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ID
1088350
Banca
FGV
Órgão
CGE-MA
Ano
2014
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Utopias e distopias

       Todas as utopias imaginadas até hoje acabaram em distopias, ou tinham na sua origem um defeito que as condenava. A primeira, que deu nome às várias fantasias de um mundo perfeito que viriam depois, foi inventada por sir Thomas Morus em 1516. Dizem que ele se inspirou nas descobertas recentes do Novo Mundo, e mais especificamente do Brasil, para descrever sua sociedade ideal, que significaria um renascimento para a humanidade, livre dos vícios do mundo antigo. Na Utopia de Morus o direito à educação e à saúde seria universal, a diversidade religiosa seria tolerada e a propriedade privada, proibida. O governo seria exercido por um príncipe eleito, que poderia ser substituído se mostrasse alguma tendência para a tirania, e as leis seriam tão simples que dispensariam a existência de advogados. Mas para que tudo isso funcionasse Morus prescrevia dois escravos para cada família, recrutados entre criminosos e prisioneiros de guerra. Além disso, o príncipe deveria ser sempre homem e as mulheres tinham menos direitos que os homens. Morus tirou o nome da sua sociedade perfeita da palavra grega para “lugar nenhum”, o que de saída já significava que ela só poderia existir mesmo na sua imaginação. 
   Platão imaginou uma república idílica em que os governantes seriam filósofos, ou os filósofos governantes. Nem ele nem os outros filósofos gregos da sua época se importavam muito com o fato de viverem numa sociedade escravocrata. Em “Candide”, Voltaire colocou sua sociedade ideal, onde havia muitas escolas mas nenhuma prisão, em El Dorado, mas “Candide” é menos uma visão de um mundo perfeito do que uma sátira da ingenuidade humana. Marx e Engels e outros pensadores previram um futuro redentor em que a emancipação da classe trabalhadora traria igualdade e justiça para todos. O sonho acabou no totalitarismo soviético e na sua demolição. Até John Lennon, na canção “Imagine”, propôs sua utopia, na qual não haveria, entre outros atrasos, violência e religião. Ele mesmo foi vítima da violência, enquanto no mundo todo e cada vez mais as pessoas se entregam a religiões e se matam por elas. 
    Quando surgiu e se popularizou o automóvel anunciou-se uma utopia possível. No futuro previsto os carros ofereceriam transporte rápido e lazer inédito em estradas magnetizadas para guiá-los mesmo sem motorista. Isso se os carros não voassem, ou se não houvesse um helicóptero em cada garagem. Nada disso aconteceu. Foi outra utopia que pifou. Hoje vivemos em meio à sua negação, em engarrafamentos intermináveis, em chacinas nas estradas e num caos que só aumenta, sem solução à vista. Mais uma vez, deu distopia.  
(Veríssimo, Luiz Fernando. O Globo, 22/12/2013)

Até John Lennon, na canção ‘Imagine’, propôs sua utopia, na qual não haveria, entre outros atrasos, violência e religião. Ele mesmo foi vítima da violência, enquanto no mundo todo e cada vez mais as pessoas se entregam a religiões e se matam por elas”.

A marca da religião destacada nesse segmento do texto é:

Alternativas
Comentários
  • Há no segmento do texto uma

     contradição entre violência e religião.

    Resp:D

  • Alguém poderia explicar pq o gabarito é d)? Enxerguei a devoção, uma vez que é dito no texto que

    "cada vez mais as pessoas se entregam a religiões e se matam por elas"

  • Onde está exatamente o trecho que nos diz que há contradição entre violência e religião? Não consegui enxergar.

    Também marquei Devoção pelo mesmo motivo do colega abaixo.

  • Colegas, também optei pela E, " as pessoas se entregam a religião e se matam por elas". DEVOÇÃO. É o que está destacado no texto.

  • Contradição entre o que John Lennon pregava e o que aconteceu. Acho que é isto, também errei

  • Tbm errei, mas depois de rachar a cabeça entendi assim: A contradição está no fato de John , ter sido vítima da violência (assassinado), já quanto à religião, as pessoas estão "se matando" por ela.


  • Acredito que a contradição esteja porque a religião deveria ser o elo entre você e Deus te trazendo sabedoria e paz e no texto temos inicialmente a religião como um atraso e posteriormente como fonte de violência e morte.

  • A marca da religião destacada nesse segmento do texto é:

    A violência.

    A marca da religião, de uma maneira geral, no contexto:

    A contradição.

    A resposta até seria correta caso não fosse o enunciado horrível(típico fgv).

  • Questão mal feita. A pessoa que criou partiu do pressuposto que a ideia de religião é uma ideia contrária a de violência. Mas isto não é verdade para várias religiões. Esta é a nossa forma ocidental de pensar.   

    John Lenon provavelmente pede o fim das religiões em sua música justamente por não ver nada de bom nelas, suponho.


  • Errei a questão, entendi que é universalização porque cada vez mais pessoas se entregam a religiões e se matam por elas, o verbo matar aqui é uma ideia exagerada, uma hiperbole, no sentido de comprometimento. ex. vou me matar de estudar para esse concurso.

    Poderia ser a letra D também, (contradição) porque se entregrar a religiões significa defender a paz, e não matar os outros para defender a religião, como alguns grupos extremistas do islamismo.

     

  • Se o gabarito fosse A estava justificado de qualquer maneira.

    FGV sendo subjetiva como sempre!

  • A contradição esta pelo fato de ele querer que não houvesse religiões, porém nos dias hoje as "pessoas se entregam a religiões", como está no texto.

  • "As pessoas se entregam a religiões e se matam por elas"

    Se isso não é uma crítica e devoção, eu não sei o que é.