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ID
1119592
Banca
CEPERJ
Órgão
Rioprevidência
Ano
2014
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

FALTA DE NEUTRALIDADE NA WEB FARÁ INTERNAUTA PAGAR “MAIS PEDÁGIOS”

Após tantos anos de debate, deve ser ?nalmente votado o projeto do Marco Civil da Internet. Ao longo das discussões, tornou-se ainda mais óbvia a importância da internet como meio de expressão social: são 105 milhões de internautas no Brasil e cerca de dois bilhões no mundo.

Um dos pontos básicos do projeto – e o que mais está em risco – refere-se à neutralidade de rede. Parece um conceito reservado apenas à compreensão dos técnicos, distante dos interesses dos tantos milhões de internautas, mas é o oposto. Esta é a chave para a manutenção da internet livre e aberta como tem sido até agora. Se o tratarmos como um tema para experts, sem decifrar este “enigma”, corremos o risco de deixar os detentores da infraestrutura de banda larga (as empresas telefônicas) intervir como quiserem no livre ?uxo de criação de sites e dados, mudando assim o espírito da igualdade dos conteúdos, serviços e negócios inovadores na rede.

Não é tão complicado como parece. Os serviços e redes de telecomunicações funcionam como uma malha de ruas e estradas, por onde trafegam os “carros” (os internautas) por todos os sites disponíveis (conteúdos jornalísticos, de entretenimento, além de serviços como e-mails, redes sociais etc.). As empresas telefônicas cobram dos internautas para trafegarem na internet em diferentes velocidades, de acordo com o plano que cada um quer ou pode pagar.

Segundo pesquisa da Mesuring Information Society, hoje 45% dos lares brasileiros pagam mensalidades a estas empresas de banda larga. Até aí, tudo bem: atualmente, após pagar o “pedágio”, o internauta pode trafegar livremente pelas “estradas” que preferir, com acesso a todos os serviços e conteúdos. A regra da neutralidade de redes garante que as condições de acesso aos sites sejam iguais, sem privilégio a nenhum serviço ou conteúdo. A única limitação é o limite de velocidade contratado.

Mas as empresas telefônicas, além de cobrarem dos usuários pelo limite de velocidade, querem cobrar em função de onde e o que o carro está fazendo, ou seja, querem poder intervir também na navegação dos internautas e na sua liberdade de escolha dos conteúdos, favorecendo os seus parceiros ou os que puderem pagar mais.

Por meio de mudanças aparentemente sutis no texto original do relator, buscam alterar radicalmente o espírito da internet livre. Impor barreiras ou prioridades para o acesso a determinados conteúdos é limitar a liberdade de acesso à informação. É tornar a internet uma rede limitada. Com a neutralidade é possível ao internauta alugar um “carro” com o tamanho e potência de motor que escolher, sendo-lhe reservado o direito de ir e vir. Se o lobby das empresas telefônicas prevalecer, o carro alugado circulará apenas por determinados locais de?nidos por elas, ou então mediante o pagamento de mais pedágios.

Convém não esquecer também de outra questão colocada no Marco Civil, que é a retirada dos conteúdos da internet. Hoje, quem produz e divulga conteúdos responsabiliza-se por eles, inclusive em juízo.

Quando se trata de inserção de conteúdos em plataformas de terceiros, o responsável pela plataforma é obrigado a retirar do ar um conteúdo tão logo receba uma ordem judicial com esta determinação ou, mesmo sem ordem judicial, por violação de suas políticas de uso, como é o caso de conteúdos postados que tenham conotação evidentemente criminosa, como pedo? lia. Mas algumas instituições sugerem a retirada do conteúdo mediante o simples pedido de um interessado, sem que o responsável pela plataforma tenha segurança de estar agindo da forma justa e correta.

É como se a editora de livros fosse obrigada a retirar partes de uma publicação mediante a simples comunicação por um interessado que sequer precisa ter qualquer relação de propriedade intelectual com a matéria publicada. É necessário, neste ponto, aprofundar a discussão dos requisitos mínimos para retirada de um conteúdo antes que passe a vigorar tal dispositivo, de modo a não colocar em risco valores sociais inegociáveis, como a liberdade de expressão.

Espera-se que a Câmara exerça a sua função de forma independente de interesses econômicos desmesurados, de modo que tal lei represente a vontade da sociedade, especialmente dos internautas, em prol da neutralidade. Só assim teremos a proteção de todos contra interferências das operadoras de telecomunicações no conteúdo que acessamos, sejam jornalísticos ou vídeos, redes sociais, e-mails, comércio eletrônico etc. Não vamos deixar que as empresas de telecomunicações restrinjam o desenvolvimento da internet.

EDUARDO F. PARAJO
(Adaptado de http://tecnologia.uol.com.br/)



A estratégia argumentativa utilizada no terceiro parágrafo se sustenta em:

Alternativas
Comentários
  • Fazer analogias é utilizar um situação existente no mundo real para explicar uma outra situação não tão fácil de ser visualizada. No texto, o autor explica o funcionamento de serviços e redes de telecomunicações através da analogia do funcionamento da malha de ruas e estradas, e que os sites na internet são como se fossem "carros", que trafegam por essas ruas e estradas virtuais.


    Alternativa B

  • "Não é tão complicado como parece. Os serviços e redes de telecomunicações funcionam como uma malha de ruas e estradas, por onde trafegam os “carros” (os internautas) por todos os sites disponíveis (conteúdos jornalísticos, de entretenimento, além de serviços como e-mails, redes sociais etc.). As empresas telefônicas cobram dos internautas para trafegarem na internet em diferentes velocidades, de acordo com o plano que cada um quer ou pode pagar".

    O autor do texto faz uma relação de semelhança sobre como é o funcionamento dos serviços e redes de telecomunicações que "funcionam como uma malha de ruas e estradas, por onde trafegam os “carros” (os internautas) por todos os sites disponíveis (conteúdos jornalísticos, de entretenimento, além de serviços como e-mails, redes sociais etc.)". Essa relação serviços x malha de ruas e estradas nada mais é do que uma ANALOGIA, que é uma relação de semelhança entre objetos diferentes. Por isso, letra B o gabarito.

  • Complicado considerar que isto é um argumento, afinal... é apenas uma explicação de cunho técnico: não importa o lado que vc defenda da discussão, esta explicação é necessariamente a mesma. Mas... na explicação é feita uma analogia então esta parece ser a melhor opção.

  • Vandré, observando o texto como um todo, é um argumento sim, pois ele defende o ponto de vista, ainda que de maneira implícita em alguns parágrafos,  que é a neutralidade na internet.

  • dilema - Situação difícil, na qual é preciso escolher entre duas alternativas contraditórias ou antagônicas ou insatisfatórias.

  • b-

    analogia: usa carros para representar pacotes de dados

  • GABARITO: LETRA B

    O autor recorre a uma comparação figurada (analogia) que associa os serviços e redes mantidos pelas empresas de telecomunicação com ruas e estradas e os internautas com os carros, construindo a imagem de trânsito no ambiente virtual.

    LETRA A: ERRADA

    Não há emprego de exemplo histórico. O parágrafo não faz referência a nenhum fato da histórica.

    LETRA C: ERRADA

    Um dilema consiste numa situação dicotômica, cujas opções possíveis são mutuamente excludentes. O parágrafo não relaciona nenhum dualismo de situações, fatos ou ideias em contraste ou conflito como estratégia argumentativa.

    LETRA D: ERRADA

    Não há colisão, choque ou qualquer confronto de ideias no parágrafo. Não há ideia conflituosas entre si ou aparentemente inconciliáveis como estratégia argumentativa.

    LETRA E: ERRADA

    Argumento de autoridade consiste na estratégia argumentativa segundo a qual se invoca (intertextualidade) a ideia, ponto de vista ou tese alheia, de autoria de personalidade reconhecida ou consagrada em determinada área profissional ou do conhecimento, para, assim, robustecer o argumento.

    Por exemplo: segundo Aristóteles, a virtude repousa no meio-termo.

    Intertextualidade é o fenômeno linguístico por meio do qual um texto dialoga com outro, mediante citaçãoparáfrase ou paródia

    FONTE: Professor Fernando Cavalcanti Tec Concursos