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ID
1116298
Banca
FCC
Órgão
TRT - 19ª Região (AL)
Ano
2014
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Texto III


Este caderno de Jorge de Lima bem que se poderia chamar "as impressões dum homem que esteve no cárcere". E são estes poemas mesmo um canto comovido à terra de que ele esteve segregado. E há neles qualquer coisa das surpresas e dos espantos que sofre um homem que tudo via em névoa, ao sair de uma operação de catarata. As cores como que vivem com outra intensidade.
Tudo isso nos versos de Jorge de Lima está contado com muita força e comoção. Da boa e legítima comoção que é a que vem da simplicidade, que é a que sai das fontes mais preciosas do coração. [...]
É vinda de dentro da terra, da vida sentimental do Nordeste, a maior parte dos poemas desse caderno. Quem os escreveu fez como um desterrado que a saudade conduziu ao retorno. E que voltasse com todos os sentidos atacados de fome. E se encontra o Nordeste por toda a parte em seus poemas. [...] É ainda no caráter puramente regionalista de sua poesia que se distingue o Sr. Jorge de Lima. Porque o seu regionalismo não é um limite à sua emoção e não tem por outra parte o caráter de partido político daquele que rapazes de S. Paulo oferecem ao país com as insistências de anúncios de remédio. O regionalismo do jovem poeta nordestino é a sua emoção mais que a sua ideologia. O Nordeste não vem em sua poesia como um tema ou uma imposição doutrinária, vem como a expressão lírica de um nordestino evocar a sua terra.



(Nota preliminar a Poemas escolhidos. REGO, José Lins do. in: LIMA, Jorge de. Poesias completas. Rio de Janeiro: José Aguilar Editora, 1974, vol. I, p. 140-142)


Texto IV


Já uma vez me afoitei a sugerir esta ideia: a necessidade de reconhecer-se um movimento distintamente nordestino de renovação das letras, das artes, da cultura brasileira - movimento dos nossos dias que, tendo se confundido com a expansão do muito mais opulento "modernismo" paulista-carioca, teve, entretanto, condições próprias - "ecológicas", poderia dizer-se com algum pedantismo - de formação, aparecimento e vida.
Desse "movimento do Nordeste" pode-se acrescentar que foi uma espécie de parente pobre, capaz de dar ao rico valores já quase despercebidos de outras partes do Brasil e necessitados apenas dos novos estímulos vindos do Sul e do estrangeiro para se integrarem no conjunto de riqueza circulante e viva constituída por elementos genuinamente brasileiros, essenciais ao desenvolvimento da nossa cultura em expressão honesta do nosso ethos, da nossa história e da nossa paisagem e em instrumento de nossas aspirações e tendências sociais como povo tanto quanto possível autônomo e criador. [...]
Experiência brasileira não falta a Jorge de Lima: ele é bem do Nordeste. Não lhe falta o contato com a realidade afro-nordestina. E há poemas seus em que os nossos olhos, os nossos ouvidos, o nosso olfato, o nosso paladar se juntam para saborear gostos e cheiros de carne de mulata, de massapê, de resina, de muqueca, de maresia, de sargaço; para sentir cores e formas regionais que dão presença e vida, e não apenas encanto literário, às sugestões das palavras: que parecem lhes dar outras condições de vida além da tecnicamente literária. [...]
Jorge de Lima, um dos maiores poetas brasileiros de todos os tempos, [...] põe o estrangeiro que se aproxima da poesia brasileira em contato com uma das nossas maiores riquezas: a interpretação de culturas, entre nós tão livre, ao lado do cruzamento de raças. Dois processos através dos quais o Brasil vai-se adoçando numa das comunidades mais genuinamente democráticas e cristãs do nosso tempo.



(Nota preliminar a Poemas negros. FREYRE, Gilberto in: LIMA, Jorge de. Poesias completas. Rio de Janeiro: José Aguilar Editora, 1974, v. I, p. 157 e 158)


E são estes poemas mesmo um canto comovido à terra de que ele esteve segregado. (Texto III, 1º parágrafo)

A expressão grifada acima deverá preencher corretamente a lacuna existente em:

Alternativas
Comentários
    •  a) Na época em que o poeta esteve preso a regras, seus versos perderam muito em emoção lírica.
    • b) O artificialismo a que se prendem alguns poetas compromete a sincera expressão de seus sentimentos.
    • c) A obra de que se fala contém versos que demonstram o verdadeiro lirismo de seu autor
    • d) Os estímulos pelo quais um poeta compõe sua obra se originam na realidade vivida e transformada por ele.
    • e) Despertam emoção aqueles versos que traduzem a sensibilidade de um reconhecido poeta.

  • Complementando...

    Na alternativa C, o verbo principal falar é verbo transitivo indireto (quem fala, fala de alguma coisa...), portanto aceita a preposição de, e preenche corretamente a lacuna na alternativa "C".



    É PROIBIDO DESISTIR!


  • Uma dúvida: o "de" do "de que" deve concordar com o antecedente ?

  • De que= da qual ... "A obra da qual se fala..." fica mais fácil reconhecer colocando a varição.

    http://www.soportugues.com.br/secoes/sint/sint38.php

  • 1º -> A questão pede qual a lacuna que pode ser preenchida corretamente com o pronome relativo "de que", o qual pede preposição. Logo, tira-se a conclusão daí que é necessário achar nas assertativas o verbo que é transitivo indireto com a preposição "de".


    2º -> Agora, analisa-se cada uma das assertativas:


    Letra a) O poeta esteve. É verbo intransitivo. Não pede preposição, logo, questão incorreta. A frase ficaria "na época que o poeta esteve preso a regras, seus versos perderam muito em emoção lírica".


    Letra b) Se prendem (quando se prende, prende-se algo ou alguém), no caso, alguns poetas. É verbo transitivo direto. Não pede preposição, logo, questão também incorreta. A frase certa ficaria "O artificialismo que (o qual) se prendem alguns poetas compromete a sincera expressão de seus sentimentos".


    Letra c) Se fala (quando se fala, fala-se de algo ou de alguém), no caso, da obra. É verbo transitivo indireto e o gabarito da questão. Pede preposição. A frase ficaria "A obra de que se fala contém versos que demonstram o verdadeiro lirismo de seu autor".


    Letra d) Compõe (compõe alguma coisa). É verbo transitivo direto. Não pede preposição. A frase correta seria "Os estímulos que (os quais) um poeta compõe sua obra se originam na realidade vivida e transformada por ele".


    Letra e) Traduzem (quando se traduz, traduz-se alguma coisa). É verbo transitivo direto, portanto, não pede preposição. A frase correta seria "Despetam emoção aqueles versos que (os quais) traduzem a sensibilidade de um reconhecido poeta".

  • Corrijam-me  se eu estiver errada, mas para mim na letra D, poderia colocar: "os estímulos com que o poeta compõe...", pois o verbo compro admite várias regências. O que acham?

  •  Quem fala, fala DE alguma coisa. Letra C



  • A) Na época EM QUE/NA QUAL o poeta esteve preso a regras, seus versos perderam muito em emoção lírica.
    B) O artificialismo A QUE/AO QUAL se prendem alguns poetas compromete a sincera expressão de seus sentimentos.
    C) A obra DE QUE/DA QUAL se fala contém versos que demonstram o verdadeiro lirismo de seu autor.
    D) Os estímulos COM QUE/COM OS QUAIS um poeta compõe sua obra se originam na realidade vivida e transformada por ele.
    E) Despertam emoção aqueles versos QUE/OS QUAIS traduzem a sensibilidade de um reconhecido poeta.

    GABARITO: C
    OBS: Um poeta compõe COM OS ESTÍMULOS

  • MEU DEUS , QUANDO EU ACERTO UMA QUESTÃO DE PORTUGUÊS EU FICO MUITO ALEGRE POIS VEJO O FRUTO DOS MEUS ESTUDOS E DOS MEUS ESFORÇOS. OBRIGADO JESUS..

    GAB.(C)

    QUEM FALA . FALA DE ALGUMA COISA.

  • ALTERNATIVA A – ERRADO – Deve-se empregar a forma “em que”, haja vista que a forma verbal “esteve” solicita a regência da preposição “em” (quem esteve preso esteve preso em alguma época).

    ALTERNATIVA B – ERRADO – Deve-se empregar a forma “a que”, haja vista que a forma verbal “se prendem” solicita a regência da preposição “a” (quem se prende se prende a algo).

    ALTERNATIVA C – CERTO - Deve-se empregar a forma “de que”, haja vista que a forma verbal “se fala” solicita a regência da preposição “de” (se fala de algo).

    ALTERNATIVA D – ERRADO - Deve-se empregar a forma “com que”, haja vista que a forma verbal “compõe” solicita a regência da preposição “com” (quem compõe uma obra compõe uma obra com algo).

    ALTERNATIVA E – ERRADO – Deve-se empregar simplesmente o pronome relativo “que”, haja vista que a forma verbal “traduzem” não solicita preposição (quem traduz traduz algo).

    Resposta: C 

  • Na época EM QUE o poeta esteve preso ...

    O artificialismo A QUE se prendem alguns poetas compromete ...

    A obra DE QUE se fala contém ...

    Os estímulos COM QUE um poeta compõe ...

    Despertam emoções aqueles versos QUE traduzem ...