SóProvas


ID
1151746
Banca
FUMARC
Órgão
CBM-MG
Ano
2013
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                                    ENVELHECER BEM É POSSÍVEL

                                                                                    Anna Veronica Mautner


             A criança passa por dramáticas transformações (andar, falar, conhecer o mundo etc.), mas não tem consciência delas porque lhe falta linguagem para descrevê-las.
            Depois da adolescência, as mudanças continuam, mas com dramaticidade menor.
            Tão marcante em transformações quanto a infância é o envelhecimento. Nessa fase da vida, temos consciência de tudo o que ocorre: perdas físicas e mentais.
            Comecemos falando da reação aos imprevistos. Por que velho tropeça e cai tanto? Porque a reação ao susto e o reflexo para evitar o perigo são mais lentos.
            Falemos agora da memória, essa capacidade madrasta cuja falta castiga o idoso. Demoramos para lembrar seja lá o que for e a conversa fica entrecortada de silêncios, quase soluços.
            O conteúdo que, em primeiro lugar, mergulha nas sombras do esquecimento são os nomes próprios; mais uns anos e substantivos comuns também se embaralham.
            O curioso é que os adjetivos não somem. Aparecendo o nome, sua qualidade ou quantidade vem junto, dos fundos da memória. O nome está em algum lugar, em algum tempo, de algum jeito. Se o substantivo emerge, traz consigo as associações.
            Os verbos não somem, mas as ações deixam de ser desempenhadas. Se o verbo desaparecer, a incomunicabilidade irá se instaurar.
            Envelhecer é perder: seja clareza, seja acuidade auditiva ou visual, velocidade de resposta física ou de linguagem, memória.
            Aí vem aquela história: velho esquece o agora e lembra o mais antigo. Não há nenhum mistério nisso. É que o antigo já se transformou em imagem e a imagem reaviva as sensações. Quase nada é inconsciente, pois envelhecer é viver as mudanças diárias.
            Sentimos a presença das mudanças. Se causam amargura, é pela não aceitação. E, se não aceitarmos que já não somos o que éramos, o nosso contato com o mundo aqui e agora fica prejudicado.
            Assim como é natural o ser humano se transformar ininterruptamente, em boa velocidade, do nascimento à puberdade, é natural envelhecer, com lentas perdas no início e mais rápidas depois.
            Aceitando que viver é assim, permanente transformação, podemos sorrir diante de perdas e transmitir (até com humor) a quem nos rodeia que estamos presentes, acompanhando o processo.
            Nada de dizer que a terceira idade é maravilhosa. Nada disso. Perder não é bom. Mas alguns conseguem ir perdendo sem muita amargura, porque acompanham as transformações dos que ainda estão ganhando.
            É a alegria do avô diante do neto. Há na atitude de acompanhar o que já tivemos no passado doses de aceitação e generosidade. Podemos ajudar. Nossa sabedoria funciona como conforto para quem está só começando.
            O olhar bondoso do idoso diante do tatibitate do nenê é sabedoria. O velho vislumbra o caminho que o bebê irá seguir. Não é um reviver nem um renascer: é uma memória.


                                                                                                Folha de São Paulo, 05 mar. 2013.


A posição do pronome oblíquo destacado é facultativa em

Alternativas
Comentários
  • A - Facultativo, pois não tem atrativo

    B - é advérbio de tempo

    C - Quem é pronome

    D - Porque é advérbio de causa

  • Usamos a próclise nos seguintes casos:

    (1) Com palavras ou expressões negativas: não, nunca, jamais, nada, ninguém, nem, de modo algum.

    (2) Com conjunções subordinativas: quando, se, porque, que, conforme, embora, logo, que.

    (3) Advérbios.

    OBS: Se houver vírgula depois do advérbio, este (o advérbio) deixa de atrair o pronome.

    - Aqui, trabalha-se.

    (4) Pronomes relativos, demonstrativos e indefinidos.

    (5) Em frases interrogativas.

    (6) Em frases exclamativas ou optativas (que exprimem desejo).

    (7) Com verbo no gerúndio antecedido de preposição EM.

    Ex: Em se plantando tudo dá.

  • Explicação medíocre do professor, ele poderia explicar não só a alternativa correta, mas também os erros das outras alternativas, sempre bom para vermos se nosso raciocínio nas opções apresentadas está coerente.

  • Em caso de sujeito expresso torna-se facultativo o uso da próclise ou da ênclise .

  • Usa-se PRÓCLISE com:

    IRRESIGNADO

    (I) - Pronomes indefinidos. (tudo, nada, ninguém, qualquer, nenhum) Ex: Nada me interessa.

    (R) - Pronomes relativos. (que, o qual, quem, onde, quanto, cujo) Ex: Esta é a casa onde me encontro.

    (E) - Frases exclamativas (!) Ex: Macacos me mordam!

    (S) - Conjunções subordinadas. (que, se, como, quando, assim que, para que, já que, embora) Ex: Quando te vi, fiquei feliz.

    (I) - Frases interrogativas (?) Ex: Quem te falou isso?

    (G) - Gerúndio precedido de "em". Ex: Em se tratando de política

    (N) - Palavras de sentido negativo. (não, nunca, nada, ninguém, nem, jamais, tampouco, sequer etc.) Ex: me abrace.

    (A) - Advérbios curtos, sem vírgula. (já, agora, talvez, só, somente, apenas, ainda, sempre,) Ex: Hoje te vi.

    (D) - Pronomes demonstrativos.  (isso, isto, aquilo, este, esse) Ex: Isto me interessa.

    (O) - Frases optativas (Exprimem desejo). Ex: Deus te abençoe/ PMMG me ame.