SóProvas


ID
1151143
Banca
INSTITUTO AOCP
Órgão
Colégio Pedro II
Ano
2013
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Empresário, 84 anos. É presidente do banco Cédula. Sobrevivente do Holocausto, escreveu os livros A marca dos genocídios e A marcha.


“Eu não só vi o Holocausto: eu o vivi. E sobrevivi para contar. Fui um dos poucos de uma família de 79 pessoas. Foi em julho de 1941 que os soldados alemães chegaram ao nosso povoado: Secureni, que ficava na então Bessarábia (hoje território da Ucrânia). Não demorou a vir pelos alto- falantes a ordem para que todos os judeus se reunissem na manhã seguinte, na praça próxima ao cemitério judaico. Devíamos levar nossos pertences e mantimentos. Quem não obedecesse seria fuzilado. Começou ali nossa marcha de 1.500 quilômetros - que fizemos sujos, doentes e famintos. Marchar longas distâncias era uma das formas que os nazistas usavam para exterminar os judeus. Aprendemos a aceitar a morte, de tão corriqueira.

Como sobrevivi? Graças aos valentes do povo ucraniano, que correram risco para salvar inocentes. Já em outubro daquele ano, na Ucrânia, minha mãe perdeu as forças em decorrência do tifo, uma doença comum durante a guerra. Conseguimos nos esconder numa vala. Com medo de que fôssemos descobertos, ela me pediu para abandoná-la. A decisão era complicada - me salvar, abandonando-a, ou ficar e correr o risco de ser capturado e morto. Eu fiquei. Ao anoitecer, vimos luzes em um povoado. Batemos numa porta, que foi aberta por uma mulher e sua filha, as duas cristãs. Comovidas com nossa história, elas nos acolheram e ficamos escondidos.

Em setembro de 1941, eu, minha mãe e meu pai passávamos perto de uma floresta. Lembro ainda das trincheiras cavadas e do cheiro de corpos em decomposição. Soldados convocavam homens mais velhos para ajudar na limpeza da estrada. Era mentira. Meu pai foi. Estava magro, com semblante abatido - lembro ainda que conversou alguns minutos com minha mãe. Beijou-me várias vezes e pediu que cuidasse dela. Nunca mais o vi. Foi fuzilado e jogado numa vala comum. Em 1944, depois de o Exército russo libertar os judeus, voltei ao lugar onde ele tinha morrido. Era primavera e tudo florescia na floresta - mas eu só me lembrava do dia cinza de anos atrás. Disse então um kadish, a prece milenar dos órfãos e enlutados judeus, com três anos de atraso.

Mas este não é um depoimento só de tristeza. Hitler quis construir um império de 1.000 anos. Não durou nem 15. Eu pude reconstruir minha vida no Brasil, esta terra abençoada. Minha história é prova de que é possível seguir em frente, mesmo que tenha lembranças tão terríveis como a do Holocausto. Como se faz isso? Vivendo um dia de cada vez, apoiando-se no amor que sentimos por nossa família. Não me esqueci do que passei. Ainda tenho pesadelos. Mas isso não encerrou minha vida. Encontrei o amor, tive meus filhos e reencontrei a alegria. Vim para o Brasil com minha mãe, quando eu tinha 20 anos. Parte de minha família já tinha se estabelecido no Recife e no Rio de Janeiro desde 1906. Escolhi o Rio. Quando cheguei, trabalhei como vendedor ambulante, batendo de porta em porta. Ainda me lembro da primeira venda: um cordão de ouro com uma medalha e um relógio. A dívida era registrada num cartão, com a data da cobrança. Passei 50 anos sem falar nesse assunto. Hoje, penso que tenho obrigação de divulgar as atrocidades cometidas pelos nazistas contra os judeus, ciganos e outros povos. Histórias como a que vivi são uma bandeira para lutarmos por um mundo que respeite as diferenças.”


Considerando as normas gramaticais, assinale a alternativa correta.

Alternativas
Comentários
  • b) m “Quando cheguei, trabalhei como vendedor ambulante...”, o uso da vírgula é obrigatório.


    Bons estudos!

  • "Quando cheguei" - é adjunto adverbial anteposto, o uso da vírgula é obrigatório.

  • Cuidado!

    Essa questão seria passível de recurso.

    Em adjuntos adverbiais curtos (de até três palavras) o uso da vírgula é facultativo.

     

  • Também não entendi esse gabarito.

     

    Estou com Eslei Dias.

  • Nunca que essa vírgula é obrigatória
  • Mais uma questão maluco dessa banca de fundo de quintal.

     

    Gabarito: B

    “Quando cheguei, trabalhei como vendedor ambulante...”, o uso da vírgula é obrigatório.

     

    Na verdade o uso da vírgula é facultativo.

  • Concordo, Raísa, que banca maluca... 

  • Foi por exclusão. 

  • Já é a segunda questão que vejo a banca entender como obrigatório o uso da vírgula para marcar o adjunto adverbial anteposto mesmo quando curto. 

     

    Q837471

    Órgão: MPE-BA

    c) Em “No Brasil as escolas se parecem mais com os bairros...”, é necessário emprego de vírgula após “No Brasil”. (Dada como correta)

  • Gente, pelo amor de Deus... É um verbo seguido de outro, duas orações distintas... Quando cheguei é uma oração subordinada adverbial temporal... Claro que é separada por vírgula... Soa até mal falar dois verbos em sequência sem uma pausa... É tudo questão de bom senso... "Tem que manter isso, viu..."

  • Se fosse um adjunto adverbial "simples" entraria na regra de adj adv curto, e a virgula seria opcional, mas, como se trata de uma oração subordinada adverbial, deve a vírgula é obrigatpiria.

  • b-

    a primeria oacao é subrodinada adverbial temporal, o que deve separar por virgula da oracao principal

  • Para a AOCP apenas 1 termo será facultativo.. a partir de 2 já é obrigatório.

  • Vão no comentário do Cleber-PCERJ
  • O "eu" estar oculto no adjunto adverbial,vírgula obrigátoria na letra B,TEM NADA DE ERRADO.

  • OBS> AOCP COBRA A VÍRGULA OBRIGATÓRIA A PARTIR DE 2 TERMOS!!!!!!

    CASO DE VÍRGULA OBRIGATÓRIA!!!

  • Pessoal, a regra diz o seguinte: quando houver oração subordinada adverbial temporal em ordem deslocada, vírgula obrigatória. Não precisa contar as palavras. Em outros casos, que não seja esse que citei, pode ser facultativa a vírgula, se curto, isto é, duas palavras; obrigatória, se 3 palavras.

    Atentem-se a isso, pois é uma particularidade das adverbiais temporais. Abraços :)

  • Para responder a esta questão, exige-se conhecimento em pontuação e colocação pronominal. O candidato deve indicar a assertiva correta. Vejamos:

    a) Incorreta.

    Em “Vim para o Brasil com minha mãe, quando eu tinha 20 anos.”, o uso da vírgula é obrigatório.

    A oração sublinhada por mim tem valor adverbial temporal e se encontra na sua ordem direta e, por isso, não há necessidade de colocar a vírgula.

    b) Correta.

    Em “Quando cheguei, trabalhei como vendedor ambulante...”, o uso da vírgula é obrigatório.

    A oração sublinhada por mim é um oração subordinada adverbial antecipada e, por isso, deve ser separada por vírgula. O motivo dela está antecipada é porque a posição comum dessas orações é no final.

    c) Incorreta.

    Em “Não me esqueci do que passei.”, a expressão destacada pode ser substituída por “esqueci-me”

    A palavra "não" é um advérbio de negação e , por conseguinte, atrai o pronome obrigatoriamente para trás do verbo. Assim, não é possível a manutenção da posição desse pronome para frente do verbo.

    d) Incorreta.

    Em “... mas eu só me lembrava do dia cinza de anos atrás.”, o termo destacado pode ser substituído por “portanto” sem que haja prejuízo sintático e semântico.

    A conjunção "mas" é de adversidade e "portanto" é de conclusão, assim, causaria mudança semântica a troca entre as conjunções

    e) Incorreta.

    Em “Vivendo um dia de cada vez, apoiando-se no amor que sentimos por nossa família.”, a expressão destacada pode ser substituída por “se apoiando”

    Não poderia colocar o "se" antes do verbo, pois logo após a vírgula não se começa com pronome oblíquo

    Gabarito: B