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ID
1054291
Banca
FCC
Órgão
SEFAZ-RJ
Ano
2014
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                                                   [Ponderando o julgamento]

       As leis não podem deixar de ressentir-se da fraqueza dos homens. Elas são variáveis como eles.
       Algumas, nas grandes nações, foram ditadas pelos poderosos com o fim de esmagar os fracos. Eram tão equívocas que mil intérpretes se apressaram a comentá-las; e, como a maioria só fez sua glosa como quem executa um ofício para ganhar algum dinheiro, acabou o comentário sendo mais obscuro que o texto. A lei transformou-se numa faca de dois gumes que degola tanto o inocente quanto o culpado. Assim, o que devia ser a salvaguarda das nações transformou-se tão amiúde em seu flagelo que alguns chegaram a perguntar se a melhor das legislações não consistiria em não se ter nenhuma.
       Examinemos a questão. Se vos moverem um processo de que dependa vossa vida, e se de um lado estiverem as compilações de juristas sabidos e prepotentes, e de outro vos apresentarem vinte juízes pouco eruditos mas que, sendo anciãos isentos das paixões que corrompem o coração, estejam acima das necessidades que o aviltam, dizei-me: por quem escolheríeis ser julgados, por aquela turba de palradores orgulhosos, tão interesseiros quanto ininteligíveis, ou pelos vinte ignorantes respeitáveis?
(VOLTAIRE. O preço da justiça. Trad. Ivone Castilho Benedetti. São Paulo: Martins Fontes, 2011. p. 7-8)

O texto permite inferir adequadamente que, para Voltaire, as leis

Alternativas
Comentários
  •  Examinemos a questão. Se vos moverem um processo de que dependa vossa vida, e se de um lado estiverem as compilações de juristas sabidos e prepotentes, e de outro vos apresentarem vinte juízes pouco eruditos mas que, sendo anciãos isentos das paixões que corrompem o coração, estejam acima das necessidades que o aviltam, ...

    Sensatos e experientes, seriam os vinte juízes pouco eruditos. Já os  juristas sabidos e prepotentes, são os arrogantes eruditos.

  • " As leis não podem deixar de ressentir-se da fraqueza dos homens. Elas são variáveis como eles. "


    A inferência fica clara ao entender o primeiro enunciado do texto. Se os homens são fracos e as leis à eles se atribuem o papel de intérpretes, fica explícito então a falibilidade humana. Sendo assim, a maior aplicabilidade da justiça seria, pois, melhor compreendida pelo homem mais sensato e não pelo arrogante.


    Resposta: d.


  • Há deformações nas questões a saber:

    a) elaboradas por anciãos ignorantes demandam o corretivo da sabedoria dos especialistas, quando de sua aplicação num julgamento.


    "Em momento algum o texto autoriza a interpretação de que foram os  anciãos ignorantes que elaboraram as leis, a única referência, de criação das leis citada pelo texto, é a frase: (...foram ditadas pelos poderosos...)"


    Errada a alternativa.


    b) devem ser permanentemente revistas, para que de forma alguma venham a refletir debilidades ou imperfeições que são próprias dos homens.


    "Sempre que nos deparamos com esses tipos de expressões devemos tomar cuidado.Podemos inferir, sim, que debilidades ou imperfeições  são próprias dos homens; o texto, entretanto, não autoriza inferirmos que as leis devem ser revistas, muito menos permanentemente. "

    Errada a alternativa.



    c) elaboradas por déspotas poderosos trazem consigo a qualidade do que é inflexível, não permitindo aberturas interpretativas.


    "Há no texto um período que contradiz a informação:  (Eram tão equívocas que mil intérpretes se apressaram a comentá-las...)"


    Errada a alternativa.


    d) refletem a falibilidade humana, podendo ser aplicadas com mais justiça pelos sensatos e experientes do que por arrogantes eruditos.


    "Refletem a falibilidade( possibilidade de falha) humana... = Essa primeira oração é claramente evidenciada pelo tópico frasal do texto:

    ... fraqueza dos homens.  ....esmagar os fracos. .....tão equívocas.


    Na outra oração:   ...podendo ser aplicadas com mais justiça pelos sensatos e experientes do que por arrogantes eruditos. =

    Percebe-se  que o autor faz dois levantamentos quanto aos julgadores do processo:

    No primeiro:  sabidos e prepotentes(arrogantes, opressores) ele faz o leitor desprezá-los.

    No segundo: ...sendo anciãos isentos das paixões que corrompem o coração (isento de paixão demasiada pelo poder, paixão que corrompe o juízo de valores...etc) ele faz o leitor ter apreço aos vinte juízes.


    Com essas informações podemos concluir que os melhores julgadores são os vinte juízes, os sensatos e experientes."


    Correta a alternativa.


    e) costumam ser tão obscuras quanto os comentários explicativos, advindo daí a necessidade de serem elaboradas por doutos especialistas. 


    "Quem tornou os comentários/interpretações mais obscuras foram os próprios doutos especialistas, como mostra o texto."

    Errada a alternativa.

    Ps: Tive que encurtar as explicações devido ao número limitado de caracteres. Bons estudos!


  •  Se vos moverem um processo de que dependa vossa vida, e se de um lado estiverem as compilações de juristas sabidos e prepotentes, e de outro vos apresentarem vinte juízes pouco eruditos mas que, sendo anciãos isentos das paixões que corrompem o coração, estejam acima das necessidades que o aviltam, dizei-me: por quem escolheríeis ser julgados, por aquela turba de palradores orgulhosos, tão interesseiros quanto ininteligíveis, ou pelos vinte ignorantes respeitáveis? 

     

    Deste trecho, infere-se que a alternativa "D" é a correta.