Onde houvesse música jovem, nos anos 60 e 70, lá estaria o carro, símbolo máximo de independência. Mas algo mudou. Desde 1990, jovens de países desenvolvidos, como Reino Unido, Alemanha e Japão, têm dirigido cada vez menos. O fenômeno até ganhou um nome japonês – kuruma banare, ou desmotorização. Também nos Estados Unidos, os jovens estão dirigindo menos, andando mais de bicicleta ou a pé e utilizando o transporte público. Mesmo aqueles de renda familiar mais elevada dobraram seus gastos com transporte público entre 2001 e 2009.
A crise global tem seu papel nesse movimento – sem dinheiro, jovens deixam para depois o casamento, os filhos e o financiamento da casa própria. Em vez disso, alugam apartamento perto do trabalho, das compras e da diversão. Substituem a propriedade por serviços ou trocas. É uma geração que investe em si mesma. "O automóvel passou a ser identificado como um produto antigo – afinal seus pais e avós já tinham carro na garagem", diz Adriana Mariotti, professora da Faculdade de Economia e Administração da USP, pesquisadora de novas tecnologias da indústria automotiva. "Além disso, não tem o mesmo apelo tecnológico de smartphones e tablets e é considerado o vilão em questões ambientais."
Enquanto as economias avançadas veem o declínio da posse de bens materiais, em mercados emergentes, como o brasileiro, jovens que ascenderam à classe média entram no mercado de consumo e, pela primeira vez, podem comprar bens mais caros. O resultado é que, em outubro de 2012, o Brasil superou o Japão como o 3o mercado automobilístico do mundo, atrás de China e EUA.
(Adaptado de: Alexandre Versignasi, Maurício Horta, Rafael Quick e Davi Augusto. Superinteressante, dezembro de 2012, p. 66-68)
Considerando-se as alterações propostas entre parênteses no final da frase para o segmento grifado, o verbo que deverá permanecer no singular está em: