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ID
1088317
Banca
FGV
Órgão
CGE-MA
Ano
2014
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Utopias e distopias

       Todas as utopias imaginadas até hoje acabaram em distopias, ou tinham na sua origem um defeito que as condenava. A primeira, que deu nome às várias fantasias de um mundo perfeito que viriam depois, foi inventada por sir Thomas Morus em 1516. Dizem que ele se inspirou nas descobertas recentes do Novo Mundo, e mais especificamente do Brasil, para descrever sua sociedade ideal, que significaria um renascimento para a humanidade, livre dos vícios do mundo antigo. Na Utopia de Morus o direito à educação e à saúde seria universal, a diversidade religiosa seria tolerada e a propriedade privada, proibida. O governo seria exercido por um príncipe eleito, que poderia ser substituído se mostrasse alguma tendência para a tirania, e as leis seriam tão simples que dispensariam a existência de advogados. Mas para que tudo isso funcionasse Morus prescrevia dois escravos para cada família, recrutados entre criminosos e prisioneiros de guerra. Além disso, o príncipe deveria ser sempre homem e as mulheres tinham menos direitos que os homens. Morus tirou o nome da sua sociedade perfeita da palavra grega para “lugar nenhum”, o que de saída já significava que ela só poderia existir mesmo na sua imaginação. 
   Platão imaginou uma república idílica em que os governantes seriam filósofos, ou os filósofos governantes. Nem ele nem os outros filósofos gregos da sua época se importavam muito com o fato de viverem numa sociedade escravocrata. Em “Candide”, Voltaire colocou sua sociedade ideal, onde havia muitas escolas mas nenhuma prisão, em El Dorado, mas “Candide” é menos uma visão de um mundo perfeito do que uma sátira da ingenuidade humana. Marx e Engels e outros pensadores previram um futuro redentor em que a emancipação da classe trabalhadora traria igualdade e justiça para todos. O sonho acabou no totalitarismo soviético e na sua demolição. Até John Lennon, na canção “Imagine”, propôs sua utopia, na qual não haveria, entre outros atrasos, violência e religião. Ele mesmo foi vítima da violência, enquanto no mundo todo e cada vez mais as pessoas se entregam a religiões e se matam por elas. 
    Quando surgiu e se popularizou o automóvel anunciou-se uma utopia possível. No futuro previsto os carros ofereceriam transporte rápido e lazer inédito em estradas magnetizadas para guiá-los mesmo sem motorista. Isso se os carros não voassem, ou se não houvesse um helicóptero em cada garagem. Nada disso aconteceu. Foi outra utopia que pifou. Hoje vivemos em meio à sua negação, em engarrafamentos intermináveis, em chacinas nas estradas e num caos que só aumenta, sem solução à vista. Mais uma vez, deu distopia.  
(Veríssimo, Luiz Fernando. O Globo, 22/12/2013)

Assinale a alternativa em que os vocábulos sublinhados apresentam o mesmo valor semântico.

Alternativas
Comentários
  • Letra B 

    a) “Todas as utopias imaginadas até hoje acabaram em distopias, ou tinham na sua origem um defeito que as condenava”. / “Até John Lennon, na canção “Imagine”, propôs sua utopia, na qual não haveria, entre outros atrasos, violência e religião...”. (Limite de tempo/inclusão) 

    b) “A primeira, que deu nome às várias fantasias de um mundo perfeito que viriam depois, foi inventada por sir Thomas Morus em 1516”. / “O governo seria exercido por um príncipe eleito, que poderia ser substituído se mostrasse alguma tendência para a tirania...” (agente da passiva/agente da passiva) 

    c) “Dizem que ele se inspirou nas descobertas recentes do Novo Mundo, e mais especificamente do Brasil, para descrever sua sociedade ideal,que significaria um renascimento para a humanidade, livre dos vícios do mundo antigo(verbo+que = conjunção / pronome realtivo = o qual) 

    d) “Mas para que tudo isso funcionasse Morus prescrevia dois escravos para cada família, recrutados entre criminosos e prisioneiros de guerra”. (finalidade/ destinados) 

    e) “Quando surgiu e se popularizou o automóvel anunciou-se uma utopia possível(PIV/PA)

  • C.  Dizem isso (objeto direto oracional) - conjunção integrante / ".. sua sociedade ideal, a qual (pronome relativo à sociedade ideal).

  • GABARITO(B)

    A) ATÉ(indica tempo); ATÉ(realce "até mesmo Jonh Lennon)

    C)QUE(conjunção que introduz O.S.Substantiva Objetiva direta);  QUE(O.S.Adjetiva Explicativa)

    D)PARA(conjunção de finalidade);  PARA(Preposição de Objeto Indireto)

    E)SE(apassivador);    SE(reflexivo)
  • A banca está pedindo semelhança de valor semântico, mas na realidade a questão cobra semelhança de valor SINTÁTICO. Atenção nesses detalhes.

  • A) ATÉ: Limite de tempo / Ideia de inclusão

    B) POR: Agente da Ação verbal

    C) QUE: Conjunção integrante / Pronome relativo

    D) PARA: Finalidade / Ideia distributiva (quantidade)

    E) SE: Pronome pessoal oblíquo - Parte integrante do verbo / Pronome pessoal oblíquo - Partícula apassivadora.

  • chega suei, mas consegui