SóProvas


ID
1106977
Banca
FCC
Órgão
AL-PE
Ano
2014
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Blogs e Colunistas

Sérgio Rodrigues

Sobre palavras

Nossa língua escrita e falada numa abordagem irreverente

02/02/2012

Consultório

'No aguardo', isso está certo?

“Parece que virou praga: de dez e-mails de trabalho que me chegam, sete ou oito terminam dizendo 'no aguardo de um retorno'! Ou outra frase parecida com esta, mas sempre incluindo a palavra 'aguardo'. Isso está certo? Que diabo de palavra é esse 'aguardo' que não é verbo? Gostaria de conhecer suas considerações a respeito."
(Virgílio Mendes Neto)

Virgílio tem razão: uma praga de “no aguardo" anda infestando nossa língua. Convém tomar cuidado, nem que seja por educação: antes de entrarmos nos aspectos propriamente linguísticos da questão, vale refletir por um minuto sobre o que há de rude numa fórmula de comunicação que poderia ser traduzida mais ou menos assim: “Estou aqui esperando, vê se responde logo!".

(Onde terá ido parar um clichê consagrado da polidez como “Agradeço antecipadamente sua resposta"? Resposta possível: foi aposentado compulsoriamente ao lado de outros bordados verbais do tempo das cartas manuscritas, porque o meio digital privilegia as mensagens diretas e não tem tempo a perder com hipocrisias. O que equivale a dizer que, sendo o meio a mensagem, como ensinou o teórico da comunicação Marshall McLuhan, a internet é casca-grossa por natureza. Será mesmo?)

Quanto à questão da existência, bem, o substantivo “aguardo" existe acima de qualquer dúvida. O dicionário da Academia das Ciências de Lisboa não o reconhece, mas isso se explica: estamos diante de um regionalismo brasileiro, um termo que tem vigência restrita ao território nacional. Desde que foi dicionarizado pela primeira vez, por Cândido de Figueiredo, em 1899, não faltam lexicógrafos para lhe conferir “foros de cidade", como diria Machado de Assis. Trata-se de um vocábulo formado por derivação regressiva a partir do verbo aguardar. Tal processo, que já era comum no latim, é o mesmo por meio do qual, por exemplo, do verbo fabricar se extraiu o substantivo fábrica.

Acerca da pontuação empregada, é correto o seguinte comentário:

Alternativas
Comentários
  • Por que não pode ser a D?

  • Breno, acredito que não pode ser a letra D, pois na terceira linha do texto de Sérgio Rodrigues, no trecho: 

    "...mais ou menos assim: “Estou aqui esperando, vê se responde logo!”.

    Não caberia substituir os dois pontos por porque. 

    • a) As aspas em “foros de cidade” assinalam que a expressão é usada por outros, que não o autor, diferentemente das aspas em “no aguardo”.
    • F- as aspas de "foros de cidade" indicam citação de Machado de Assis, porém "no aguardo" não tem autoria. 
    • b) Em Que diabo de palavra é esse ‘aguardo’ que não é verbo?, seria mais apropriado um ponto de exclamação, considerado o conteúdo da frase.
    • F- Não tendo certeza, mas o mais apropriado seria a interrogação mesmo, pois o autor não tem a intenção de afirmar, mas de perguntar. 
    • c) Considerado o conteúdo do texto, os parênteses que acolhem o segundo parágrafo da resposta justificam-se pelo caráter menos central das informações e comentários que contêm.
    • V- Isso mesmo, o autor se utiliza da vírgula para fazer um comentário a parte. 
    • d) Na primeira linha do texto citado e nas três primeiras do texto de Sérgio Rodrigues, dado o sentido do que vem em seguida, os dois-pontos poderiam ser substituídos por “porque”.
    • F- Parece que virou praga: de dez e-mails de trabalho que me chegam..(sentido de porque)
    • 2) fórmula de comunicação que poderia ser traduzida mais ou menos assim: “Estou aqui esperando, vê se responde logo!”(não tem sentido de porque)
    • e) Em foi aposentado compulsoriamente ao lado de outros bordados verbais, a apresentação de compulsoriamente entre vírgulas alteraria o sentido original, tornando prescindível a presença desse advérbio na frase.
    • Se acrescentar vírgulas altera o sentido, porém o advérbio é necessário e não pode ser retirado. 

  • O autor usa parênteses Tamires e não vírgulas.

  • Precisamos de comentários do professor para essa questão...

  • As aspas em “foros de cidade” assinalam que a expressão é usada por outros, que não o autor, diferentemente das aspas em “no aguardo”.

    O enunciado do item 'A' aparenta caber duas interpretações:


    1. o uso de "no aguardo" NÃO assinala que 'a expressão é usada por outros, que não o autor', o que tornaria o item CERTO, pois, no caso, as aspas servem para DESTACAR a expressão, e não para lhe imputar autoria;

    ou

    2. o uso de "no aguardo" assinala que a expressão é usada pelo autor, e não por outros (parece-me que essa foi a interpretação dada pela colega 'B Concurseira', em comentário abaixo.


    Sinceramente, acho que a interpretação mais lógica ou viável seria a número 1, o que tornaria o item certo e a questão passível de anulação.
  • Comentário: Tanto “foros da cidade” quanto “no aguardo” são expressão
    que todos usam, por isso, estarem entre aspas (Alternativa A está ERRADA).

    O ponto de interrogação pode perfeitamente ser usado na frase “Que diabo de
    palavra é esse ‘aguardo’ que não é verbo?”, porque, de fato, é uma indagação
    feita acerca do uso da língua (Alternativa B está errada). Na primeira linha do
    texto citado e na primeira linha do texto de Sérgio, os dois pontos podem ser
    substituídos por porque, uma vez que introduz uma explicação do que foi
    falado anteriormente. Já o terceiro uso dos dois pontos, na segunda linha do
    texto de Sérgio, não pode ser substituído por porque, já que o que vem a
    seguir não é uma explicação do por que deve-se tomar cuidado, mas está
    dizendo qual cuidado deve ser tomado (Alternativa D está errada). A palavra
    compulsoriamente pode ser colocada entre vírgulas, pois é um adjunto
    adverbial e, sendo pequeno, pode ou não vir entre vírgula sem que o sentido
    seja alterado (Alternativa E está errada).

     

    GABARITO: C

     

    PROF: RAFAELA FREITAS
     

  • Por favor, me corrijam caso tenha errado:

    a) As aspas em “foros de cidade” assinalam que a expressão é usada por outros, que não o autor, diferentemente das aspas em “no aguardo”.

    Errado- as aspas de "foros de cidade" indicam uma referência, um tipo de citação, e as aspas de "no aguardo" também faz referência a uma palavra (ou questão) citada anteriormente. 

    b) Em Que diabo de palavra é esse ‘aguardo’ que não é verbo?, seria mais apropriado um ponto de exclamação, considerado o conteúdo da frase.

    Errado - Este "Que" está reduzido de Por que, poderia ter ausência de interrogação, mas não poderia ser exclamação. Para ser exclamação, poderia ser porque junto, como substantivo.

    c) Considerado o conteúdo do texto, os parênteses que acolhem o segundo parágrafo da resposta justificam-se pelo caráter menos central das informações e comentários que contêm.

    Gabarito - Parênteses podem ser utilizados para acrescentar informação extra.

     

    d) Na primeira linha do texto citado e nas três primeiras do texto de Sérgio Rodrigues, dado o sentido do que vem em seguida, os dois-pontos poderiam ser substituídos por “porque”.

    Errado - os dois pontos podem ser utilizados para indicar opções, citações (por exemplo, fala de alguém) e explicações. Portanto, apenas em alguns dos casos citados poderia ser trocado por "porque".

    e) Em foi aposentado compulsoriamente ao lado de outros bordados verbais, a apresentação de compulsoriamente entre vírgulas alteraria o sentido original, tornando prescindível a presença desse advérbio na frase.

    Errado - "...foi aposentado, compulsoriamente, ao lado de outros bordados verbais..."

    Acrescentar vírgulas não altera o sentido da frase. (e dizer "FOI APOSENTADO" também está implícito).