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ID
1165192
Banca
FUNDEP (Gestão de Concursos)
Órgão
CAU-MG
Ano
2014
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                                                           A Sustentável Leveza do Ser



    Brasília é fruto do apogeu do processo criativo de Niemeyer, aquele em que a originalidade superou a teoria e os dogmas de uma escola arquitetônica, permitindo a ele atingir o patamar de arte, com obras que vão ficar para sempre dialogando com as gerações. Arte que faz sentir e faz pensar, que deixa uns perplexos e outros embriagados de prazer estético, arte que produz no observador ansiedade, temor e hostilidade. A Brasília de Niemeyer está longe de ser unanimidade, mas, como o autor de seus prédios, não deixa ninguém indiferente. [...]
    Como ocorreu em Brasília, a Pampulha fora encomendada do amigo e então prefeito da capital mineira, Juscelino Kubitschek. O futuro presidente desenvolvimentista encontrou seu arquiteto na Pampulha. Seu arquiteto encontrou na Pampulha um estilo. Juntos, e depois na companhia do urbanista Lúcio Costa, estruturaram o modernismo brasileiro, que romperia com o passado colonial e barroco do País. Eles desenharam não apenas uma cidade, mas uma nação, resultado de uma aventura rumo ao centro-oeste que exigiu uma visão de mundo corajosa e ousada, como a que levou o homem às grandes navegações e à conquista do espaço.
    A obra de Niemeyer foi idealizada para flutuar. Para vencer a gravidade, o traço do arquiteto expresso em concreto conseguiu “traduzir em espaços a vontade de uma época” na definição de seu colega alemão Mies van der Rohe. Niemeyer traduziu a vontade de alguns brasileiros de fazer um país maior do que o Brasil. [...] Em Le Corbusier, Niemeyer encontrou a interseção da política com a arquitetura. Corbusier pregava a funcionalidade máxima: a forma deveria subordinar-se à função. A “Carta de Atenas”, manifesto urbanístico redigido pelo franco-suíço em 1933, defendia uma cidade funcional, na qual deveriam predominar a austeridade, a simplicidade, a lógica e a separação dos espaços de trabalho e lazer. A contrapor-se à turma de Le Corbusier, havia os organicistas do americano Frank Lloyd Wright, para os quais todo edifício, tal qual um organismo vivo, embora funcional, precisa crescer a partir de seu meio, do que já existe. Niemeyer, que na questão ideológica era discípulo do europeu, dizia que: “A vida pode mudar a arquitetura. No dia em que o mundo for mais justo, ela será mais simples”. Ele escapou de ser um mero seguidor da escola de Le Corbusier por acrescentar à equação dele a beleza. A forma deveria, sim, servir à função desde que ambas criassem beleza. [...] À retidão das linhas do mestre, o brasileiro agregou a curva, que deixava loucos os calculistas escolhidos para enfrentar o desafio de construir a paradoxal leveza feita de concreto e ferro. [...]
    Uma geração de arquitetos que hoje dominam a cena internacional diz ter bebido na fonte de Oscar Niemeyer. Muitos foram influenciados pela arquitetura que se fez arte. Todos os edifícios de Niemeyer, os públicos e os residenciais, marcam as cidades onde foram erguidos. De tão fortes seu esplendor e originalidade, as criações arquitetônicas de Niemeyer teriam, na visão de muitos, tido um efeito congelante sobre a arquitetura brasileira. Quem não podia ter um Niemeyer encomendava um sub-Niemeyer, no tocante à sua exigência de extraordinária beleza e aos complexos avanços da engenharia. [...]


                                                                                        Veja. 12/12/2012. pp. 129-136 (texto adaptado)

Assinale a alternativa em que a nova redação do trecho transcrito CONTÉM ERRO de concordância.

Alternativas
Comentários
  • Resolução das alternativas:

    A) Errada - Haja vista que [...] o autor de seus prédios, não deixam ninguém indiferente [...]. "Pergunta-se ao verbo: Não deixa quem indiferente? O autor. O correto seria: [...] o autor de seus prédios, não deixa ninguém indiferente [...]".

    B) Correta - Uma vez que [...] deveriam predominar [...] e deveria predominar, respectivamente, enquanto o primeiro concorda com os núcleos do sujeito (a austeridade, a simplicidade, .... e lazer), o segundo concorda com o núcleo mais próximo da forma verbal (a austeridade). Em outras palavras, ambos os casos estão corretos, podendo ficar tanto no plural, como no singular.

    c) Correta - Pois, “Todos os edifícios de Niemeyer, os públicos e os residenciais, marcam as cidades [...].” Todo edifício de Niemeyer – seja público, seja residencial – marca as cidades [...]. Quando o sujeito é formado por um pronome indefinido no plural (Todos), a forma verbal faz concordância com o pronome indefinido (marcam), e caso esteja no singular (todo) o verbo ficará no singular (marca).

    d) Correta - “Uma geração de arquitetos que hoje dominam a cena internacional [...].” Uma geração de arquitetos que hoje domina a cena internacional [...].” Em ambos os casos há expressões partitivas (uma geração de ...), o verbo concorda com a expressão ou com o substantivo no plural (arquitetos).

  • b) Defendia uma cidade funcional, na qual deveriam predominar a austeridade, a simplicidade, a lógica e a separação dos espaços de trabalho e lazer. Concordância rígida.

    Defendia uma cidade funcional, na qual deveria predominar a austeridade, a simplicidade, a lógica e a separação dos espaços de trabalho e lazer. Concordância atrativa.

  • O caso da Letra B é de sujeito composto posposto ao verbo, o que aceita concordância lógica ou atrativa.