Há talentos dramáticos pelas ruas. Mais precisamente pelas esquinas. Os intérpretes têm variados estilos, encarnam numerosos papéis. O público-alvo é o dos automóveis que param nos sinais vermelhos do trânsito.
Os próprios artistas desenvolvem a maquiagem e o vestuário para as personagens que interpretam. Além de figurinistas e maquiadores, são diretores, criadores das falas e gestos.
De uns anos para cá, artistas circenses têm feito concorrência aos de teatro. Apresentam números com toscos malabares ou bolinhas, acreditando oferecer certa compensação pelos trocados que esperam receber.
Dos programas sociais brasileiros, o mais antigo, o mais amplo, o mais visível não é um daqueles criados pelos governos.
Seus beneficiários recebem a pensão pingada de mão em mão, direto do contribuinte. É o Bolsa Esquina.
(Ivan Ângelo, Veja, ago.2009. Adaptado)
De acordo com o texto, ao criar o termo Bolsa Esquina, o autor revela