SóProvas


ID
1054300
Banca
FCC
Órgão
SEFAZ-RJ
Ano
2014
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                                                   [Ponderando o julgamento]

       As leis não podem deixar de ressentir-se da fraqueza dos homens. Elas são variáveis como eles.
       Algumas, nas grandes nações, foram ditadas pelos poderosos com o fim de esmagar os fracos. Eram tão equívocas que mil intérpretes se apressaram a comentá-las; e, como a maioria só fez sua glosa como quem executa um ofício para ganhar algum dinheiro, acabou o comentário sendo mais obscuro que o texto. A lei transformou-se numa faca de dois gumes que degola tanto o inocente quanto o culpado. Assim, o que devia ser a salvaguarda das nações transformou-se tão amiúde em seu flagelo que alguns chegaram a perguntar se a melhor das legislações não consistiria em não se ter nenhuma.
       Examinemos a questão. Se vos moverem um processo de que dependa vossa vida, e se de um lado estiverem as compilações de juristas sabidos e prepotentes, e de outro vos apresentarem vinte juízes pouco eruditos mas que, sendo anciãos isentos das paixões que corrompem o coração, estejam acima das necessidades que o aviltam, dizei-me: por quem escolheríeis ser julgados, por aquela turba de palradores orgulhosos, tão interesseiros quanto ininteligíveis, ou pelos vinte ignorantes respeitáveis?
(VOLTAIRE. O preço da justiça. Trad. Ivone Castilho Benedetti. São Paulo: Martins Fontes, 2011. p. 7-8)

Está clara e correta a redação deste livre comentário sobre o texto:

Alternativas
Comentários
  • Uma redação possível às alternativas incorretas:


    a) Voltaire entendia que as leis, cuja aplicação traduz as fraquezas humanas, dependem do espírito de quem as aplica, visto que está nisso sua faculdade maior.


    b) Esmiuçar ou interpretar as leis era um empenho de Voltaire, para quem a salvaguarda dos direitos humanos, sobretudo dos mais pobres, deveria ser inviolável. 


    c) Para quem se ater ao espírito das leis, segundo Voltaire, é preferível fazer justiça com os leigos ponderados do que deixá-la nas mãos de juristas empertigados e autoritários.


    d) Sendo função das leis regular a distribuição de justiça, Voltaire não admitia que o espírito delas viesse a sofrer prejuízo em sua concepção, mormente quando mal aplicada.

  • c) Para quem se atem ao espírito das leis, segundo Voltaire, é preferível fazer justiça com os leigos ponderados do que deixá-las nas mãos de juristas empertigados e autoritários.

    d) Sendo função das leis regular a distribuição da justiça, Voltaire não admitia que o espírito delas viesse a sofrer prejuízo em sua concepção, mormente quando mal aplicada.
  • Concordância do sujeito com verbos no infinitivo

     

    O verbo fica no singular:

    Andar e correr faz bem à saúde.

    Comer e dormir era tudo o que ele queria.

    Exceção: o verbo ficará no plural se houver ideias contrárias entre os sujeitos ou, ainda, se estiverem substantivados. Por exemplo: nascer e morrer fazem parte da vida.


     

  • Sei que é uma dúvida boba, mas alguém pode tê-la também.

    Se alguém ficou com dúvida sobre ter ou não crase na letra B, lembre-se que Voltaire é o nome de um personagem "masculino".

    Por ser um nome estrangeiro e, passar despercebido, acabei julgando-a errada por uma suposta falta de crase.

    Mas tá aí o erro!


  • Quem puder me ajudar, avaliando se os meus comentários estão corretos:

    b) A Voltaire interessava não apenas reconhecer ou esmiuçar as leis de seu tempo, mas sobretudo avaliá-las considerando a instância de sua aplicação, que deveria ser a mais justa possível.

    É o gabarito preliminar. O primeiro parágrafo afirma a análise de Voltaire sobre as leis de seu tempo. Ou seja, a forma como foram ditadas ( pelos poderosos ) e que eram equívocas de mil intérpretes ficando os comentários mais obscuros que o texto.

    Trechos do texto que corroboram a noção de justiça defedida por Voltaire ( em negrito ):

    "A lei transformou-se numa faca de dois gumes que degola tanto o inocente quanto o culpado.Se vos moverem um processo de que dependa vossa vida, e se de um lado estiverem as compilações de juristas sabidos e prepotentes, e de outro vos apresentarem vinte juízes pouco eruditos mas que, sendo anciãos isentos das paixões que corrompem o coração, estejam acima das necessidades que o aviltam, dizei-me: por quem escolheríeis ser julgados, por aquela turba de palradores orgulhosos, tão interesseiros quanto ininteligíveis, ou pelos vinte ignorantes respeitáveis?"

     

     

  • Amigos, cuidado também no que tange à Regência verbal, tal como acorre de forma errada, (in verbis):

    d) Para quem se ater ao espírito das leis, segundo Voltaire, é preferível fazer justiça com os leigos ponderados do que deixar-lhe nas mãos de juristas empertigados e autoritários.


    Preferir ==> quem prefere prefere UMA COISA À OUTRA!


    Corrigindo:

    d) Para quem se ater ao espírito das leis, segundo Voltaire, é preferível fazer justiça com os leigos ponderados A deixar-lhe nas mãos de juristas empertigados e autoritários.


    Obs.: Não leva crase, pois depois da preposição A vem um verbo, e, levando-se em consideração que antes de verbo não se usa crase, logo não se deve colocá-la.


    Espero ter ajudado um pouco e que o Senhor JESUS abençoe a todos nós nessa batalha incansável. =)

  • Eu me ative à interpretação, enquanto o que a questão pedia era a alternativa correta quanto à correção gramatical!


    Que viajada!

  • Gabarito: letra B

    Erro da assertiva E: "Sendo função das leis regular a distribuição de justiça, Voltaire não admitia que seu espírito VIESSE a sofrer prejuízo em sua concepção, mormente quando mal aplicada."

  • Me corrijam se estiver errada, mas acredito que a alternativa B está incorreta, pois sua aplicação retoma as leis, que está no plural, portanto seria erro de concordância.

    A Voltaire interessava não apenas reconhecer ou esmiuçar as leis de seu tempo, mas sobretudo avaliá-las considerando a instância de sua aplicação (suas aplicações), que deveria ser a mais justa possível (que deveriam ser as mais justas possíveis).

  • erro da letra d: "Para quem se ater ao espírito das leis, segundo Voltaire, é preferível fazer justiça com os leigos ponderados do que deixar-lhe nas mãos de juristas empertigados e autoritários." Regência do verbo "preferir" (preferir uma coisa a outra) e não uma coisa do que outra.


  • Danielle Arantes, também penso com vc! Não consegui entender por que a letra "b" está correta... Alguém pode esclarecer isso?
    Grata!

  • e) Voltaire não admitia que seu espírito venha a sofrer prejuízo em sua concepção (ERRADA). 

    Correto: Voltaire não admitia que seu espírito viesse a sofrer prejuízo em sua concepção 



    Admitia = Futuro do Pretérito do Indicativo

    Viesse = Pretérito Imperfeito do Subjuntivo

  • Colegas Danielle Arantes e Pollyanna Oliveira, creio que consigo sanar suas dúvidas. 

    O verbo "avaliá-las" concorda com "as leis'.

    O verbo "deveria" concorda com "sua aplicação".

    Ou seja, "sua aplicação deveria  ser a mais justa possível".

    Bons Estudos!

  • a-) Voltaire entendia que as leis, em cuja aplicação traduz-se as fraquezas humanas, dependem do espírito de quem as aplica, de vez que está nisso sua faculdade maior. (acho que o erro está no emprego da preposição "de" antes do "vez")

    b-) A Voltaire interessava não apenas reconhecer ou esmiuçar as leis de seu tempo, mas sobretudo avaliá-las considerando a instância de sua aplicação, que deveria ser a mais justa possível. (correta)

    c-) Esmiuçar ou interpretar as leis eram um empenho de Voltaire, para quem a salvaguarda dos direitos humanos, sobretudo dos mais pobres, deveriam ser invioláveis. ("deveria" concorda com "a salvaguarda dos direitos humanos")

    d-) Para quem se ater ao espírito das leis, segundo Voltaire, é preferível fazer justiça com os leigos ponderados do que deixar-lhe nas mãos de juristas empertigados e autoritários. (a preposição que retoma a comparação com "preferível" é "a")

    e-) Sendo função das leis regular a distribuição de justiça, Voltaire não admitia que seu espírito venha a sofrer prejuízo em sua concepção, mormente quando mal aplicada. (correlação verbal: admitia - viesse)

    Acho que é isso..

  • "a-) Voltaire entendia que as leis, em cuja aplicação traduz-se as fraquezas humanas, dependem do espírito de quem as aplica, de vez que está nisso sua faculdade maior. (acho que o erro está no emprego da preposição "de" antes do "vez")"

    Para mim, O erro é a preposição "em" do pronome cujo, ou seja, sujeito preposicionado. 

    Voltaire entendia que as leis,  cuja  aplicação traduz-se as fraquezas humanas. (cuja é sujeito do verbo traduzir)

    Aplicação das leis traduz-se as fraquezas humanas.

  • na letra E o erro está na concordancia dos verbos ADMITIR E VIR:

    Sendo função das leis regular a distribuição de justiça, Voltaire não admitia que seu espírito venha a sofrer prejuízo em sua concepção, mormente quando mal aplicada.

    Admitia - Preterito imperfeito do indicativo

    Venha - Presente do subjuntivo 

    Regra rápida de concordância entre verbos - "Regra dos Iguais":

    a) Verbo 01: Presente + Verbo 02: Presente ( ou Futuro do Presente)

    b) Verbo 01: Passado (até se for o Futuro do Pretérito) + Verbo 02: Passado (Preferencialmente o imperfeito do subjuntivo)

     

    A forma correta seria: 

    Sendo função das leis regular a distribuição de justiça, Voltaire não admitia que seu espírito viesse a sofrer prejuízo em sua concepção, mormente quando mal aplicada.

  • a) Voltaire entendia que as leis, em cuja aplicação traduz-se as fraquezas humanas, dependem do espírito de quem as aplica, de vez que está nisso sua faculdade maior  (concordância errada, temos um voz passiva sintética. (as fraquezas humanas são traduzidas)

    certo: traduzem-se as fraquezas humanas. para concordar com o sujeito.

     

  • Para quem se ater ao espÌrito das leis, segundo Voltaire, È preferÌvel fazer
    justiça com os leigos ponderados do que deixar-lhe nas mãos de juristas
    empertigados e autoritários.
    Comentários:
    O verbo “ater” é devivado de “ter”. Então, no futuro subjuntivo, teremos as
    formas “Tiver/Ativer”. Ater é a forma do infinitivo. ledra D incorreta.