síntese, pedem o verbo no SINGULAR

    b) Como muito bem colocado pelo colega acima, "o poeta Manuel Bandeira se dedica": sujeito simples. A não ser que o sujeito simples incorra em idéia de coletivo, o verbo sempre concordará com ele.
    Há, no entanto, mais uma justificativa para esse item: a partícula "é que"(realce) é sempre invariável e, nesse caso, o verbo concordará com o sujeito.

    c) "mérito"e "importância" constituem o sujeito composto da oração. Sempre que os elementos do sujeito composto fomarem uma unidade de idéia (sinônimos, graduação, etc), o verbo ficará no SINGULAR.

    e) mesma explicação do item A: "todo" e "qualquer" caracterizar pronomes indefinidos. SINGULAR
  • Não entendi a oração da alternativa D, quanto mais encontrar o seu sujeito.

    Alguém poderia me ajudar?

    Desde já agradeço!
  • d) quem tem atormentado?   visões da glória ,   logo ,  TÊM ou TERÃO atormentado aquelas visões da glória .... 
  • Resposta letra d).

    A um poeta como Manuel Bandeira jamais teriam atormentado aquelas visões da glória que tantos perseguem obstinadamente.

    O sujeito é aquelas visões (teriam).
  • Ao colega Lucas Guerrero:

    A um poeta como Manuel Bandeira jamais ...... (ter) atormentado aquelas visões da glória que tantos perseguem obstinadamente. 

    Basta invertermos a ordem das orações:

    Aquelas visões da glória que tantos perseguem obstinadamente (sujeito oracional) jamais teriam atormentado a um poeta como Manuel Bandeira.


  • Outro comentário sobre a alternativa c: mérito e importância, no contexto, são palavras semelhantes; por isso, verbo no singular.

  • Não concordo com o gabarito, conforme ensinamentos da Prof. Claudia Koslowski: 
    Palavras sinônimas
    : O verbo concorda com o mais próximo (preferência) ou fica no plural.

    A Ética ou a Moral preocupa-se com o comportamento humano.

    A música e a sonoridade sempre nos diz / dizem algo.

    Observação: Expressando uma gradação, mantém-se o verbo no singular:

    Um gesto, um olhar, um aperto de mão bastaria.

    Deste modo, a ênfase recai no último elemento, que representa a série.

    Desse modo, a letra C também está correta! 

  • O professor tem um vídeo explicando a questão e às vezes ajuda!

  • Gabarito D

    O verbo "ter" concorda com o termo "visões"

    Em ordem direta ficaria:

    "Aquelas visões da glória (que tantos perseguem obstinadamente jamais) têm atormentado a um poeta como Manuel Bandeira.

  • Gente a LETRA C , o verbo fica no singular, pois o verbo caber está concordando com discutir e não com o mérito e a importância. Coloquem na ordem inversa: discutir não cabe...

  • Em A, "nenhuma obsessão dessas deve", "obsessão" é sujeito simples, logo o verbo "dever" deve ser flexionado no singular.

     

    Em B, "às pequenas coisas do quotidiano" é uma expressão preposicionada, portanto não pode ser sujeito. Em "Aos versos simples é que se", o pronome "se" é parte integrante do verbo "dedicar- se", que apresenta como sujeito o termo posposto "o poeta Manuel Bandeira", logo o verbo também deve ser flexionado no singular.


    Em C, "discutir" é sujeito oracional: "discutir o mérito e a importância de um prêmio como o Nobel não cabe", logo o verbo "caber"
    deve se manter no singular.

     

    Resposta correta - Letra D: "A um poeta como Manuel Bandeira" é objeto indireto da locução verbal "têm atormentado". Assim, o sujeito de tal locução é "aquelas visões", logo o verbo "ter" deve ser flexionado numa forma plural para preencher corretamente a lacuna ("aquelas visões têm atormentado a um poeta").

     

    Na alternativa E, "todo e qualquer postulante" é sujeito. "Todo e qualquer postulante à fama se lança a competições", logo o verbo deve ser mantido no singular.

     

    Comentarios e correção: Prof. Flavia Rita.