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ID
115066
Banca
FCC
Órgão
DNOCS
Ano
2010
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Cultura de massa e cultura popular

O poder econômico expansivo dos meios de
comunicação parece ter abolido, em vários momentos e
lugares, as manifestações da cultura popular, reduzindo-as à
função de folclore para turismo. Tal é a penetração de certos
programas de rádio e TV junto às classes pobres, tal é a
aparência de modernização que cobre a vida do povo em todo o
território brasileiro, que, à primeira vista, parece não ter sobrado
mais nenhum espaço próprio para os modos de ser, pensar e
falar, em suma, viver, tradicionais e populares.

A cultura de massa entra na casa do caboclo e do
trabalhador da periferia, ocupando-lhe as horas de lazer em que
poderia desenvolver alguma forma criativa de autoexpressão;
eis o seu primeiro tento. Em outro plano, a cultura de massa
aproveita-se dos aspectos diferenciados da vida popular e os
explora sob a categoria de reportagem popularesca e de
turismo. O vampirismo é assim duplo e crescente; destrói-se por
dentro o tempo próprio da cultura popular e exibe-se, para
consumo do telespectador, o que restou desse tempo, no
artesanato, nas festas, nos ritos. Poderíamos, aqui, configurar
com mais clareza uma relação de aparelhos econômicos
industriais e comerciais que exploram, e a cultura popular, que é
explorada. Não se pode, de resto, fugir à luta fundamental: é o
capital à procura de matéria-prima e de mão de obra para
manipular, elaborar e vender. A macumba na televisão, a escola
de samba no Carnaval estipendiado para o turista, são
exemplos de conhecimento geral.

No entanto, a dialética é uma verdade mais séria do que
supõe a nossa vã filosofia. A exploração, o uso abusivo que a
cultura de massa faz das manifestações populares não foi ainda
capaz de interromper para sempre o dinamismo lento, mas
seguro e poderoso da vida arcaico-popular, que se reproduz
quase organicamente em microescalas, no interior da rede
familiar e comunitária, apoiada pela socialização do parentesco,
do vicinato e dos grupos religiosos.

(Alfredo Bosi. Dialética da colonização. S. Paulo: Companhia
das Letras, 1992, pp. 328-29)

No segundo parágrafo, o elemento sublinhado na construção

Alternativas
Comentários
  • A CULTURA DE MASSA entra na casa do caboclo e dotrabalhador da periferia, ocupando-lhe as horas de lazer em quepoderia desenvolver alguma forma criativa de autoexpressão;EIS O SEU PRIMEIRO TENTO. Em outro plano, a CULTURA DE MASSAc) eis o seu primeiro tento refere-se à expressão CULTURA DE MASSA.
  • GABARITO: C

    Note o contexto: “A cultura de massa entra na casa do caboclo e do trabalhador da periferia, ocupando-lhe as horas de lazer em que poderia desenvolver alguma forma criativa de autoexpressão; eis o seu primeiro tento. Em outro plano, a cultura de massa aproveita-se dos aspectos...”

    Observe que a primeira intenção (ou tento) da cultura de massa é ocupar as horas de lazer alheias. Em outro plano (ou seja, um segundo intento), ela (a cultura de massa) se aproveita de outro aspecto. Portanto, como a expressão ‘cultura de massa’ é o tema do texto, que se desenvolve a partir das intenções (tentos) dela, podemos dizer que o pronome possessivo ‘seu’, em ‘seu primeiro intento’ tem valor anafórico, isto é, retoma expressão anterior (cultura de massa).

    Só de curiosidade:

    Os pronomes o(s), a(s) assumem as formas lo(s), la(s), após as formas verbais terminadas em “r”, “s” ou “z”, bem como depois da partícula “eis”: “Eis a presente afirmação...= Ei-la...”

    É, nobre colega, essa é a nossa língua... hehehe....
  • O erro está na expressão propiciando-lhe os bens materiais necessários para uma vida digna;