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ID
1021834
Banca
IBFC
Órgão
PM-RJ
Ano
2012
Provas
Disciplina
Português
Assuntos







Texto I
A vida no lixão de Gramacho - RJ

      Considerado o maior aterro sanitário da América Latina, o Lixão de Gramacho é conhecido pelos seus diversos catadores e pelas histórias que ali com eles vivem.
      Histórias das Ruas foi até lá para conhecer um pouco dessa realidade e poder trazer para vocês alguns fatos que não apenas chocam mas incomodam até mesmo os mais desinteressados.
      O Lixão se localiza no bairro do Jardim Gramacho, no município de Duque de Caxias. O local recebe mais de 7 mil toneladas de lixo por dia. O bairro possui 20 mil habitantes que vivem na miséria e mais de 50% da população tiram sua renda da reciclagem de lixo que catam no aterro.
      As pessoas que vivem trabalhando com a reciclagem moram ao redor do aterro, em barracos de madeiras e papelão, em meio a muita lama e lixo, muito lixo. [...]
      Adentramos a favela e, tudo o que eu via, me impressionava muito. Mesmo não sendo a rampa (nome dado à montanha de lixo que é localizada dentro do aterro), a quantidade de lixo diante dos meus olhos era extremamente exagerada. Ficava difícil até ver o chão, forrado de lixo. Durante a nossa caminhada, João [um dos catadores] me explicou como era a vida no Lixão. “Aqui
nós trabalhamos para duas empresas que são donas de todo esse lixo. Não podemos trabalhar por conta própria. Enquanto eles se enriquecem com esse lixo que nós catamos e reciclamos, nós vivemos assim, nessa situação.”
      O cenário daquela comunidade era praticamente um cenário de guerra. Carros tombados, pessoas com semblantes muito sofridos e crianças carregando crianças. O cheiro era muito forte, também devido à quantidade enorme de porcos que viviam no meio do monte de lixo, porcos que dividiam o espaço onde as crianças da comunidade brincavam. Além disso, percebi que não havia saneamento no local.
      Perguntei ao Sr. João se ele fazia ideia de quantas crianças viviam lá e ele me respondeu: “Não tem como ter ideia disso.
São realmente muitas crianças que vivem no meio desse lixo e cada vez mais aumenta o número delas.”[...]
      Conversei com muitas pessoas e pude perceber que a maioria não queria contar a sua história de vida. Percebi que quase ninguém gostava de tocar no assunto de como foi parar ali; era um assunto que incomodava a todos e espalhava certa tristeza no ar, tristeza muito mais nítida do que a pobreza em que eles vivem.
      O Lixão será desativado até o dia 03/06. Para mim, ficou evidente que aquelas pessoas que vivem lá dependem daquele lixo para sobreviver, pois é de onde tiram o próprio sustento. Com todos os moradores que eu consegui conversar, perguntei o que eles iriam fazer e para onde pensarão ir depois que o Lixão fosse desativado. A resposta era sempre a mesma: “Não sabemos,
estamos esperando o governo decidir o que vai fazer com todo mundo que mora aqui.” Alguns até disseram estar tristes devido ao fato de que o lixão iria fechar.[...]
      No dia seguinte, voltando para São Paulo, vi algumas notícias em jornais de grande circulação em todo o país dizendo que o fim do Lixão de Gramacho marca um novo começo, uma nova vida para os moradores de lá. Fiquei chocado! Como a imprensa,
que tem como principal missão reportar a verdade dos fatos com espírito crítico, pode manipulá-los a ponto de “sugerir” que o mal é um bem?
(Fonte: www.historiasdasruas.com/2012 )



A oração “Mesmo não sendo a rampa”, presente no quinto parágrafo, introduz o seguinte valor semântico no período em que está inserida:

Alternativas
Comentários
  • Olá,

    Letra C
    Introduz um valor concessivo (relação de oposição / contrário à lógica do período)

    "Mesmo não sendo a rampa." (Oração Subordinada Adverbial Concessiva Reduzida de Gerúndio)

    Bons estudos ;D
  • Para alguns que assinalaram a alternativa "a" ai vai uma dica:

    Conjunção adversativa x conjunção concessiva.

    A diferença sintática básica é que a oração coordenada adversativa não exerce função sintática em relação à outra. Por isso ser chamada de coordenada, e não de subordinada, como acontece com a oração concessiva, que funciona como adjunto adverbial da oração principal.
     
    COORDENADA ADVERSATIVA
     
    A coordenada adversativa mantém uma oposição acentuada. Mostra, através de duas orações independentes, duas ideias distintas e contrárias, e acentua a mais importante.
     
    “Ele é um bom político, mas rouba.”
    A oração coordenada adversativa ressalta o defeito do político.
     
    “Ele rouba, no entanto é um bom político.”
    A oração destaca a qualidade do político.
     
    "O trabalho dignifica a pessoa, entretanto a consome por completo."
    O que se destaca é uma crítica ao trabalho.

    "O trabalho consome a pessoa por completo, porém a dignifica."
    Já esta, apresenta uma visão positiva do trabalho.
     
    As conjunções adversativas mais usadas são:
    mas, porém, contudo, todavia, entretanto, no entanto, pero, sin embargo.
     
    Brincadeira, claro. As duas últimas são adversativas, mas da língua espanhola.
     
     
    SUBORDINADA ADVERBIAL CONCESSIVA
     
    A subordinada adverbial concessiva mantém uma relação de anormalidade em relação à oração Principal. Geralmente a concessiva mostra uma quebra de expectativa, uma quebra de regra geral, mostrando uma exceção, ou seja, o normal seria acontecer uma coisa, mas acontece outra. E de certa forma, destaca a ideia menos importante do período.
     
    Veja:
    Embora seja um ótimo jogador, Lucas ficou no banco.
    O normal, já que é um ótimo jogador, seria Lucas estar em campo.
     
    Apesar de ser muito estudioso, ele não conseguiu ainda passar no vestibular.
    O esperado seria que ele já houvesse passado no vestibular.
     
    Algumas conjunções e locuções concessivas:
    embora, apesar de, mesmo que,  conquanto, ainda que, se bem que, posto que, não obstante.
     
    Ficou fácil identificar que a oração usada pelo menino preguiçoso da imagem acima foi a adversativa.
     
    Espero ter ajudado.
     
    Bons estudos.
  • Obrigada pela explidação, Hermes! Fiquei muito tempo sem estudar o assunto e fiquei na dúvida entre as duas... :)
  • Troque pelo "AINDA QUE" valor de concessão

  • GABARITO: LETRA C

    → Adentramos a favela e, tudo o que eu via, me impressionava muito. Mesmo não sendo a rampa (nome dado à montanha de lixo que é localizada dentro do aterro)

    → temos uma conjunção subordinativa concessiva, pode ser substituída por: EMBORA, MESMO QUE, AINDA QUE, CONQUANTO, MALGRADO...

    FORÇA, GUERREIROS(AS)!! ☺

  • hermes você merece um abraço cara kkk explicação top

  • GABARITO: LETRA C

    → Adentramos a favela e, tudo o que eu via, me impressionava muito. Mesmo não sendo a rampa (nome dado à montanha de lixo que é localizada dentro do aterro)

    → temos uma conjunção subordinativa concessiva, pode ser substituída por: EMBORA, MESMO QUE, AINDA QUE, CONQUANTO, MALGRADO...

    FORÇA, GUERREIROS(AS)!!