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ID
97630
Banca
FCC
Órgão
DNOCS
Ano
2010
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Cultura de massa e cultura popular

O poder econômico expansivo dos meios de
comunicação parece ter abolido, em vários momentos e
lugares, as manifestações da cultura popular, reduzindo-as à
função de folclore para turismo. Tal é a penetração de certos
programas de rádio e TV junto às classes pobres, tal é a
aparência de modernização que cobre a vida do povo em todo o
território brasileiro, que, à primeira vista, parece não ter sobrado
mais nenhum espaço próprio para os modos de ser, pensar e
falar, em suma, viver, tradicionais e populares.

A cultura de massa entra na casa do caboclo e do
trabalhador da periferia, ocupando-lhe as horas de lazer em que
poderia desenvolver alguma forma criativa de autoexpressão;
eis o seu primeiro tento. Em outro plano, a cultura de massa
aproveita-se dos aspectos diferenciados da vida popular e os
explora sob a categoria de reportagem popularesca e de
turismo. O vampirismo é assim duplo e crescente; destrói-se por
dentro o tempo próprio da cultura popular e exibe-se, para
consumo do telespectador, o que restou desse tempo, no
artesanato, nas festas, nos ritos. Poderíamos, aqui, configurar
com mais clareza uma relação de aparelhos econômicos
industriais e comerciais que exploram, e a cultura popular, que é
explorada. Não se pode, de resto, fugir à luta fundamental: é o
capital à procura de matéria-prima e de mão de obra para
manipular, elaborar e vender. A macumba na televisão, a escola
de samba no Carnaval estipendiado para o turista, são
exemplos de conhecimento geral.

No entanto, a dialética é uma verdade mais séria do que
supõe a nossa vã filosofia. A exploração, o uso abusivo que a
cultura de massa faz das manifestações populares não foi ainda
capaz de interromper para sempre o dinamismo lento, mas
seguro e poderoso da vida arcaico-popular, que se reproduz
quase organicamente em microescalas, no interior da rede
familiar e comunitária, apoiada pela socialização do parentesco,
do vicinato e dos grupos religiosos.

(Alfredo Bosi. Dialética da colonização. S. Paulo: Companhia
das Letras, 1992, pp. 328-29)

Um mesmo fenômeno é expresso pelos segmentos:

Alternativas
Comentários
  • Socorro, alguém me explica a lógica da questão?
  • Socorro, alguém me explica a lógica da questão? (2)
  • Bem, o que entendi é que a questão está pedindo para indicarmos em qual das alternativas existe dois segmentos que expressam o mesmo fenomeno.A única alternativa que esta falando do mesmo fenomeno é a E) dinamismo lento e se reproduz quase organicamente.Ambos se referem a cultura popular que ainda subexiste no "interior da redefamiliar e comunitária, apoiada pela socialização do parentesco,do vicinato e dos grupos religiosos."Espero ter ajudado!
  • Galera, que estão ein...eu acertei fazendo o mesmo racicínio da colega abaixo, e acho que era isso mesmo que eles queriam.Se olharmos bem para as demais assertiva, veremos que as expressões possuem um sentido antagônico, uma sempre se referindo ao que se critica no texto, e outra se referindo ao que se valoriza.A única que não expressa essa ideia é a alternativa e), na qual as expressões referem-se à mesma coisa.Espero ter ajudado...
  • LETRA E

    Errada a alternativa (A), haja vista que “poder econômico expansivo e socialização do parentesco” não são equivalentes entre si, ou seja, os fenômenos são diferentes.

    Erradas, também, as alternativas (B), (C) e (D), pois “aparência de modernização” não se equivale, nem é fenômeno igual à “forma criativa de autoexpressão”, assim como os “aspectos diferenciados da vida popular”, que é a cultura popular, não se equivale a “reportagem popularesca”, que é o que faz o poder econômico dos meios de comunicação com a cultura popular; de igual forma, não se pode aproximar como igual fenômeno os “aparelhos eletrônicos”, que exploram a cultura popular, da dialética.